A embaixada da Alemanha no Brasil se manifestou sobre o vídeo em que o secretário de Cultura, Roberto Alvim, cita trecho de um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler, e disse que o governo alemão se opõe a qualquer tentativa de banalizar ou mesmo de glorificar a era do nacional-socialismo.
A mensagem foi publicada no Twitter, na conta oficial das representações diplomáticas da Alemanha no Brasil.
"O período do nacional-socialismo é o capítulo mais sombrio da história alemã, trouxe sofrimento infinito à humanidade. A Alemanha mantém sua responsabilidade. Opomo-nos a qualquer tentativa de banalizar ou glorificar a era do nacional-socialismo", diz a mensagem do governo alemão.
O vídeo de Alvim foi publicado na rede social da Secretaria Especial da Cultura na noite de quinta-feira (16). Foi divulgada na peça o Prêmio Nacional das Artes, que havia sido lançado momentos antes em live do presidente Jair Bolsonaro em que participou Alvim.
O fato de o secretário ter citado trechos usados por Goebbels provocou uma onda de indignação nas redes sociais na madrugada desta sexta-feira (17).
"A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada", afirmou Alvim no vídeo postado nas redes sociais.
"A arte alemã da próxima década será heroica, será ferramenta romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada", disse o ministro da Propaganda nazista em 8 de maio de 1933 em um pronunciamento para diretores de teatro, segundo o livro "Joseph Goebbels: Uma Biografia", de Peter Longerich, publicado no Brasil pela Objetiva.
O discurso de Goebbels, segundo o biógrafo, foi feito após ele ter passado a comandar a propaganda ativa no exterior. No mesmo mês de maio, diz Longerich, Goebbels havia dado seus primeiros "passos ativos em diversos campos da política cultural".
Além dos trechos do pronunciamento, a estética do vídeo, a aparência do secretário, o vocabulário, o tom de voz e a trilha sonora escolhida também fizeram várias personalidades compararem a divulgação à propaganda nazista.
Uma das referências no vídeo é a música de fundo, que veio da ópera "Lohengrin", de Richard Wagner, uma obra que Hitler contou em sua autobiografia ter sido decisiva em sua vida.
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