
FLÁVIA MANTOVANI
SÃO PAULO - O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, se reuniu neste domingo (3) com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em São Paulo. Ele tinha ainda um encontro marcado com o presidente Jair Bolsonaro (PL) para esta segunda-feira (4), mas foi desmarcado.
O presidente brasileiro se irritou com a agenda do português com Lula, seu principal adversário nas eleições, e decidiu cancelar toda a programação. Ainda hoje, Rebelo deverá se encontrar com o ex-presidente Michel Temer (MDB).
De acordo com pessoas próximas ao ex-presidente, os dois trataram de temas econômicos, sociais e ambientais. A conversa, em uma casa no bairro dos Jardins, em São Paulo durou pouco mais de uma hora.
O encontro irritou Bolsonaro mesmo de antes de ocorrer. Na última sexta (1º), o presidente confirmou à CNN Brasil o cancelamento da agenda devido à reunião de Rebelo com o petista.
"Resolvi cancelar o almoço que ele teria comigo, bem como toda a programação. Ele [Rebelo de Sousa] teria uma reunião com Lula", afirmou o presidente.
Rebelo de Sousa minimizou o ocorrido em entrevista ontem (2) a jornalistas portugueses. Ele disse não haver "incidente diplomático".
No ano passado, o presidente português visitou o Brasil para o evento de reinauguração do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, fechado após um incêndio destruir o local.
Na ocasião, as redes de televisão de Portugal destacaram o desencontro entre os dois chefes de Estados: a TVI, por exemplo, observou que, enquanto o português participava do evento, Bolsonaro estava, ao lado de apoiadores, em uma motociata em Presidente Prudente (SP).

PRESIDENTE PORTUGUÊS NÃO SABE SE REUNIÃO COM BOLSONARO SERÁ MANTIDA
Após se encontrar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em São Paulo, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que ainda não sabe se o líder brasileiro Jair Bolsonaro (PL) vai manter a reunião marcada com ele para a segunda-feira (4) em Brasília.
Apesar de Bolsonaro ter dito na sexta (1) que iria cancelar o encontro após saber que Rebelo se encontraria com Lula, oficialmente a comitiva portuguesa não foi comunicada sobre um cancelamento e o evento continua na agenda. Rebelo afirmou que se não receber uma confirmação sobre o encontro na tarde deste domingo (3), partirá para um "plano B" e ficará por mais um dia em São Paulo.
"Houve um convite escrito, aceitei por escrito. Vou ficar no programa originário. Se até o começo da tarde não houver confirmação por escrito, fico por São Paulo", afirmou.
O presidente português negou, porém, que o episódio tenha gerado um incidente diplomático entre os dois países. "Eu diria, como chefe de Estado, que não alterou nada nem no meu relacionamento com o chefe de Estado brasileiro, nem do Estado português com o Estado brasileiro nem no relacionamento entre o povo português e o povo brasileiro", disse à imprensa, após o encontro.
Rebelo afirmou que não tratou do tema com Lula nem sobre a campanha eleitoral brasileira. Segundo ele, os dois conversaram sobre a Guerra da Ucrânia e seus impactos sobre o mundo e a América Latina.
Após o encontro com Lula, Rebelo iria visitar a Bienal do Livro e, no começo da tarde, se encontraria com o ex-presidente Michel Temer (MDB).
Antes de embarcar para o Brasil, no aeroporto de Lisboa, logo após Bolsonaro dizer que desistiria do almoço com Rebelo, o líder luso havia afirmado que "não vale perder um segundo com um almoço quando há amizade entre os povos". "O que importa é a amizade entre os povos, não a ligação entre os políticos", disse à imprensa, minutos antes de embarcar para a celebração do centenário do primeiro voo transatlântico Portugal-Brasil.
"Quem convida é quem pode decidir se mantém ou não o almoço", afirmou Rebelo, que não descartou um novo almoço com Bolsonaro "daqui a alguns meses, meio ano".
O líder brasileiro confirmou à CNN Brasil que a mudança de planos ocorreu devido a uma agenda que Rebelo teria com Lula, adversário de Bolsonaro nas eleições.
Como presidente, Rebelo é chefe de Estado em Portugal. O comando de governo é exercido pelo primeiro-ministro, o socialista António Costa. Trata-se da segunda vez que Rebelo vem ao Brasil em menos de um ano -em julho de 2021, ele participou da reabertura do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.
Apesar de Portugal manter importantes laços econômicos, sociais e culturais com o Brasil, as relações entre os líderes dos dois países mantiveram-se distantes durante a gestão Bolsonaro. O presidente brasileiro, por exemplo, até o momento não visitou Portugal durante seu mandato -ao contrário de todos os líderes desde a redemocratização, com exceção de Itamar Franco.
A passagem anterior de Rebelo ocorreu num período agudo da pandemia, e o encontro repercutiu na imprensa portuguesa pela diferença de comportamento das duas delegações. O líder português e seus assessores chegaram ao Palácio da Alvorada usando máscaras, enquanto Bolsonaro dispensou o item.
Este vídeo pode te interessar
LEIA MAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.