Publicado em 14 de junho de 2020 às 19:29
Com tempo frio e garoa, São Paulo registrou protestos esvaziados neste domingo (14), tanto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como a favor dele. Os opositores se reuniram na avenida Paulista e somaram cerca de mil pessoas, segundo a Polícia Militar. Do lado dos apoiadores, cem pessoas, de acordo com a PM, se manifestaram no Viaduto do Chá.>
Sob gritos de "fora, Bolsonaro" e com a presença da presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), o ato contra o presidente começou a se deslocar pela avenida Paulista por volta das 15h.>
O protesto teve início no Masp e se deslocou sentido Paraíso. A dispersão ocorreu pouco após as 16h, na Praça Oswaldo Cruz. Embora todos os manifestantes usassem máscaras, houve aglomeração, especialmente no encerramento do ato, o que contraria as orientações contra o coronavírus.>
Além de Gleisi, estiveram presentes o pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Jilmar Tatto, e Guilherme Boulos (PSOL), que integra a Frente Povo Sem Medo, uma das organizadoras do ato, e também pode ser candidato a prefeito neste ano.>
>
Após o Ministério Público pactuar um revezamento da av. Paulista entre manifestantes pró e contra Bolsonaro, ficou acertado que o local seria exclusivo dos movimentos de oposição neste domingo ?como foi exclusivo dos apoiadores no domingo passado.>
Uma decisão judicial proibiu que atos contrários simultâneos ocorram no mesmo local, depois que apoiadores e opositores se enfrentaram na av. Paulista no último dia 31.>
Os apoiadores do presidente realizaram ato no viaduto do Chá, na região central da capital, com carros de som com bandeiras do Brasil e mensagens contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).>
As duas manifestações foram pacíficas e sem incidentes graves, segundo a Polícia Militar. Na av. Paulista, porém, um policial sem identificação empurrou pelas costas um repórter do UOL enquanto ele gravava um princípio de tumulto entre três jovens identificados como neonazistas e manifestantes contrários a Bolsonaro.>
Pouco antes do ato contra Bolsonaro, uma senhora vestida de verde-oliva levou uma faixa "SOS FFAA [Forças Armadas]" para a frente da Fiesp, na av. Paulista, mas foi orientada por policiais a deixar o local.>
Na região do Viaduto do Chá, a PM deteve três homens, no total, por portarem faca, bastão retrátil e uma arma conhecida como nunchaku.>
O policiamento foi reforçado para os protestos ?mais de 4.300 policiais foram escalados. No último domingo, a PM dispersou uma minoria de opositores de Bolsonaro com bombas de gás depois que o ato já havia sido encerrado.>
Na avenida Paulista, a manifestação teve público menor do que o visto no Largo da Batata no domingo passado, de 3.000 pessoas segundo a PM.>
Com isso, houve maior distanciamento entre os presentes, que ocuparam pouco mais de um quarteirão ?ainda assim a maioria dos manifestantes desrespeitou a orientação de não se aglomerar.>
O protesto reuniu movimentos negros, torcidas organizadas, movimentos feministas, a Frente Povo sem Medo, a Central de Movimentos Populares, a UNE, o MTST, a militância do PT e de partidos de esquerda menores, como PSTU e PCO.>
As faixas e cartazes protestavam contra o racismo, o fascismo e o governo Bolsonaro. Uma faixa de cem metros verde e amarela estampava "Fora, Bolsonaro. Sua gripezinha já matou 40 mil".>
Houve gritos de "Bolsonaro vai tomar no c." e "miliciano vai pra casa do c.", além de críticas à Polícia Militar.>
O movimento Somos Democracia, de torcidas organizadas, soltou gás colorido azul e amarelo. Também houve rojões e sinalizadores, comuns em estádios de futebol.>
Das varandas e janelas, moradores demonstraram apoio à manifestação com palmas. Em menor número, houve gritos contrários.>
Vestindo uma camisa da Gaviões da Fiel e uma máscara vermelha com "fora, Bolsonaro", Gleisi afirmou que quis comparecer à manifestação para conversar com as pessoas e ver a mobilização. Ela disse que o PT apoia os atos de rua, mas ressaltou que cuidados devem ser tomados, como o uso da máscara.>
"É importante para mostrar que há resistência nas ruas. Que as pessoas querem enfrentar a escalada autoritária", disse.>
Pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Tatto afirmou que a manifestação foi importante para demonstrar indignação. "Não pode ficar só a fotografia dos apoiadores aos domingos. Dava a impressão de que não tinha oposição. O Brasil não tem solução com Bolsonaro na Presidência", disse.>
Boulos afirmou que o objetivo dos atos é resgatar a rua para quem luta pela democracia e mostrar resistência. "Não vamos levar milhões às ruas no meio da pandemia", avaliou.>
No viaduto do Chá, a manifestação a favor da Bolsonaro foi tímida. Cerca de 50 pessoas estavam reunidas na frente do prédio da prefeitura da capital, e se manifestavam principalmente contra o governador João Doria.>
Até as 16h, o ato foi pacífico e acompanhado por policiais militares. Muitos dos manifestantes não usavam máscara.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta