“Minha joia foi arrancada de mim!”. A frase, carregada de dor, é da mãe de Dinah Marinho Amorim, de 27 anos, assassinada a facadas dentro da própria casa, no bairro Vista da Serra I, na Serra, no último domingo (10). O crime foi presenciado pelo filho da vítima, de apenas 6 anos, que nunca havia passado uma noite longe da mãe.
O principal suspeito é o ex-companheiro da jovem, Diones Henrique de Souza Marinho, de 32 anos. Ele confessou o crime e, segundo familiares, já havia agredido Dinah em outras ocasiões. A relação entre os dois foi marcada por violência. De acordo com Tamires Dias, tia da vítima, eles chegaram a se casar e depois se separaram. A jovem até retomou o relacionamento por um tempo, mas decidiu colocar um ponto final e recomeçar sua vida ao lado do filho.
Descrita pelos parentes como uma mulher sonhadora, de sorriso fácil e jeito reservado, Dinah cresceu em um ambiente simples, mas cercada de afeto. Amava cantar louvores na igreja e tinha o sonho de gravar músicas para que sua voz fosse ouvida por muitas pessoas. Também desejava ser compositora, além de concluir os estudos e, no futuro, construir uma casa.
A família conta que ela trabalhava com carteira assinada e juntava dinheiro para ajudar a mãe, que tem uma filha pequena. “Ela queria muito oferecer uma vida melhor para o filho, para a mãe e irmã. Queria que seu filho tivesse oportunidades que ela não teve”, relatou a tia.
O filho presenciou a cena de violência que tirou a vida da mãe. Agora, familiares se unem para ampará-lo. “Estamos muito preocupados com ele. É uma criança confusa, que viu e sentiu tudo. O maior sonho dela era que ele fosse feliz com o básico: amor, cuidado e paz”, contou Tamires.
A tia relembra que Dinah não era de frequentar festas, preferia ficar com a família e participar de momentos simples, como almoços e comemorações. “Ela gostava de fazer bolos para aniversários, de estar junto, de sorrir com a gente. Era meiga, carinhosa e muito dedicada ao filho."
Entre as lembranças está um vídeo recente em que Dinah canta o louvor “Perdoa o meu coração”. Para a família, a música ganhou um significado ainda mais forte após a tragédia. “Por mais difícil que seja, queremos aprender com essa dor a perdoar, mas sem esquecer que é preciso alertar outras mulheres para não se calarem diante da violência”, afirmou a tia.
A morte da jovem deixa um vazio profundo na família, que reforça um alerta sobre a importância de denunciar casos de violência doméstica antes que eles terminem de forma trágica. “Não se submeta, não fique calada. É melhor enfrentar a dor da separação do que perder a vida”, disse a tia, emocionada.
Agora, além da saudade, os familiares carregam a missão de cuidar do filho da jovem e de preservar a memória de Dinah. “Queremos que ele cresça sabendo o quanto foi amado por ela e também de todos os sonhos dela”, completou Tamires.
A mãe da jovem relata não conseguir falar neste momento tão frágil. Mas se expressou por meio de um texto enviado à reportagem:
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.