Publicado em 11 de agosto de 2023 às 12:48
BRASÍLIA – Uma caixa de joias doadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela Arábia Saudita foi colocado à venda por uma loja de artigos de luxo de Nova York, nos Estados Unidos, no começo deste ano.>
Investigação da Polícia Federal indica que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-chefe dos ajudantes de ordem de Bolsonaro, participou da tentativa de venda da caixa com joias e relógio da grife Chopard.>
Os itens aparecem como destaque no catálogo de dias dos namorados da Fortuna Auction, publicado em 30 de janeiro, com preço estimado de US$ 120 mil a US$ 140 mil, ou seja, de cerca de R$ 611 mil a R$ 713 mil, conforme a cotação da época. O leilão começou no começo de fevereiro.>
O relógio Chopard L.U.C Tourbillon Qualité Fleurier é de uma edição limitada, com apenas 25 unidades produzidas. O certificado das joias ainda está entre os arquivos do e-mail de Cid.>
>
O conjunto de joias é descrito como propriedade de um "cavalheiro". O jornal Folha de S.Paulo revelou em março que Bolsonaro havia recebido a caixa da Chopard como presente da Arábia.>
A PF fez uma operação de busca e apreensão nesta sexta-feira (11) dentro de investigação que apura se foram desviados "bens de alto valor" entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes de estado, "por meio da venda desses itens no exterior", segundo nota do órgão.>
Trocas de mensagens obtidas na investigação da PF mostram que os assessores de Bolsonaro chegaram a avaliar se era possível vender objetos doados por autoridades estrangeiras em missões oficiais.>
"As mensagens revelam que, apesar das restrições, possivelmente, outros presentes recebidos pelo ex-Presidente JAIR BOLSONARO podem ter sido desviados e vendidos sem respeitar as restrições legais, ressaltando inclusive que 'sumiu um que foi com a DONA MICHELLE' ", afirma trecho da investigação.>
As mensagens também mostram tentativas de assessores de Bolsonaro de retirar os itens do leilão.>
Bolsonaro incorporou ao acervo privado mais de um conjunto de itens de luxo que haviam sido doados por autoridades estrangeiras.>
O ex-presidente devolveu as joias após determinação do TCU (Tribunal de Contas da União). Para o tribunal, o ex-presidente só poderia ficar com presentes classificados como item personalíssimo e de baixo valor.>
Um dos itens de luxo chegou ao Brasil na mochila de um auxiliar de Bento Albuquerque, então ministro de Minas e Energia, e foi apreendido pela Receita Federal.>
O pacote da Chopard, que inclui relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário, entregue posteriormente a Bolsonaro, estava na bagagem de um outro integrante da comitiva do Ministério de Minas e Energia e não foi interceptado pelos auditores fiscais, como mostrou a Folha.>
Quando o caso foi à tona, Bolsonaro disse, inicialmente, não ter pedido nem recebido qualquer tipo de presente em joias do governo da Arábia Saudita.>
"Eu agora estou sendo crucificado no Brasil por um presente que não recebi. Vi em alguns jornais de forma maldosa dizendo que eu tentei trazer joias ilegais para o Brasil. Não existe isso".>
Procurada, a defesa de Bolsonaro ainda não se manifestou sobre a operação da PF desta sexta e sobre a tentativa de venda das joias.>
Em nota, o advogado de Cid, Bernardo Fenelon, disse que ainda não teve acesso aos autos da investigação que motivou a operação da PF. "Por esse motivo não temos como fazer qualquer comentário", afirmou.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta