Publicado em 4 de maio de 2020 às 16:36
O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios que apure a autoria de agressões a jornalistas que cobriam manifestação em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, da qual participou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) neste domingo (3).>
Um ofício solicitando a investigação foi enviado à procuradora-geral de Justiça do DF, Fabiana Costa Oliveira Barreto, tendo em vista que a apuração desse tipo de crime é de competência das autoridades locais, e não do MPF (Ministério Público Federal).>
A manifestação teve pautas de caráter antidemocrático, como uma intervenção militar nos Poderes -mantendo-se, no entanto, Bolsonaro na chefia do Executivo.>
Em nota divulgada ainda neste domingo, a Procuradoria-Geral da República informou que Aras se reuniria com sua equipe para analisar os fatos.>
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Nesta segunda, no entanto, o órgão não informou se vai apurar eventuais afrontas à Constituição e à Lei de Segurança Nacional pelos promotores e participantes do ato.>
A PGR afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que vai se manifestar a esse respeito caso receba representações pedindo providências sobre o evento (como as de partidos políticos, por exemplo).>
Um inquérito para investigar quem está por trás de outras manifestações semelhantes, ocorridas em 19 de abril, foi solicitado pelo procurador-geral a autorizado pelo Supremo. Na ocasião, Bolsonaro também esteve em um dos atos, em Brasília.>
A Constituição proíbe o financiamento e a propagação de idéias contrárias à ordem constitucional e ao Estado Democrático de Direito. Prevê como crimes inafiançáveis e imprescritíveis ações desse tipo, promovidas por grupos armados, civis ou militares.>
Já a Lei de Segurança Nacional diz que é crime fazer, em público, propaganda de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social. Também veda incitar a subversão da ordem política ou social; a animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições civis; e a luta com violência entre as classes sociais.>
No pedido à procuradora-geral, Aras escreveu: "Chegou ao conhecimento desta Procuradoria-Geral da República que, na data de ontem, 3 de maio de 2020, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, profissionais jornalistas foram agredidos em manifestação popular ocorrida em frente ao Palácio do Planalto, fato amplamente divulgado nos veículos de comunicação".>
"Tais eventos, no entender deste procurador-geral da República, são dotados de elevada gravidade, considerada a dimensão constitucional da liberdade de imprensa, elemento integrante do núcleo fundamental do Estado Democrático de Direito. Em razão disso, observadas as eventuais condições de procedibilidade, solicito a vossa excelência a adoção das providências necessárias à apuração dos fatos e responsabilização criminal dos seus autores", acrescentou.>
No domingo, enquanto Bolsonaro acenava ao público, o fotógrafo Dida Sampaio, de O Estado de S. Paulo, foi ameaçado e agredido por apoiadores do presidente.>
Um grupo se formou ao redor dele, que foi derrubado por duas vezes e chutado pelas costas, além de tomar um soco no estômago. Além de Dida, o motorista do jornal, Marcos Pereira, também foi agredido.>
Outros repórteres e profissionais de imprensa foram empurrados e ofendidos verbalmente. Um repórter do site Poder360 também foi agredido pelos manifestantes.>
Ao mesmo tempo, Bolsonaro foi alertado, segundo imagens transmitidas pela live de sua rede social, da confusão envolvendo jornalistas."Expulsaram os repórteres da Globo, expulsaram os repórteres", disse uma pessoa ao presidente.>
Bolsonaro então respondeu: "Pessoal da Globo vem aqui falar besteira. Essa TV foi longe demais", disse, sem repudiar as agressões aos repórteres.>
Dida Sampaio registrou uma ocorrência sobre o episódio na Polícia Civil do DF, mas o órgão, questionado nesta segunda (4) pela reportagem, ainda não informou que providências tomará no caso.>
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