Publicado em 14 de março de 2022 às 14:58
As negociações para tentar pôr um fim à guerra da Rússia contra a Ucrânia recomeçaram nesta segunda-feira (14) sem avanços concretos, apesar da expectativa de autoridades dos dois países de que um acordo poderá ser alcançado ainda nesta semana.>
Ao mesmo tempo, a Rússia sugeriu que poderá ocupar militarmente todos os "centros populacionais" principais do país vizinho, além de manter o ritmo intenso de ataques nos cercos que faz a cidades como Kiev, Kharkiv e Mariupol.>
"Vamos fazer uma pausa técnica até amanhã [terça, 15] para seguir trabalhando nos subgrupos", afirmou no Twitter Mikhailo Podoliak, principal assessor do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski. Diferentemente de três encontros de delegações na Belarus e de uma frustrada cúpula diplomática entre os chanceleres na Turquia, a reunião desta segunda foi virtual.>
Ela se deu após declarações inusualmente otimistas dos dois lados no domingo (13), prevendo algum tipo de arranjo além da questão dos corredores humanitários para "os próximos dias", segundo o negociador russo Leonid Slutski.>
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Ao mesmo tempo, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou nesta segunda que a Rússia não descarta ocupar as principais cidades ucranianas.>
"O Ministério da Defesa, enquanto garante o máximo de segurança para a população civil, não exclui a possibilidade de tomar os centros populacionais principais sob total controle", disse.>
Ele respondia a uma questão sobre a informação vazada por Washington de que a Rússia teria pedido ajuda militar e econômica para a China. "Não", disse, afirmando que Moscou tem condições de tocar a guerra sozinha. Pequim também negou a hipótese, classificando-a de intriga americana.>
O movimento de aumentar a pressão militar e acenar diplomaticamente faz sentido na visão do Kremlin, que retirou a derrubada do governo de Zelenski de sua retórica e, nas palavras do próprio Peskov na semana passada, enumerou suas condições para acabar com a guerra.>
Os russos querem Kiev desmilitarizada, rejeitando adesão à Otan (aliança militar ocidental) ou à União Europeia e reconhecendo as áreas de maioria russa que já perdeu em 2014: a Crimeia anexada por Vladimir Putin e o Donbass declarado independente por Moscou.>
Zelenski acenou positivamente à ideia de conversar sobre isso, mas depois voltou a assumir a postura de "luta até o fim" que tomou com o apoio ocidental, ainda que se queixe de que a Otan não entra na guerra a seu lado.>
No domingo, essa equação ganhou contornos dramáticos com o ataque russo a um centro de treinamento e ligação entre forças ucranianas e ocidentais a 25 km da fronteira do país com a Polônia, o membro da Otan mais disposto a elevar o tom contra os russos até aqui. Temores de uma escalada que, no limite, poderia levar à Terceira Guerra Mundial, pautam essa discussão.>
A frase de Peskov parece adicionar ameaça, e na prática as forças russas já estão redesenhando o mapa da Ucrânia. A certeza de uma insurgência e da continuidade das sanções mundiais contra Moscou, contudo, fazem crer que o Kremlin pode deixar Zelenski permanecer no poder se aceitar as condições impostas.>
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