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Sesa diz que testes ficam prontos em 36h, mas pacientes aguardam semanas

Sesa diz que testes ficam prontos em 36h, mas pacientes aguardam semanas

Segundo a Secretaria de Saúde do Espírito Santo, o tempo de espera para liberação dos exames diminuiu com a normalização do abastecimento dos kits de extração

Publicado em 22 de junho de 2020 às 17:54

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Lacen-ES: exames de coronavírus já estão sendo feitos no Estado. Antes, coletas eram enviadas para o Rio de Janeiro
Lacen-ES: laboratório realiza testagem do coronavírus no Estado. (Divulgação)
Sesa diz que testes ficam prontos em 36h, mas pacientes aguardam semanas

Em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira (22) pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, e pelo subsecretário de vigilância em saúde, Luiz Carlos Reblin, foi dito que o tempo que o Lacen, laboratório de referência estadual para análises, tem demorado para liberar os exames que detectam a infecção pela Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, diminuiu. De acordo com as autoridades, o novo tempo de devolução do resultado é de 24 horas até 36 horas.

Segundo Reblin, foi possível, na fase atual de diagnósticos, a normalização do abastecimento dos kits de extração. "Estes kits são insumos necessários para retirar o material genético de dentro do material coletado de cada paciente, para depois levar para a realização do exame. Ele estava com desabastecimento no país e nós conseguimos essa normalização. E o Lacen, do meio da semana anterior para esta semana, conseguiu entrar no ritmo de normalização dos resultados, obviamente com priorização dos casos de internados, que precisam que haja um resultado mais rápido que os demais", iniciou.

Além dos pacientes internados, o subsecretário afirmou que também são prioritários os resultados dos pacientes que morreram em decorrência da doença, além de outras prioridades definidas em função do risco potencial de instalação de um surto. "É o caso, por exemplo, dos institutos de longa permanência, que acolhem pessoas idosas. Também quando há caso suspeito e foi coletado material, há prioridade. E nesta prioridade estamos trabalhando com duas vertentes de tempo de devolução do resultado: de 24h até 36h", explicou.

Apesar da garantia da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), na prática, algumas pessoas relataram demora na disponibilização dos resultados dos exames que atestam a Covid-19. Uma delas foi a empresária Bryce Caniçali Xavier da Costa, de 36 anos, cujo pai, Walter Xavier da Costa, de 85 anos, faleceu no dia 1 de junho, vítima do coronavírus. Mesmo com os indícios da doença e com a coleta do material para exame, o resultado que confirmava a infecção pelo vírus só saiu na última sexta-feira (19).

Bryce e o pai Walter, vítima da Covid-19
Bryce e o pai Walter, vítima da Covid-19. (Arquivo da família)

QUASE UM MÊS

Segundo Bryce, o pai teve sintomas, passou mal, e no dia 24 de maio internou pelo plano de saúde. "Mesmo com a idade avançada e o quadro piorando, o plano demorou para liberar UTI. Ele foi então entubado no dia 25 e no dia 26 foi para a UTI, onde ficou por 7 dias. No dia 1 de Junho veio a óbito. Desde a internação já houve material coletado para o teste da Covid, mas meus irmãos só conseguiram pegar o resultado na última sexta (19), apesar de ligar todos os dias para tentar pegar o resultado. Na certidão de óbito do meu pai não há indicação da doença, mas sim de insuficiência respiratória", contou.

Apesar do atraso, Bryce afirmou que Walter foi, a todo o tempo, tratado como paciente da Covid-19. "Então, no caso dele, apesar da demora do plano para liberar a UTI, ele foi tratado como deveria para o caso, isso nem todo mundo tem. Um conhecido daqui, por exemplo, foi cinco vezes no posto de saúde e mandaram para casa sem testar, até que já foi internado grave", relatou.

COMERCIANTE DE CARIACICA

Situação parecida ocorreu com Fábio Brito, empresário de 37 anos, dono de uma hamburgueria, que morreu com a suspeita da Covid-19. O caso dele, que morreu após 14 dias dos exames que confirmariam a doença, continua até esta segunda-feira (22) sem resultado definitivo, mas apenas conta com resultado de testagem rápida, que deu positivo.

Fabio Brito e a esposa, Betânia Emerich
Fabio Brito e a esposa, Betânia Emerich. (Reprodução / Facebook)

De acordo com Betânia Emmerich, esposa do Fábio, logo ao terem sido iniciados os sintomas, ele foi para o Pronto Atendimento de Nova Rosa da Penha, em Cariacica. "Ele ficou em isolamento, tomando azitromicina e xarope com corticoide. Deu negativo para a dengue e foi então fazer o teste da Covid, que poderia levar até 15 dias. A febre começou a ficar muito alta, chegando aos 40 graus. Ele perdeu olfato e o paladar, os sintomas foram aparecendo, com falta de ar, etc. Só não teve diarréia. Como morávamos em Campo Grande, o melhor UPA é o do trevo de Alto Lage, onde ele chegou a ir uma vez", contou.

Ainda segundo Emmerich, foi constatada pneumonia aguda e Fábio não tinha forças. "Mesmo assim, voltamos para casa. O médico passou remédio para abaixar a carga viral, mandou fazer nebulização. No dia 4, às 5h, fomos direto para o Jayme. Não estavam aceitando internação direta, só encaminhamento, então fomos para a UPA de Castelândia, onde ele imediatamente foi para a internação, recebendo oxigênio. No dia 6, foi transferido para o Jayme, entrou com entubação e coma induzido. Só no hospital tivemos confirmação da Covid, por teste rápido. Outros parentes também testaram positivo, mas só o Fábio desenvolveu sintomas mais graves".

POSICIONAMENTO DA SESA

A respeito do atraso para divulgação dos resultados de exame, a coordenação do Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES) informou, por meio de nota, que desde a última semana o tempo de resposta da testagem das amostras é de até 48 horas, e que a investigação de óbitos é classificada como uma das prioridades para testagem. Atualmente, a capacidade de testagem do laboratório está em uma média de 1.200 testagens. Confira na íntegra:

"O Lacen esclarece que devido a dificuldade que o Estado enfrentou na compra de kits de reagentes específicos para extração do RNA viral da amostra, por conta da grande procura mundial, o tempo resposta havia se estendido. Mas no esforço para zerar a demanda reprimida, além da busca por kits reagentes, seis equipamentos VERI-Q, que possuem um sistema confirmatório rápido e compacto de identificação do SARS-COV-2 (novo Coronavírus) pela metodologia de RT-qPCR e estão destinados às testagens de pacientes internados em hospitais de referências foram adquiridos pelo Lacen no início do mês. Os equipamentos processam 72 amostras a cada duas horas, totalizando 600 a 700 amostras por dia, as quais somadas à capacidade diária atual de processamento. Vale ressaltar que as análises no Lacen são realizadas sete dias na semana, 24 horas por dia".

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