Mariana Reis é mestranda em Sociologia Política, Administradora , TEDex, Colunista e Personal Trainer

Que a renovação seja feita de inclusão

No Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, precisamos continuar a batalhar para não perdemos as conquistas, ou para frearmos as injustiças

Publicado em 21/09/2021 às 08h50
Cadeira de rodas, acessibilidade, praia
É necessário pensar e agir para o nascimento e a renovação de políticas públicas que levem em conta o ponto de vista das pessoas com deficiência. Crédito: Pixabay

Primavera é minha estação favorita. Tem um vento diferente, tem tons de amarelo, azul e lilás. O céu tem uma beleza própria. Hoje, 21 de setembro, celebramos o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. A estação das flores marca a renovação da vida e desperta o encantamento. Tem uma mistura de felicidade e desejo no ar.

Essa data, oficializada em 2005 pela Lei Nº 11.133, já era comemorada desde o ano de 1982. E você sabe em qual cidade nasceu a ideia desse dia? Daqui, da cidade de onde escrevo: Vitória – ES.

Em 1982, em um Encontro Nacional de Dirigentes de Entidades de Pessoas com Deficiência, decidiram instituir o dia que hoje é comemorado em todo Brasil. E claro, sendo amiga de um dos caras mais combativos, desbravador e atuante na área, e que estava lá nesse dia, Claudio Vereza, essa informação me foi assegurada.

A data foi escolhida pela proximidade com a primavera e o Dia da Árvore, numa representação do nascimento de nossas reivindicações de cidadania e participação plena em igualdade de condições. Assim como as flores e plantas encontram em setembro seu momento de maior energia e exuberância, nós, pessoas com deficiência, também nos renovamos para florescer em direção a um espaço de visibilidade, conquistas e direitos.

E falando em direitos, nunca na história do movimento das pessoas com deficiência, precisamos batalhar tanto para não perdemos as conquistas, ou para frearmos as injustiças. O sol de primavera anda tentando se esconder na displicência com que o atual Governo trata os nossos direitos. É recorrente ver a elaboração de uma política pública, que pretende ser inclusiva, "esquecer" de consultar as pessoas com deficiência, não é mesmo?

Precisamos virar esse jogo e, em sintonia com a proposta do Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, pensar e agir para o nascimento e a renovação de políticas públicas que levem em conta o nosso ponto de vista.

Este ano, a primavera também nos convida a sair de casa (ainda com cautela), depois de tanto tempo em isolamento. Meu desejo por percorrer as ruas, o sol, o vento, com um simples gesto de propulsão nas minhas rodas, faz meu coração pulsar e imaginar novos percursos, novas vistas. É um ano em que nossas esperanças parecem reacender. Eu me sinto animada para celebrar tudo junto.

Minha sugestão é para deixarmos as tristezas, acessórios de angústia e medo de lado, e nos permitir ser levados pela simplicidade e sensações que esta estação nos oferece. Revidemos aquilo que tenha vida em nós e que valha nosso esforço. A primavera nos convida a revigorar, prosseguir a caminhada, e resgatar a nossa história. Em cada passo, na vida ou na natureza, há afetos que se misturam. Sempre há tempo. Tempo para acreditar e tempo para seguir o caminho. Estejamos unidos para continuar os embates caso eles apareçam ou insistam em permanecer

Um brinde a tudo que conquistamos e a todos que estão conosco na luta. Um brinde à renovação e à produção que é coletiva e diária.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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