> >
‘Combate à corrupção não é prioridade do governo Bolsonaro’, diz Moro

‘Combate à corrupção não é prioridade do governo Bolsonaro’, diz Moro

Segundo ex-ministro, tentativa do presidente de interferir na Polícia Federal foi apenas a gota d’água para pedido de demissão

Publicado em 30 de abril de 2020 às 22:40

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, fala a imprensa sobre seu pedido de demissão do cargo
Sergio Moro no dia em que anunciou sua demissão do governo. (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, afirmou à revista Veja que ‘o combate à corrupção não é prioridade do governo Bolsonaro‘. Ao deixar o cargo, o ex-juiz da Lava Jato acusou o presidente de tentar interferir no comando da Polícia Federal para obter relatórios sigilosos de investigações. Segundo Moro, essa teria sido apenas a gota d’água.

Nesta quinta (30) o ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, determinou ao ex-ministro que preste depoimento perante a Polícia Federal para apresentar provas de suas acusações. Em entrevista, Moro afirma que as apresentaria ‘no momento oportuno, quando a Justiça solicitar’.

“Sinais de que o combate à corrupção não é prioridade do governo foram surgindo no decorrer da gestão. Começou com a transferência do Coaf para o Ministério da Economia. O governo não se movimentou para impedir a mudança. Depois, veio o projeto anticrime. O Ministério da Justiça trabalhou muito para que essa lei fosse aprovada, mas ela sofreu algumas modificações no Congresso que impactavam a capacidade das instituições de enfrentar a corrupção”, elencou Moro.

A transferência do Coaf, hoje batizado Unidade de Inteligência Financeira, foi uma das derrotas de Moro na gestão. Em maio, a Câmara dos Deputados transferiu o órgão para o Ministério da Economia. O governo posteriormente migrou o conselho para o Banco Central. A perda do Coaf foi uma derrota política do ex-juiz da Lava Jato, assim como projeto anticrime, que sofreu modificações durante tramitação no Congresso.

Uma das mudanças foi a inclusão do juiz de garantias, figura que atuaria durante o processo de instrução dos casos e não seria o responsável pelo julgamento dos réus. A medida foi incluída na esteira das revelações das reportagens da chamada ‘Vaza Jato’.

“Recordo que praticamente implorei ao presidente que vetasse a figura do juiz de garantias, mas não fui atendido. É bom ressaltar que o Executivo nunca negociou cargos em troca de apoio, porém mais recentemente observei uma aproximação do governo com alguns políticos com histórico não tão positivo”, afirmou Moro.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais