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É deputado estadual, presidente da Comissão de Infraestrutura da Assembleia Legislativa do Espírito Santo

Desenvolvimento estrutural do ES aposta em intermodalidade pública

Com o recente lançamento do aquaviário começamos a enxergar novas possibilidades, com a intermodalidade. A integração de diversos modais de transporte proporciona aos cidadãos fácil deslocamento

  • Alexandre Xambinho É deputado estadual, presidente da Comissão de Infraestrutura da Assembleia Legislativa do Espírito Santo
Publicado em 01/10/2023 às 14h00

A mobilidade urbana é um desafio constante para as cidades que concentram cada vez mais a população que migra das áreas rurais para as cidades. O transporte público está relacionado a outros tantos serviços necessários à população: emprego, renda, meio ambiente, segurança, saúde e educação. Na Região Metropolitana de Vitória um único meio de transporte estava disponível, os ônibus.

Com o recente lançamento do aquaviário começamos a enxergar novas possibilidades, com a intermodalidade. A integração de diversos modais de transporte proporciona aos cidadãos fácil deslocamento pelos coletivos, aquaviário ou ciclovias, estas inclusive também se tornaram prioridade para os gestores públicos na Região Metropolitana, e por último considerar os veículos de passeio.

Com o retorno do aquaviário que atende três cidades metropolitanas, VitóriaCariacica e Vila Velha, espera-se muito além da oferta de um novo transporte público, mais potencializar o turismo através desse atrativo. Navegar pelo mar de uma das três capitais brasileiras localizadas em uma ilha é realmente um privilégio. Temos a oportunidade de atravessar dentro de uma paisagem hipnotizante, passando próximo ao Porto de Vitória que fica dentro da Capital.

É inegável pensar nesta alternativa de transporte quando presenciamos o aumento exponencial dos congestionamentos, afunilando acessos e atravancando a rotina diária dos cidadãos. O aquaviário voltou a funcionar após mais de 20 anos estagnado, no coração dos capixabas ficaram as boas lembranças e uma saudade que foi sanada com a inauguração de três estações, e em breve o governo estadual planeja instalar ao menos cinco novas estações, para ampliar o atendimento.

Na esteira do desenvolvimento estrutural do Espírito Santo, temos ainda a recém-inaugurada obra na Terceira Ponte, considerada a quinta maior do Brasil e um dos cartões-postais mais deslumbrantes. Ganhou uma terceira via e a implantação de uma ciclovia, a mais alta já instalada em uma ponte no Brasil. A Ciclovia da Vida Detinha Son, cicloativista que desempenhou papel fundamental na conscientização e popularização do uso de bicicletas como meio de transporte. Detinha sofreu um acidente e faleceu em 2016.

Há muitos anos a ponte tornou-se um preocupante local de vislumbre para cometer suicídio. E no decorrer dos anos a população clamou por uma solução que impedisse o fato. Surgiu a ideia das grades de proteção, baseadas em pesquisas internacionais que comprovaram que locais públicos, acessíveis e de grandes alturas eram frequentemente usados, logo a instalação de barreiras de segurança se mostraram eficazes na redução dos casos.

A grade de proteção da Ciclovia da Vida mede três metros de altura nos lados que dão vista para o mar, nas extremidades que ficam para o lado de dentro da ponte, tem 1,80 m. O modelo do gradil que conta com espaçamento reduzido foi projetado para dificultar o acesso. A ciclovia vai proporcionar ainda um mirante de cada lado com vista para importantes monumentos históricos e naturais do Estado.

Como é a vista de quem passa pela ciclovia da Terceira Ponte
Como é a vista de quem passa pela ciclovia da Terceira Ponte. Crédito: Karla Rodrigues

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Otago, na Nova Zelândia, apontou que a remoção das barreiras da ponte Grafton quadruplicou os números de casos de suicídio, em 2003 as barreiras foram reinstaladas e os casos reduzidos a zero. E aqui no Espírito Santo o projeto se fez eficaz mesmo no período de obras, segundo a concessionária que administra a Terceira Ponte, de outubro do ano passado até julho deste ano, os números de suicídios foram zerados. Esses dados batem com o período de instalação das grades de prevenção.

A obra da Terceira Ponte foi pensada para prevenir os casos recorrentes no local, em 2021, por exemplo, os registros de tentativa chegaram a 121; em 2023, foram 31 tentantes resgatados em segurança diretamente do tabuleiro da Ciclovia da Vida. Com empatia e solidariedade equipes do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Guarda Municipal e concessionária começam a negociação. A ponte é completamente fechada para que não haja interferência de outros cidadãos, garantindo o valor primordial para todos os envolvidos: a vida.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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