Publicado em 25 de junho de 2020 às 09:12
Ainda longe da meta de testar 22% da população, o Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (24) que passará a ofertar testes também para pacientes com sintomas leves em centros de atendimentos à Covid-19 e que passará a considerar o diagnóstico clínico também como critério para confirmação de casos. >
As medidas fazem parte de uma nova versão do programa Diagnosticar para Cuidar, que já havia sido lançado em maio com dois eixos específicos e previa ofertar 46 milhões de testes para o novo coronavírus.>
Deste total, porém, só 11,3 milhões já foram distribuídos aos Estados.>
Segundo o ministério, a meta está mantida, mas deve haver mudança no tipo de teste que será usado.>
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Até então, o programa previa usar 24,5 milhões de testes do tipo RT-PCR (que verificam a presença de material genético do vírus em amostras respiratórias), e 22 milhões de testes rápidos (que verificam a presença de anticorpos a partir de amostras de sangue).>
Agora, entre esse último grupo, 12 milhões devem ser substituídos por testes sorológicos Elisa, feitos em laboratório --a pasta não apresentou um cronograma de entrega.>
Outra mudança deve ser um aumento na oferta de testes para casos leves.>
"Hoje a testagem é concentrada em 100% de casos internados. Pensando na população, no avanço da doença e na oportunidade de testar pessoas no interior do país, estamos expandindo essa testagem para unidades sentinelas e para nos centros de atendimento de Covid coletarem 100% de [amostras de] pacientes com síndrome gripal", afirmou o secretário de vigilância em saúde, Arnaldo Correia de Medeiros.>
Questionada, a pasta não informou quantos centros de atendimento à Covid devem permitir a coleta. Segundo a equipe do ministério, unidades básicas de saúde podem se credenciar como centros de atendimento à Covid.>
As amostras devem ser levadas para laboratórios da rede pública e centros de diagnóstico vinculados à rede Dasa e Fiocruz.>
Além do novo modelo de testes, o ministério também anunciou uma ampliação nos critérios usados para confirmação de casos de Covid-19 no país.>
Na prática, a medida passa a permitir que casos sejam confirmados e notificados também por diagnóstico clínico, ou seja, por análise do médico feita a partir dos sintomas e histórico do paciente.>
Esse modelo já era adotado em alguns estados, mas não havia uma regra única para o país.>
Ao todo, serão cinco critérios para confirmação de casos: 1) laboratorial, 2) clínico-epidemiológico, 3) clínico por imagem, 4) clínico e 5) laboratorial em indivíduo assintomático, como profissionais de saúde e outros grupos mais expostos ao risco de infecção.>
No primeiro, laboratorial, a confirmação permanece como é hoje, por meio da oferta de exames.>
Já o critério clínico-epidemiológico utiliza como referência o histórico de contato próximo com pessoas que tiveram diagnóstico confirmado para a Covid em testes realizados.>
O critério clínico por imagem usa casos em que não foi possível confirmar ou descartar o caso por meio de testes, mas que há alteração em exames de tomografia do pulmão, por exemplo.>
A confirmação clínica ocorre quando não foi possível aplicar testes, mas o paciente apresenta sintomas suspeitos, sem outra causa pregressa para isso. "Sabemos que há muitos casos de pacientes que perdem o olfato, mas não tem relação com a síndrome gripal ou síndrome respiratória agua grave", explica Medeiros, sobre um dos sintomas frequentes.>
A pasta define síndrome gripal como o quadro respiratório caracterizado por pelo menos um ou mais sintomas, como febre, calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza e alteração no olfato e paladar.>
Segundo o ministério, com a mudança, esses casos também podem ser confirmados para o coronavírus por meio do diagnóstico clínico e avaliação epidemiológica.>
"O ministério considera o padrão ouro sempre o padrão laboratorial. Mas, na impossibilidade, essas outras opções estão disponíveis", disse Eduardo Macário, diretor da pasta.>
Ele nega que haja uma substituição da decisão de aplicação de testes por esses critérios e atribui a decisão à necessidade de um direcionamento para a rede.>
Questionado sobre o atraso na oferta de testes, o secretário Arnaldo Medeiros admitiu problemas na previsão anterior.>
"Houve uma época em que não tínhamos disponibilidade de tubos e swabs. Fomos vencendo etapas e hoje temos condições de avançarmos na testagem da nossa população", afirmou ele, que evitou citar prazos e falou apenas em ampliar "nos próximos meses".>
Até o momento, foram aplicados 1,4 milhão de testes de RT-PCR no país, sendo 860 mil na rede pública e o restante na rede privada. Para especialistas, a baixa oferta de testes leva a subnotificação e dificulta o controle da epidemia.>
Greice Madeleine, diretora-substituta do departamento de articulação e estratégia de vigilância em saúde do ministério, afirma que a ampliação da testagem e de critérios de confirmação dos casos devem ajudar em decisões sobre o isolamento de casos e possíveis contatos.>
"Quando fazemos o diagnóstico de um caso leve, ou seja, de síndrome gripal, de uma pessoa diagnosticada por critério laboratorial, isso facilita que adote a política de isolamento para prevenir novos casos. E que restrinja a transmissão da doença", disse.>
Para Medeiros, a mudança também permite acelerar o tratamento em fase inicial. Não há, porém, nenhum medicamento específico para a Covid com comprovação de eficácia até o momento.>
O secretário-executivo do ministério, Antonio Elcio, chegou a afirmar no início da coletiva de imprensa que a cloroquina e hidroxicloroquina têm se provado eficazes no tratamento precoce da Covid-19 - até o momento, porém, não há estudos consolidados que apontam esse resultado.>
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