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Celso de Mello dá 5 dias para PF ouvir Moro sobre caso Bolsonaro

Celso de Mello dá 5 dias para PF ouvir Moro sobre caso Bolsonaro

Ex-ministro acusa presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal para proteger aliados

Publicado em 30 de abril de 2020 às 21:45

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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, fala a imprensa sobre seu pedido de demissão do cargo
Em pronunciamento à imprensa, o então ministro da Justiça, Sergio Moro, contou que Bolsonaro queria ter acesso até a relatórios sigilosos da Polícia Federal. (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, determinou nesta quinta-feira (30) que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro preste depoimento em um prazo de 5 dias para esclarecer as acusações feitas contra o presidente Jair Bolsonaro. O ministro, que considerou “razões de urgência” apontada por parlamentares, havia fixado inicialmente um prazo de 60 dias para a oitiva.

A decisão do decano, de antecipar a realização do depoimento, sinaliza que o inquérito deve ter rápida tramitação na Corte. Uma das vozes mais críticas ao presidente da República, Celso deixa o tribunal em novembro, abrindo a primeira vaga no Supremo para indicação de Bolsonaro.

O pedido de antecipação do depoimento de Moro foi apresentado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e os deputados Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES). Os parlamentares também solicitaram que Celso de Mello mantenha todos os delegados que pertencem ao Serviço de Inquéritos Especiais, que atua em investigações na Corte. Sobre esse outro pedido, o decano decidiu aguardar manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR).

O inquérito foi aberto para apurar as acusações de Moro contra Bolsonaro – tanto o presidente quanto Moro aparecem formalmente como investigados. O ex-ministro acusa o presidente da República de interferência política na Polícia Federal para obter acesso a informações sigilosas e relatórios de inteligência.

Além de troca de mensagens, o ex-ministro da Justiça possui áudios que devem ser entregues aos investigadores.

CRIMES

Conforme o pedido feito pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, o objetivo do inquérito é analisar se foram cometidos os crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, denunciação caluniosa e crime contra a honra.

Ao autorizar na última segunda-feira a abertura do inquérito, em uma decisão de 17 páginas – mesmo número de urna de Bolsonaro na eleição de 2018 -, o decano observou que o presidente da República “também é súdito das leis”, apesar de ocupar uma “posição hegemônica” na estrutura política brasileira, “ainda mais acentuada pela expressividade das elevadas funções de Estado que exerce”.

“O presidente da República – que também é súdito das leis, como qualquer outro cidadão deste País – não se exonera da responsabilidade penal emergente dos atos que tenha praticado, pois ninguém, nem mesmo o Chefe do Poder Executivo da União, está acima da autoridade da Constituição e das leis da República”, frisou Celso de Mello.

“Embora irrecusável a posição de grande eminência do Presidente da República no contexto político-institucional emergente de nossa Carta Política, impõe-se reconhecer, até mesmo como decorrência necessária do princípio republicano, a possibilidade de responsabilizá-lo, penal e politicamente, pelos atos ilícitos que eventualmente tenha praticado no desempenho de suas magnas funções”, apontou Celso.

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