A jornalista Rafaela Marquezini teve dengue grave e ficou dois dias internada na UTI
A jornalista Rafaela Marquezini teve dengue grave e ficou dois dias internada na UTI. Crédito: Reprodução @Rafaelamarquezinioficial

"Eu tive uma segunda chance", diz Rafaela Marquezini, da TV Gazeta, após dengue grave

A jornalista, que apresenta o Gazeta Meio Dia, chegou a passar dois dias na UTI num hospital de Vitória. Em casa, ela cuida da recuperação

Tempo de leitura: 2min
Vitória
Publicado em 26/08/2025 às 19h56

O nariz sangrando foi o sinal de alerta para a apresentadora Rafaela Marquezini, do Gazeta Meio Dia, da TV Gazeta, procurar o atendimento no pronto-socorro. Horas antes, o marido havia lido que esse era um possível sinal de dengue grave, condição confirmada no hospital. 

Em formas mais graves da doença, além do sangramento, podem surgir complicações como dor abdominal intensa e persistente, e quedas de pressão. Esses sinais indicam que o quadro pode estar se tornando mais crítico, necessitando de avaliação médica imediata.

Rafaela foi levada imediatamente para a UTI do hospital, já que o resultado do exame de sangue mostrou um quadro com 12 mil plaquetas. A quantidade de plaquetas considerada normal no sangue varia entre 150 e 450 mil por microlitro. "Em poucas horas, se eu não tivesse ido para o hospital naquela manhã, eu não sei o que poderia ter acontecido nas horas seguintes", conta.

O Brasil registrou uma queda de 76,2% nos novos casos de dengue ao longo do primeiro semestre de 2025, em comparação com o mesmo período no ano anterior, segundo os dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde. Até a 26ª semana epidemiológica deste ano, período que terminou no dia 28 de junho, o país contabilizou 1,49 milhão de infecções, contra 6,27 milhões em 2024. No ano passado, o Brasil bateu o recorde de ano com mais casos e mortes por dengue de toda a série histórica.

Nesta entrevista, a jornalista fala dos primeiros sintomas que sentiu, dos dias que passou na UTI e do medo que teve de morrer. Confira!

Quais foram os primeiros sintomas que você começou a sentir em casa? Você imaginava que poderia ser dengue?

Comecei a sentir os primeiros sintomas no sábado (16 de agosto). Estava de plantão nesse dia e iria apresentar o jornal da noite, o Boa Noite Espírito Santo. Troquei de horário porque os meus dois filhos tinham um campeonato de manhã, o Lorenzo no vôlei de quadra e a Sofia no vôlei de praia, então acompanhei um pouquinho de cada um e fui trabalhar de tarde. Já de manhã estava com dor de cabeça e uma dor nas costas, que são coisas que eu não tenho geralmente. Tomei um remédio e após o almoço eu fui trabalhar. No trabalho eu simplesmente caí rapidamente e os sintomas vieram muito fortes, com muita dor de cabeça, muita dor no corpo e febre muito alta, tudo junto e eu não associei a dengue no primeiro momento. Eu achei que fosse algum tipo de mal-estar, talvez porque eu tivesse ficado no sol um tempo grande e estava muito quente aquele dia. Fiz o jornal no sábado e continuei com os sintomas até terça-feira feira, que eram dor no corpo, muita dor nas costas, febre alta, muita dor de cabeça e prostração. A gente fica prostrado e não consegue levantar quando está com dengue. E na quarta-feira tudo mudou e vieram outros sintomas.

Foi quando você teve muita dor na barriga e o nariz sangrou... O sangue foi um sinal de alerta de que a situação poderia ser grave?

