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Publicado em 29 de abril de 2025 às 11:09
O papanicolau, também conhecido como preventivo, é um exame ginecológico realizado para a detecção do papilomavírus humano (HPV), que é o principal causador do câncer de colo de útero. O procedimento faz uma análise das células das lesões pré-existentes ou que estejam em desenvolvimento nas pacientes. O exame, que tinha recomendação de ser feito anualmente, agora pode ser realizado em um intervalo de 3 anos, no SUS ou na rede particular, a não ser que o médico indique. Entenda por quê. >
A ginecologista e obstetra Sandra Helena Pereira explica que o procedimento é feito para analisar o desenvolvimento de um possível câncer nas pacientes. “O preventivo tem um objetivo que é rastrear câncer de colo de útero. Ele pode trazer outros dados como a microbiologia, se tem ou não tem alguma infecção vaginal, mas, no entanto, não é esse o objetivo do exame”, esclarece.>
Segundo a médica, o exame passou a ser feito com menos frequência com o avanço da medicina “Quando não se sabia direito o que causava o câncer de colo de útero, fazia-se o papanicolau todo ano. Até de 6 em 6 meses em casos em que a gente julgava mais suspeitos, mas isso é coisa de 20 anos atrás. Tempo depois, descobriu-se que o que causa esse tipo de câncer é o HPV. Então, se a mulher não tem o vírus do HPV, não vai ter risco do câncer de colo de útero, e o exame pode ser espaçado”, afirma.>
O câncer de colo de útero é uma doença que se desenvolve de forma lenta e silenciosa, ao decorrer de muitos anos. “Conhecendo a patologia do câncer, e sabendo que ele demora cerca de 3 anos para se desenvolver, a gente conseguiu aumentar o intervalo desses exames, desde que não tenha tido alteração nos anteriores”, destaca Sandra.>
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“Se os resultados dos dois últimos exames com intervalo de 1 ano forem negativos, sem nenhuma alteração, sem detectar HPV nem lesão pré-cancerosa nenhuma, ele pode ser feito de 3 em 3 anos. Mas tudo a critério do ginecologista.”, completa. >
A especialista ressalta que as mulheres devem ficar atentas e não estender o prazo do exame. “Dando três anos de espaço, a pessoa pode esquecer de voltar com três anos, aí vai vir com quatro, cinco, e aí pode ser tarde.”, destaca.>
Além disso, a ginecologista frisa a importância de manter as visitas ao médico durante esse intervalo de um exame para o outro. “A visita ao ginecologista deve ser todo ano, mesmo quando o ginecologista diz que o papanicolau pode ser ser feito a cada 3 anos, até porque o preventivo não é o único exame que as mulheres precisam fazer”, alerta.>
No SUS, o exame é feito por enfermeiros nas unidades de saúde e não necessariamente por um médico especialista. “O preventivo não substitui uma consulta", ressalta a ginecologista.>
Durante o intervalo, as mulheres devem ficar atentas ao aparecimento de verrugas vaginas, lesões e sangramentos após relações sexuais. Outro ponto a ser destacado é que, caso a mulher tenha tido relações sexuais sem preservativo, considera-se que a paciente se expôs a uma situação de risco, uma vez que o vírus do HPV é sexualmente transmissível. Por isso, a recomendação, nesses casos, é procurar um médico para refazer os exames. >
O Sistema Único de Saúde vai substituir o papanicolau pelo exame DNA-HPV, que faz a análise do DNA de cada paciente, o que possibilita detectar a presença do vírus de forma mais precisa e o risco de desenvolvimento da doença até 10 anos antes. No SUS, este exame é recomendado para mulheres a partir dos 25 anos que têm vida sexualmente ativa. >
Enquanto o papanicolau faz a análise das células de lesões pré-existentes ou que estejam em desenvolvimento, o DNA-HPV consegue identificar o vírus no organismo do paciente antes mesmo do aparecimento de alguma lesão. O papanicolau ainda vai ser utilizado pelo SUS, mas só em casos de alterações do exame de DNA ou quando o médico julgar necessário. >
O novo exame, por ser mais seguro, poderá ser realizado com o intervalo de 5 anos, além de oferecer a possibilidade de auto coleta, ampliando o acesso à saúde para mulheres que vivem em regiões remotas e que não conseguem fazer consultas com a devida frequência, ou que por motivos pessoais e religiosos não costumam realizar o procedimento.>
A vacinação contra o HPV é outro método de prevenção contra esse tipo de câncer e é oferecida pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) para meninas e meninos de 9 a 14 anos. >
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de colo de útero é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina, ficando atrás apenas do câncer de mama e do colorretal, além de ser a quarta causa de morte de mulheres por essa doença no Brasil.>
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