> >
Bebê de embrião congelado há 9 anos no ES faz um ano

Bebê de embrião congelado há 9 anos no ES faz um ano

O embrião da pequena Lívia Vailant foi congelado em 2010 e assim se manteve até 2018, quando os pais decidiram ter o segundo filho

Publicado em 22 de dezembro de 2020 às 06:01

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Fabiane Vailant com os filhos Gabriel e Lívia
Fabiane Vailant com Gabriel e Lívia: os dois filhos foram gerados através da fertilização in vitro. (Paula Freire/ Divulgação)

A agente de viagens Fabiane Vailant, 38 anos, sempre quis ser mãe. E, como muitas mulheres, imaginava que não teria grandes problemas para engravidar. Após algumas tentativas, ela e o marido descobriram que ele tinha uma quantidade baixa de espermatozoides, o que poderia influenciar na demora em acontecer a gestação ou até mesmo em sua mulher não engravidar. Por isso, o casal optou pela fertilização in vitro.

Primeiro nasceu Gabriel, hoje com 10 anos. E depois Lívia, resultado de um embrião congelado no ano 2010. Ela tem um ano, mas podia ter nascido em qualquer momento ao longo da última década em que o embrião esteve congelado. “Todo o tratamento foi feito com o meu óvulo e os espermatozoides do meu marido, optei pela fertilização in vitro pela recomendação do meu obstetra”, conta Fabiane.

Foi o filho mais velho que começou a pedir para mãe um irmãozinho. Ela aproveitou os embriões congelados que ainda tinha numa clínica de Vila Velha e, há dois anos, tentou uma nova gravidez. “Guardei porque tinha medo de no futuro querer engravidar e não conseguir. Como os embriões já estavam congelados, conversei com o médico, fiz os exames básicos e em duas semanas eles foram implantados. Doze dias depois fiquei sabendo que estava grávida. No início fiquei assutada, hoje estou muito feliz”, conta a moradora de Guarapari.

O casal Cristiano e Fabiane Vailant com os filhos Gabriel e Lívia
O casal Cristiano e Fabiane Vailant com os filhos Gabriel e Lívia. (Paula Freire/ Divulgação)

Os cinco embriões que ficaram congelados foram implantados e somente um se desenvolveu. Lívia nasceu no dia 25 de novembro de 2019, num parto cesárea, após uma gestão bem tranquila. “Me sinto realizada como mãe. O Gabriel é mais quieto, a pequena mais agitada. Hoje ele me ajuda a cuidar dela”, diz a mãe orgulhosa.

VITRIFICAÇÃO

Nos últimos 40 anos, os tratamentos de doação e congelamento de óvulos se tornaram mais difundidos e o congelamento de embriões mais bem-sucedido com a introdução da vitrificação, uma tecnologia mais eficiente e segura de congelamento rápido.

No Brasil, a venda de óvulos é proibida, mas desde 2017 qualquer mulher de até 35 anos pode doar óvulos. A doação é anônima, quem vai receber pode apenas pedir semelhanças como tipo de sangue, cor de pele e cabelo, por exemplo. No caso de Fabiane, em 2019, ela decidiu não descartar e nem doar. Ela preferiu implantar os embriões que estavam congelados há 9 anos.

O médico Carlyson Moschen, diretor da Unifert, conta que não é raro a gravidez acontecer com os embriões congelados há anos. “Os embriões congelados, com a técnica de vitrificação, mantêm uma qualidade embrionária muito boa. O índice de sobrevivência na clínica supera 99%”, diz.

O médico explica que o útero é preparado com medicamento e só depois é realizado o descongelamento do embrião, fazendo a sua transferência no momento hormonal certo. “A taxa de sucesso na fertilização in vitro vai depender da idade, e pode variar de 50% a índices muitos baixos, chegando a próximo de 1%. Com a idade aumentando os índices vão ficando menores”, ressalta.

Aspas de citação

A taxa de sucesso na fertilização in vitro vai depender da idade, e pode variar de 50% a índices muitos baixos, chegando a próximo de 1%

Carlyson Moschen
Médico
Aspas de citação

A mulher tem uma faixa de fertilidade muito alta antes dos 30 anos, e vai perdendo isso gradativamente até a menopausa, quando esgota sua capacidade fértil. Por isso, é importante levar em consideração a idade que se tem quando se opta por conservar um gameta: depois de congelados, os óvulos de uma mulher que decidiu guardá-los aos 30 anos provavelmente vão apresentar resultados muito melhores do que os de outra que decidiu recorrer ao congelamento anos mais tarde. “A idade é um fator importante na questão do índice de gravidez, já que as mulheres vão perdendo óvulos durante a vida”, explica  Carlyson Moschen. 

SEM PRAZO DE USO

Todos os óvulos podem ser congelados, e não há limite de anos para que eles fiquem na geladeira. “Não há limites, eles podem ficar anos congelados que não diminui a eficácia. Eles ficam num congelamento em nitrogênio líquido, em temperatura de -186 graus, e quando são descongelados a tendência é que tenham a mesma qualidade. Por isso que a vitrificação é tão boa como método de congelamento”, explica Carlyson Moschen.

Depois que o processo deu certo, nada muda na gravidez. É praticamente tudo igual. "Se utiliza o mesmo método e, depois que acontece, as gestações são normais de acordo com a faixa de idade da gestante", diz o médico. 

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais