Residente em Jornalismo / [email protected]
Publicado em 11 de setembro de 2025 às 14:20
“E se o Brasil fosse uma marca, como ela seria?” A pergunta é do consultor especialista em branding e gestão de marcas Jaime Troiano, fundador da Troiano Branding, um dos nomes mais conhecidos do mercado nacional, que na última quarta-feira (10) desembarcou no Espírito Santo para uma palestra direcionada ao mercado publicitário. E embora a resposta à questão não seja simples, uma coisa é certa: as contradições brasileiras são um chamariz da atenção internacional. >
Segundo Troiano, compreender que o país “vive entre luzes e sombras” é essencial para empresas e investidores que querem atuar aqui. O argumento vem de um estudo realizado com estrangeiros que escolheram viver no Brasil e apresentado pelo consultor a uma plateia de mais de 100 empresários, formadores de opinião e publicitários, em Vitória.>
“Quem escolhe viver aqui não busca previsibilidade, busca intensidade. Somos ao mesmo tempo acolhedores e permissivos, alegres e pouco produtivos, criativos e desconfiados. O Brasil é um pacote completo, com luz e sombra, e é justamente isso que nos torna únicos”, afirmou Troiano.>
A pesquisa, desenvolvida pela Troiano Branding, revelou um retrato de contrastes, sustentado por três pilares. O primeiro é o caráter afável, expresso na hospitalidade e na facilidade de acolher o outro. À amostragem, uma entrevistada austríaca destacou a “abundância de ‘sim’” que encontrou no país, mas lembrou que a dificuldade de dizer “não” faz com que erros se repitam, segundo sua percepção. >
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O segundo é o hedonismo, a busca pela alegria e prazer no dia a dia. Uma pesquisadora americana relatou como os brasileiros conseguem sorrir diante da adversidade, embora esse traço também seja associado à baixa produtividade. Como explicou Troiano, “a sombra do prazer é a baixa produtividade. O brasileiro sabe viver a vida, mas muitas vezes fica com o pé atrás na hora da eficiência e da produtividade.”>
Já o terceiro pilar é a elasticidade das regras, vista por alguns como criatividade e improviso, mas interpretada também como falta de segurança. Segundo Troiano, “ser criativo é uma força nossa, mas a elasticidade das regras também gera insegurança. É o famoso ‘essa lei pega, essa não pega’.” Um japonês entrevistado resumiu: “há muita criatividade aqui, mas parece que nem sempre ela sai do papel”.>
Da combinação desses traços nasce o que Troiano chama de “paradoxo Brasil”, onde o país tenta se vender só por adjetivos atrativos, mas sem conseguir esconder tropeços: “Não adianta querer apagar as sombras. O verdadeiro desafio é integrar contradições de forma inteligente, e não fingir que elas não existem”, adverte o consultor.>
As reflexões foram apresentadas no lançamento da 16ª edição do Prêmio Marcas de Valor de A Gazeta, uma pesquisa que revela as marcas mais admiradas pelos capixabas em 33 categorias distintas. Na avaliação de Troiano, compreender esse equilíbrio entre luz e sombra é fundamental para quem deseja investir ou empreender no país. “Nossa identidade é feita de luz e sombra. É a soma das duas que nos dá força. O caminho é integrar contradições de forma criativa e autêntica. Essa é a verdadeira marca do Brasil”, concluiu.>
* Este conteúdo foi produzido por João Pimassoni, Residente do 28º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, sob orientação do editor Eduardo Fachetti >
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