Eu comecei a associar a dengue durante o fim de semana mesmo, porque os sintomas eram muito clássicos e eu já tinha tido dengue muitos anos atrás. Na segunda-feira de manhã eu fui no hospital e diagnosticada, então eu já sabia que era dengue e que o tratamento era repouso, tomar bastante líquido e eu tomava os remédios para dor de cabeça, dor no corpo e para o enjoo. Na quarta-feira os sintomas clássicos foram embora, mas o enjoo continuou e veio a dor no estômago, muito forte. Na verdade não era dor no estômago, mas eu associei achando que era por causa da dor. Como estava tomando remédio forte, imaginei que pudesse ter atacado o estômago. E eu também já vinha com um problema de estômago de um ano para cá, de refluxo, dor no estômago, então achei que fosse mais um quadro que eu já tinha passado recentemente, mas não era. Já era meu fígado e minha vesícula pedindo socorro.

Já era o sintoma da dengue grave...

Já era o sintoma de dengue grave, mas eu não associei ao sintoma. Achei que fosse apenas uma dor de estômago. De quarta para quinta-feira, meu marido queria me levar no médico e eu falei que não, os sintomas de dengue já tinham passado. Só que a noite foi muito terrível, muito difícil porque a dor aumentou demais. E meu marido sentou na internet e começou a ler os sintomas da dengue grave e eles estavam lá. Sangramento, sangramento no nariz, dor abdominal... Esses sintomas ficaram na minha cabeça. E na quinta-feira de manhã eu já estava desesperada de dor, e comecei a chorar, os meninos se arrumando para a escola, e quando eu pego o guardanapo e passo no nariz, veio o sangue, e aí caiu a minha ficha que era dengue grave. Na hora eu comecei a chorar mais ainda, por que eu achei que fosse morrer. Meu marido me levou pro hospital mais perto da minha casa e entrei em pânico.

Você imaginava que poderia ser dengue grave? Já tinha ouvido falar da doença?

Eu não conhecia os sintomas da dengue grave. O meu marido que pesquisou na internet, por isso que quando eu vi o sangue no nariz, eu pensei: 'tem hemorragia vindo aí'. E quando eu entrei no hospital, a primeira coisa que eles fizeram foi tirar sangue, para contar as plaquetas, e já me colocaram no soro. E antes do resultado ficar pronto, eu estava com uma blusa de manga comprida, quando eu levantei ela, o meu braço estava todo ensanguentado, já era um sintoma da dengue hemorrágica, porque qualquer furo pode causar uma hemorragia. Eu já estava me preparando para realmente ser uma dengue hemorrágica, eu já tinha quase certeza, só não sabia que ia ser tão grave, porque quando o resultado do exame saiu, o laboratório pediu para repetir. Eles refizeram o exame de sangue e o resultado mostrou um quadro com 12 mil plaquetas. Era um quadro muito grave, porque o normal é de 150 a 450 mil plaquetas no sangue. Naquela situação podia começar a ter sangramento interno, hemorragia interna e ter falência múltipla de órgãos. O meu pânico foi nas alturas e só fiquei um pouco mais tranquila quando conversei com um infectologista que conheço e me apeguei no que ele me falou. A gente também fez um ultrassom abdominal para ver como que estava o fígado e a vesícula, e os dois estavam com alterações, por isso eu estava com tanta dor, e aí eu fui direto para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Rafaela Marquezini

Jornalista

Eles refizeram o exame de sangue e o resultado mostrou um quadro com 12 mil plaquetas. Era um quadro muito grave, porque o normal é de 150 a 450 mil plaquetas

Você ficou dois dias na UTI. O que você pensava ou passava pela sua cabeça?

Quando você tem a notícia de que vai para o UTI, o mundo cai. Acha que está indo para a UTI e está morrendo. Mas na verdade não é assim, é um lugar onde o paciente tem o apoio 24 horas. Tem gente do seu lado ali o tempo inteiro. Ficava vendo os outros pacientes, ouvindo todo mundo conversar. É um lugar que não para um segundo. Os profissionais me tratavam de uma maneira tão legal que fiquei um pouco mais calma. Mas a minha cabeça, você imagina, dentro de uma UTI com 12 mil de plaqueta... Eu tinha algo que eles chamaram de restrição ao leito, eu não podia levantar, nem para fazer xixi. Tinha que fazer tudo deitada no leito, porque qualquer pancada que eu tivesse poderia causar uma hemorragia interna por conta do número baixo de plaquetas. Fiquei dois dias assim, deitada, sem poder praticamente me mexer. A exceção foi quando eu fui tomar banho, a enfermeira me levou na cadeira de rodas e eu consegui tomar banho com ajuda. Fiquei na UTI principalmente para tomar soro... Tomei tanto soro que ganhei oito quilos em três dias e fiquei totalmente inchada - pés, mãos, pernas e rosto - de soro porque o ataque para dengue é a hidratação, não tem muito o que fazer.

No vídeo que você compartilhou você diz que quase morreu...

Por que 12 mil de plaqueta é quase um colapso. A pessoa está sujeita a ter uma hemorragia interna, acontece alguma coisa com você e nem percebe. Em poucas horas, se eu não tivesse ido para o hospital naquela manhã, não sei o que poderia ter acontecido nas horas seguintes. Chega num ponto que não adianta falar hidrate-se, porque a pessoa não consegue tomar água ou líquido na medida em que precisa. Seu corpo não consegue, até porque a dengue te dá enjoo que não deixa tomar tanto líquido quanto precisa.

Como foi a sua recuperação no hospital?

Eu falo que tive um livramento, e na minha cabeça eu tive uma segunda chance. E graças a Deus, e ao meu marido que leu os sintomas graves, eu fiquei com aquilo na cabeça. O sangue no nariz foi o que fez dar um estalo na minha cabeça e falar eu preciso de um hospital. Porque quanta gente não tem esse estalo e entra em falência e, sem perceber, morre. A doença é muito grave. Está dando tudo certo, estou fora de risco, em casa melhorando. 

Você fez um alerta sobre a importância de ficar atento aos sinais da doença...

O alerta é justamente esse. Eu acho que primeiro é o alerta para não pegar a doença, porque independente dela ser grave ou ser clássica, ela é muito sofrida. Ter dengue é muito sofrido, você passa muito, muito mal. Para quem tem criança, principalmente que é mais frágil, ou idoso, é preciso tomar muito cuidado. Tomar muito cuidado onde você vai, passar repelente e, se puder, ficar de olho na sua casa, na do vizinho, de quem tem quintal... Porque parece bobagem, mas não, a dengue está aí, ela não vai acabar, infelizmente o mosquito não vai ser eliminado, então a gente precisa muito se cuidar e ficar atento a esses sinais. Qualquer coisa busca o serviço de saúde, porque eles vão te salvar. Soro é soro, é simples, mas ele é que vai manter você vivo, é o soro na veia.

É importante também falar da vacina para a dengue?

Tem vacina contra dengue, para crianças de 10 a 14 anos, que é o público alvo dessa vacina. A vacina livra da forma grave da doença, olha só que bênção, como que a medicina é maravilhosa. Os pais têm que colocar isso na cabeça, que a vacina é importante Se a pessoa não está dentro do público-alvo do SUS, ela também tem na rede privada para quem pode pagar. A doença mata, e quando ela não mata, ela te derruba também. A gente tem que ficar atento. A gente está no inverno que não é época de dengue e eu quase morri.

Como você está hoje?

Estou muito, muito grata por estar aqui, por estar viva. Penso nisso o dia inteiro. Estou melhorando a cada dia, ainda estou com os sintomas da dengue. Agora voltei a ter dor de cabeça, dor no corpo, estou com enjoo ainda, porque a hepatite que a dengue causa é normal, e demora um pouco a melhorar. O médico falou que até 30 dias. Ainda estou em recuperação, mas eu estou ótima, fora de risco.

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