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Onda de calor no Brasil: saiba como se proteger das temperaturas altas

Onda de calor no Brasil: saiba como se proteger das temperaturas altas

A hidratação é uma das principais formas de prevenir os efeitos do calor extremo e deve ocorrer ao longo de todo o dia, mesmo na ausência de sede

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Guilherme Sillva

Editor do Se Cuida / [email protected]

Publicado em 28 de dezembro de 2025 às 18:48

Onda de calor no Brasil
Em dias de calor extremo, a perda hídrica pode chegar a até 1,5 litro por hora durante atividades ao ar livre Crédito: Shutterstock

O Inmet declarou, na última semana, um alerta vermelho para mais de 1.300 cidades por conta das temperaturas extremas registradas nos últimos dias. Ondas de calor desse tipo ocorrem quando as temperaturas ficam pelo menos 5 °C acima da média por vários dias seguidos. Nessas condições, o corpo perde líquidos e sais minerais mais rapidamente, o que pode comprometer funções vitais.

No Espírito Santo, em lista divulgada na última sexta-feira, 27 cidades capixabas, da Região Sul, passaram de alerta laranja para vermelho, de grande perigo. Outros 37 municípios do Estado entraram no alerta amarelo, de perigo potencial. Veja no fim da matéria.

De acordo com o Ministério da Saúde, a hidratação é uma das principais formas de prevenir os efeitos do calor extremo e deve ocorrer ao longo de todo o dia, mesmo na ausência de sede. A desidratação pode evoluir de forma silenciosa, sobretudo entre crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas.

Em dias de calor extremo, a perda hídrica pode chegar a até 1,5 litro por hora durante atividades ao ar livre, o que exige atenção redobrada à ingestão de líquidos. Ainda assim, pesquisas de mercado indicam que mais de 60% dos brasileiros não consomem a quantidade mínima recomendada de água diariamente, um hábito que tende a se agravar durante o verão. 

Segundo a endocrinologista Elaine Dias JK, a hidratação deve ser tratada como prioridade, sobretudo em períodos de calor intenso. “A recomendação diária de ingestão de água gira em torno de 2 a 3 litros, mas, diante das atuais condições climáticas, é fundamental aumentar esse consumo para compensar a perda de líquidos pelo suor e pela respiração. Altas temperaturas e respiração mais rápida e superficial favorecem a eliminação de água pelo organismo, o que pode levar rapidamente à desidratação”, explica.

A especialista destaca que a quantidade ideal de água varia de acordo com fatores individuais como idade, sexo, peso corporal e nível de atividade física. “Uma forma simples de calcular a ingestão diária é consumir entre 30 e 40 mililitros de água por quilo de peso”, orienta a médica.

Em períodos de calor intenso, como o que estamos vivendo agora, o ideal é ir além da recomendação mínima e manter atenção constante aos sinais do corpo

Elaine Dias JK

Endocrinologista

Entre os principais sintomas de desidratação estão sede excessiva, boca seca, redução do volume urinário, urina escura, cansaço, desânimo, tontura, vertigem, fadiga, pele seca e fria e aceleração dos batimentos cardíacos. Elaine alerta que esses sinais não devem ser ignorados, pois indicam que o organismo já está em desequilíbrio hídrico. Nos casos de desidratação leve a moderada, a orientação é adotar medidas imediatas, como ingerir líquidos em pequenos goles, preferencialmente água ou soluções de reidratação oral, evitar bebidas alcoólicas ou com cafeína, consumir alimentos ricos em água como frutas e vegetais, repousar e suspender atividades físicas intensas. Quando a desidratação está associada a vômitos ou diarreia, a reposição de líquidos deve ser ainda mais cuidadosa. “Se a desidratação for grave ou vier acompanhada de sintomas como confusão mental, dificuldade para respirar ou alterações no ritmo cardíaco, é fundamental procurar atendimento médico imediatamente, pois o quadro pode exigir intervenções específicas”. 

Outros cuidados

A endocrinologista Deborah Beranger diz que o calor leva à perda excessiva de líquido e sais minerais pela pele, então há um aumenta no risco de distúrbio hidroeletrolítico no sangue e desidratação. "Além disso, as altas temperaturas causam uma vasodilatação, exigindo que o coração tenha que fazer muito mais esforço para bombear o sangue para a periferia”. 

Essa vasodilatação também resulta em uma sobrecarga nas veias dos membros inferiores. “Como resultado, torna-se mais comum apresentarmos sintomas como cansaço, sensação de peso na região, câimbras, dor e edemas. Além disso, o risco de problemas vasculares como trombose e, principalmente, varizes também aumenta”, explica a cirurgiã vascular Aline Lamaita.

O consumo de alimentos ricos em sal também deve ser controlado, já que, além de contribuir com a desidratação, aumenta a pressão arterial. “O sal, ao chegar na corrente sanguínea, causa uma grande alteração no equilíbrio dos líquidos internos. Logo, o excesso da substância causa retenção de líquidos, o que aumenta a sobrecarga do sistema circulatório, a pressão e o risco para o coração”, alerta Aline Lamaita.

Com as altas temperaturas, devemos redobrar os cuidados com a fotoproteção para prevenir os danos causados pela radiação solar. “A proteção do filtro solar deve ser eficiente contra as radiações UVA e UVB, que, quando atingem a pele sem proteção, causam danos cumulativos que favorecem o fotoenvelhecimento e lesões de pele pré-cancerosas. Por isso, o recomendado é aplicar diariamente um protetor solar com FPS de no mínimo 30, mas é interessante também escolher um produto formulado com antioxidantes, que oferecem um benefício a mais para evitar os danos”, ensina a dermatologista Lilian Brasileiro.

Mas lembre-se que não basta aplicar o fotoprotetor apenas uma vez. “O protetor solar deve ser reaplicado no máximo a cada 3 horas, mas, caso você entre em contato com a água ou transpire excessivamente, o ideal é que o produto seja reaplicado antes desse período”, diz Cintia Guedes.

Para enfrentar as altas temperaturas com mais tranquilidade, o médico Danilo Talarico recomenda dar preferência a roupas feitas à base de tecidos naturais, como o algodão, que permite a absorção do suor e facilita a ventilação, conferindo mais conforto. “Cores claras também ajudam a acumular menos energia luminosa que se converte em calor. Porém, caso você vá se expor diretamente ao sol, é importante aplicar o protetor solar no corpo também e optar por roupas feitas com tecidos que contenha fator de proteção ultravioleta ( FPU) para evitar os danos dos raios solares à pele”, aconselha o médico.

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