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Projeto cria carrinhos para ajudar a mobilidade de crianças com deficiência em MG

Projeto cria carrinhos para ajudar a mobilidade de crianças com deficiência em MG

Iniciativa em Juiz de Fora adapta carrinhos para crianças que não podem andar

Publicado em 14 de outubro de 2021 às 18:02

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Fernanda, filha da Lívia, em seu carrinho adaptado pelo projeto Adapt
Fernanda, filha da Lívia, em seu carrinho adaptado pelo projeto Adapt. (Lívia Alonso/Projeto Adapt)

Transformar carrinhos de plástico simples, dando a eles novas funcionalidades para ajudar na mobilidade de crianças com deficiência. Essa é a proposta do projeto Adapt, da cidade de Juiz de Fora, a cerca de 260 km de Belo Horizonte.

A iniciativa é uma parceria entre as faculdades de fisioterapia e engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e conta atualmente com uma equipe de 25 pessoas, entre professores, estudantes e membros externos.

A professora da faculdade de fisioterapia da UFJF e coordenadora do projeto, Paula Chagas, diz que a iniciativa em Minas Gerais tem o diferencial de pegar carrinhos simples, sem motor e fazer todo o trabalho, desde a motorização até as adaptações para que as crianças com deficiência possam utilizá-los.

"A nossa proposta é pegar carrinhos de criança, que são empurrados, mais baratos e fazer toda transformação pra ele ser motorizado. E a gente quer tentar fazer isso com o custo mais baixo possível, para ser acessível às famílias. Um carrinho motorizado custa mais de R$ 1.000, isso é inacessível para muitas famílias", diz a coordenadora.

Inspirada no projeto Go Baby Go, da Universidade de Delaware nos Estados Unidos, a ideia chegou a Juiz de Fora por meio da fisioterapeuta Andréa Januario, amiga de Paula. Ela conheceu a iniciativa americana em um evento em 2019 e apresentou para os pais de seus pacientes.

Parte da equipe do projeto Adapt, da Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais
Parte da equipe do projeto Adapt, da Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais. (David Silva/Projeto Adapt)

David Silva, técnico em eletrônica na universidade e pai de uma das pacientes de Andréa, após ver os carrinhos resolveu fazer um desses para sua filha. Com o resultado positivo, eles se juntaram à Paula para institucionalizar o projeto na UFJF e atender mais pessoas.

A primeira criança a ser auxiliada pelo projeto Adapt foi Fernanda, 4, que tem paralisia cerebral. De acordo com a mãe, Lívia Alonso, a terapia com o carrinho já tem mostrado resultados positivos.

"Como o carrinho traz uma movimentação, um deslocamento, ele é um estímulo muito grande pra ela. A gente já tinha tentado usar outros brinquedos de ação e reação e sentimos muita dificuldade dela. Depois do carrinho, a gente percebeu que a percepção está diferenciada, ela já começou a entender os outros brinquedos."

Atualmente, Lívia é voluntária no projeto, atuando na equipe que fará a seleção e acompanhamento das próximas famílias beneficiadas. Além disso, ela também dá feedbacks quanto ao uso do equipamento por sua filha.

De acordo com Paula, o projeto depende diretamente do retorno das famílias. "Quando eles forem receber o carrinho, vão assumir o compromisso de aceitar nosso contato constante. A gente tem que saber se está dando certo, se eles estão usando, se precisa de outra adaptação no carrinho. Isso vai ser avaliado periodicamente", explica a coordenadora.

O programa possui quatro critérios de elegibilidade. O primeiro é a idade das crianças, até seis anos, devido ao tamanho dos carrinhos.

Carrinho adaptado pelo projeto Adapt, da Universidade de Juiz de Fora, para crianças com dificuldade de locomoção
Carrinho adaptado pelo projeto Adapt, da Universidade de Juiz de Fora, para crianças com dificuldade de locomoção. (Paula Chagas/Projeto Adapt)

O projeto também é voltado apenas para crianças que não podem andar. O terceiro critério é capacidade de fazer algum movimento para acionar o dispositivo. O último requisito é o espaço físico na residência para utilização do equipamento.

"O carrinho não é apenas um brinquedo, ele é uma terapia para ser feita em casa. A criança precisa praticar essa atividade com frequência para ter benefícios. Os estudos mostram que se ela tiver uma prática constante pode ter um desenvolvimento motor, cognitivo e social", afirma Paula.

Para a adaptação dos carrinhos são utilizados materiais novos e reaproveitados, como motores de para-brisa de carro, baterias de moto, tubos de PVC e outros materiais. Segundo David, eles mesmos procuram esses equipamentos em ferros-velhos e compram equipamentos que precisam ser novos, como acionadores e baterias.

Os primeiros protótipos criados custaram entre R$ 200 e R$ 300, que foram pagos pelas próprias famílias. Atualmente o projeto conseguiu a doação de 10 carrinhos para receberem as adaptações e busca o apoio de emendas parlamentares e empresas parceiras para ampliar a oferta dos carrinhos para mais crianças.

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