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Vereadoras pedem inclusão de absorventes em cestas básicas distribuídas em Vitória

Vereadoras pedem inclusão de absorventes em cestas básicas distribuídas em Vitória

Uma a cada quatro mulheres no Brasil não tem acesso ao item de higiene básica, conforme levantamento. Para auxiliar mulheres em vulnerabilidade social, vereadoras Camila Valadão e Karla Coser fizeram uma indicação à Prefeitura de Vitória

Publicado em 27 de abril de 2021 às 10:54

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Distribuição para meninas
Itens de higiene: vereadores querem inclusão de absorventes em cestas básicas distribuídas na cidade de Vitória. (Freepik)

As vereadoras Camila Valadão (Psol) e Karla Coser (PT) enviaram, na última semana, uma indicação ao prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), para que absorventes menstruais sejam incluídos em cestas básicas distribuídas pela prefeitura da Capital.

A sugestão visa garantir o acesso de mulheres e meninas a um item de higiene básico, mas que ainda é negado àquelas em situação de vulnerabilidade social.

O prefeito tem 30 dias para analisar a indicação. Cabe a ele decidir se vai adotar ou não a sugestão. 

A menstruação é um processo biológico que ocorre no corpo feminino todo mês. Apesar do desconforto natural e cólicas que podem existir durante o período, para a maioria das mulheres menstruar não é um problema.

Isso, contudo, é diferente para uma a cada quatro brasileiras que não tem acesso a um absorvente, de acordo com levantamento realizado pelo movimento Girl Up, da Fundação das Nações Unidas. São mulheres em situação de vulnerabilidade social, que vivem a chamada pobreza menstrual.

A pobreza menstrual é um fenômeno mundial que está relacionado à falta de recursos de meninas e mulheres para manter uma boa higiene no período da menstruação, seja por falta de dinheiro, infraestrutura ou saneamento básico. 

Essa situação, reconhecida pela ONU e movimentos no mundo todo, se agravou ainda mais durante a pandemia de Covid-19, com muitas mulheres saindo do mercado de trabalho e perdendo renda. Dados da Girl Up mostram ainda que 23% das brasileiras não têm dinheiro para comprar um absorvente.

INDICAÇÃO À PREFEITURA

Desde o ano passado, existe uma lei municipal, de autoria do ex-vereador Roberto Martins (Rede), que obriga a Prefeitura de Vitória a oferecer absorventes a estudantes nas escolas. Contudo, com as unidades fechadas por causa da pandemia, esses itens não estão sendo fornecidos. 

Para permitir o acesso de meninas e mulheres aos absorventes na Capital, as vereadoras Camila Valadão e Karla Coser enviaram uma indicação à Prefeitura de Vitória para que esse item de higiene seja distribuído junto com as cestas básicas que estão sendo entregues às famílias em vulnerabilidade social. 

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Nem todas usam absorvente. Se usam, têm dificuldade financeira para comprar. Por isso é importante a gente ter esse olhar e fazer o recorte de gênero

Karla Coser
Vereadora de Vitória
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"Quando está faltando tudo na casa de uma família, alimento, roupa, o absorvente se torna uma superficialidade. Então, incluir esse item nas cestas básicas vem dentro da mesma lógica do sabonete e do desodorante, de garantir higiene e condições de saúde para as mulheres", afirma Karla Coser.

"Embora pareça algo simples, muitas mulheres não têm condições econômicas de adquirir um absorvente e acabam utilizando materiais como substitutos inadequados, que podem ter impactos na saúde. Tem mulheres que usam pedaço de pano, papel higiênico, jornal. Essa é uma realidade da vida de muitas mulheres, principalmente das mulheres pobres", complementa Camila Valadão, que afirma que é dever do poder público garantir o direito à saúde à população. 

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A higiene menstrual é uma questão de saúde pública. Então, é um direito da mulher a utilização de absorventes. Isso precisa ser garantido pelo poder público, não só, mas, principalmente, neste momento da pandemia

Camila Valadão
Vereadora de Vitória
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AÇÕES EM OUTROS LUGARES

Algumas ações que visam o combate à pobreza menstrual têm sido implementadas no Brasil. No Rio de Janeiro, por exemplo, a Assembleia Legislativa aprovou, em 2020, um projeto que reduziu impostos sobre os absorventes.

Já no Distrito Federal, desde o início do ano existe uma lei que determina a entrega do produto de higiene pessoal a mulheres e adolescentes de baixa renda nas unidades de saúde e escolas da rede pública. 

O QUE DIZ A PREFEITURA

A Prefeitura de Vitória foi procurada pela reportagem e questionada se pretendia atender à indicação das vereadoras. Até a publicação deste texto, não houve manifestação sobre o assunto. 

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