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Coronavírus: ordem no Ministério da Saúde é ignorar falas de Bolsonaro

Coronavírus: ordem no Ministério da Saúde é ignorar falas de Bolsonaro

A leitura é de que o presidente tenta se afastar de responsabilidades na crise envolvendo a pandemia do coronavírus para jogar no colo de Mandetta e dos governadores os efeitos negativos na economia

Publicado em 3 de abril de 2020 às 15:40

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Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta
Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta tem posição diferente da de Bolsonaro quanto ao combate ao novo coronavírus. Presidente ignora protocolos de saúde pública por temer revés econômico. (Isac Nóbrega/PR)

As declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) enquadrando o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, não surpreenderam a equipe da pasta.

Segundo auxiliares do ministro ouvidos pelo jornal "O Estado de S. Paulo", a leitura é de que o presidente tenta se afastar de responsabilidades na crise envolvendo a pandemia do coronavírus para jogar no colo de Mandetta e dos governadores os efeitos negativos na economia.

A ordem interna é não rebater e seguir o trabalho de combate à covid-19, a exemplo do que tem feito o próprio ministro. Demissão também está fora do horizonte de Mandetta e de sua equipe, exceto se Bolsonaro mandar.

Após dias contrariando publicamente as orientações do ministro sobre a melhor forma de evitar a propagação do vírus, o presidente disse nesta quinta-feira (02) que falta “humildade” ao ministro e, embora tenha afirmado que não pretende dispensá-lo “no meio da guerra”, ressaltou que ninguém é “indemissível” em seu governo.

PROTAGONISMO DO MINISTRO INCOMODA

O protagonismo do auxiliar diante da crise envolvendo a pandemia do coronavírus já vinha incomodando o presidente há algum tempo.

“O Mandetta já sabe que a gente está se bicando algum tempo. Eu não pretendo demitir o ministro no meio da guerra. Agora, ele é uma pessoa que em algum momento extrapolou. Eu sempre respeitei todos os ministros, o Mandetta também. Ele montou o ministério de acordo com sua vontade. Eu espero que ele dê conta do recado”, disse Bolsonaro em entrevista à rádio Jovem Pan.

Questionado sobre as declarações, Mandetta respondeu: "Trabalho, lavoro, lavoro", repetindo a palavra que significa "trabalho" em italiano.

As críticas de Bolsonaro ao trabalho da pasta já não têm o mesmo impacto. A avaliação interna no ministério é de que o presidente deve cessar os ataques quando "a realidade se impuser", possivelmente quando for registrado o pico de casos da covid-19 no País. Segundo estimativas da Saúde, isso deve ocorrer ainda em abril.

A principal divergência entre Bolsonaro e Mandetta é sobre a questão do isolamento social. Enquanto o presidente defende flexibilizar medidas como fechamento de escolas e do comércio para mitigar os efeitos na economia do país, permitindo que jovens voltem ao trabalho, Mandetta tem mantido a orientação para as pessoas ficarem em casa.

A recomendação do ministro segue o que dizem especialistas e a Organização Mundial de Saúde (OMS), que consideram o isolamento social a forma mais eficaz de se evitar a propagação do vírus.

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