Convento da Penha, em Vila Velha: Festa da Penha será novamente virtual em 2021, mas festividade continua sendo uma oportunidade de se conhecer a história do maior símbolo do Espírito Santo
Convento da Penha, em Vila Velha: Festa da Penha será novamente virtual em 2021, mas festividade continua sendo uma oportunidade de se conhecer a história do maior símbolo do Espírito Santo. Crédito: Ricardo Medeiros

Convento da Penha, a consumação de um sonho franciscano

Passados 451 anos, a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil está prestes a receber o título definitivo de posse de toda a área do Monte da Penha

Publicado em 03/04/2021 às 10h00
  • Manoel Goes Neto

    É escritor e subsecretário municipal de Cultura de Vila Velha

A festa de Nossa Senhora da Penha, realizada no Convento da Penha, neste ano no período de 4 a 12 de abril, é uma homenagem à Padroeira do Espírito Santo. Além do significado religioso que tem para o Estado, é uma das mais importantes festas para o movimento turístico capixaba, crescendo a cada ano. É o maior evento religioso do Estado, e a terceira maior festividade mariana do Brasil, e que completa neste ano 451 anos de festividades ininterruptas. Como no ano passado, será novamente de maneira virtual devido aos protocolos de prevenção ao novo coronavírus.

O Convento foi fundado em 1651, praticamente 80 depois da morte do irmão leigo franciscano Pedro Palácios, que havia chegado a Vila Velha nos anos 1550 e construiu no alto da Penha um oratório (ermida), onde colocou a estampa de Nossa Senhora das Alegrias, e escultura em madeira de Nossa Senhora da Penha, que mandara vir de Portugal.

No final do século XVI a então governadora da Capitania do Estado do Espírito Santo, Dona Luísa Grinalda, fez a doação do Outeiro da Ermida das Palmeiras (Monte da Penha) para os franciscanos, através de Título Colonial de Doação. E, passados 451 anos, a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil está prestes a receber o Título Definitivo de Posse (Escritura Definitiva) de toda a área do Monte da Penha.

Portanto não foi frei Pedro Palácios que construiu o Convento, mesmo porque não tinha atribuição para decidir por essa fundação, e aqui estava sozinho, tendo chegado já um ancião para a época, com cerca de 58 anos de idade. A obra do Convento contou com trabalho de devotos, de indígenas e de escravos africanos, existindo lá inclusive uma senzala que chegou a ter 60 serviçais, que atuavam também na manutenção.

Foi a partir de 1639 que o então Guardião do Convento da Penha, Frei Paulo de Santo Antonio, transformou a então ermida em altar-mor e começou a construir a igreja que, com o passar dos anos, foi se ampliando até tomar a forma atual.

Em 1955, através do Título de Custódia para Serviço do Patrimônio da União, e homologado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-Iphan, houve a entrega definitiva do Convento aos franciscanos por licença da Santa Sé (Vaticano).

Assim como fizeram o Imperador D. Pedro II e sua comitiva em 1860, mais de 3,5 milhões de fiéis e turistas visitam por ano o Convento da Penha. Mas devido à pandemia não tivemos muitas visitações ao Convento da Penha desde 2020. No ano passado as festividades foram realizadas de maneira virtual, e assim será novamente neste ano, com a transmissão das missas.

Temos no Convento da Penha maravilhosas obras de arte de vários autores, de várias épocas, destacando-se as de Benedito Calixto, de Vitor Meireles, e as de Carlo Crepaz. A autoria da tela de Nossa Senhora das Alegrias e de Nossa Senhora da Penha, trazidas por Frei Pedro Palácios, é desconhecida. Um ícone capixaba que é obrigatório de ser conhecido, principalmente para desfrutar do belíssimo visual, visto do alto, das terras capixabas. A Festa da Penha é um patrimônio histórico-cultural-imaterial de grande relevância, nos quase cinco séculos de história dos capixabas.

*Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta

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