Publicado em 28 de maio de 2020 às 07:38
O ministro da Justiça, André Mendonça, criticou a ação autorizada nesta quarta-feira (27) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes contra empresários e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). >
Mendonça afirmou que é garantido a todos "o inalienável direito de criticar seus representantes e instituições de quaisquer dos Poderes" e a "ampla imunidade" de parlamentares por suas "opiniões, palavras e votos".>
"Intimidar ou tentar cercear esses direitos é um atentado à própria democracia", afirmou Mendonça em nota divulgada após a ação.>
Policiais buscaram nesta quarta-feira (27) provas nos endereços do ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, do dono da Havan, Luciano Hang, de ativistas bolsonaristas nas redes sociais e de assessores do deputado estadual paulista Douglas Garcia (PSL). Entre os alvos estavam os bolsonaristas Allan dos Santos (blogueiro) e Sara Winter (ativista).>
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O principal foco da operação é um grupo suspeito de operar uma rede de divulgação de notícias falsas contra autoridades, além de quatro possíveis financiadores dessa equipe. O inquérito é relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a operação.>
Oito parlamentares são investigados, mas não houve mandados para recolhimento de material em seus endereços.>
O jornal Folha de S.Paulo mostrou que o governo Jair Bolsonaro estuda reagir e entrar com uma medida no Supremo para questionar o inquérito das fake news.>
A principal ideia discutida por auxiliares do presidente até agora é de ingressar com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) para contestar a legalidade da investigação.>
O governo avalia que tem havido abuso na condução do inquérito.>
Quando esteve à frente da Advocacia-Geral da União (AGU), que representa o governo, Mendonça deu pareceres favoráveis à continuidade do inquérito, cuja constitucionalidade é questionada em ações no próprio Supremo e na Justiça Federal de primeiro grau em Brasília.>
No entendimento da AGU, o ministro Alexandre de Moraes, que preside a investigação, não será o responsável por denunciar e julgar os suspeitos, o que assegura a separação entre as funções prevista na Constituição.>
"Não há qualquer indício de que essa corte [STF] teria a pretensão de oferecer denúncia criminal. O que está em curso consiste apenas em fase prévia, de cunho investigativo [...] A privatividade na promoção da ação penal pública pelo Ministério Público resta, assim, preservada", sustentou o órgão.>
Na nota, Mendonça diz que "por dever de ofício imposto pela Constituição", defendeu em 2019 a constitucionalidade do inquérito conduzido por Moraes. Ele disse, contudo, que "em nenhum momento" se manifestou ao mérito da investigação.>
"Na qualidade de ministro da Justiça e Segurança Pública, defendo que todas as investigações sejam submetidas às regras do Estado Democrático de Direito, sem que sejam violados pilares fundamentais e irrenunciáveis da democracia", pediu Mendonça.>
Mendonça ainda fez questão de frisar que a ação da PF que cumpriu mandados em endereços ligados a apoiadores do presidente ser deram "no estrito cumprimento de ordem judicial".>
Após a ação da PF, o presidente Bolsonaro relatou a aliados um temor de que seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), vereador no Rio, torne-se o próximo alvo de uma operação do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga o esquema de fake news.>
A Folha de S.Paulo mostrou no dia 25 de abril que as investigações identificaram indícios dele no esquema de notícias falsas. O inquérito busca elementos que comprove sua ligação e sustente seu possível indiciamento dele ao fim das apurações.>
O ministro Alexandre de Moraes determinou medidas contra políticos, empresários e ativistas bolsonaristas e citou a suspeita de participação do chamado gabinete do ódio - grupo de servidores lotados na Presidência da República - numa estrutura de disseminação de notícias falsas.>
No Planalto, ministros e aliados do presidente classificaram a operação desta quarta como "ilegal" e "despropositada" .>
O inquérito também foi alvo de debate entre Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro. As mensagens foram apresentadas por Moro ao Jornal Nacional, da TV Globo.>
Na conversa, Bolsonaro envia a Moro uma matéria do site O Antagonista intitulada "PF na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas". Em seguida, o mandatário escreve: "Mais um motivo para a troca", se referindo à sua intenção de tirar Maurício Valeixo do comando da corporação.>
As mensagens são parte da investigação da suposta interferência do presidente na PF.>
Enquanto os policiais estavam nas ruas, Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada logo cedo e seguiu para o hospital onde o presidente do STF, Dias Toffoli, está internado.>
Segundo relatos feitos à Folha de S.Paulo , tratou-se de uma visita de cortesia. Bolsonaro já havia manifestado interesse em visitar o ministro, mas aguardava permissão da equipe médica. A visita durou menos de meia hora.>
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