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Polícia mata ciclista negro em Los Angeles com ao menos 10 tiros pelas costas

Polícia mata ciclista negro em Los Angeles com ao menos 10 tiros pelas costas

A morte do ciclista Dijon Kizzee deu início a novos protestos em Los Angeles contra a violência policial e o racismo

Publicado em 2 de setembro de 2020 às 07:43

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Protestos em Los Angeles após a morte do ciclista Dijon Kizzee
Protestos em Los Angeles após a morte do ciclista Dijon Kizzee. (Reuters/Folhapress)

Policiais em Los Angeles, na Califórnia, mataram um homem negro com pelo menos dez tiros pelas costas após uma abordagem motivada por uma infração de trânsito nesta segunda-feira (31) -em mais um caso que gerou protestos contra a violência policial nos EUA.

De acordo com a versão dos policiais, o ciclista Dijon Kizzee, 29, foi abordado por uma infração de trânsito, tentou fugir e agrediu um policial, deixando cair uma arma de fogo que carregava escondida em uma trouxa de roupas.

Ao enxergarem a arma no chão, os agentes atiraram.

O advogado da família, Benjamin Crump, disse que Kizzee foi baleado mais de 20 vezes, o que a polícia nega. Um porta-voz da corporação não especificou quantos disparos foram efetuados, mas disse que foram menos de 20.

Uma testemunha ouvida pelo jornal Los Angeles Times conta ter ouvido "de oito a dez tiros" e afirma que os policiais continuaram atirando mesmo com Kizzee já no chão.

De acordo com o New York Times, após os disparos, os policiais algemaram Kizzee, que morreu no local. Segundo testemunhas, autoridades demoraram horas para recolher o corpo.

A morte de Kizzee deu início a novos protestos em Los Angeles contra a violência policial e o racismo. Cerca de 100 pessoas marcharam até uma delegacia, de acordo com o Los Angeles Times. A manifestação foi pacífica, mas uma pessoa foi presa por reunião ilegal, segundo a polícia.

Manifestantes pediram que os nomes dos policiais envolvidos sejam divulgados e que uma investigação independente seja conduzida pela procuradoria-geral da Califórnia. Uma autópsia será conduzida ainda nesta terça.

A tia de Kizzee, Fletcher Fair, disse em entrevista coletiva que estava "cansada" de ver violência policial contra negros nos EUA. "Estou triste e furiosa ao mesmo tempo. Por que nós?"

O ativista Najee Ali, que falou junto de Fair, disse que os policiais "executaram um homem por andar de bicicleta". "Eles vão dizer que [Kizzee] tinha uma arma, mas não vão dizer que ele não estava armado. Não apontou a arma. Não havia razão para atirar em um homem fugindo." Ali disse que a família vai pedir uma autópsia independente.

Benjamin Crump, que é um advogado conhecido por atuar em casos de direitos civis nos EUA, afirmou em publicação no Twitter que "policiais dizem que [Kizzee] correu, deixando cair roupas e um revólver. Ele não pegou de volta, mas os policiais atiraram nele mais de 20 vezes e o deixaram ali por horas".

A morte de Kizzee é o mais recente caso de uma pessoa negra morta ou ferida por policiais nos EUA. Na semana passada, Jacob Blake também foi baleado pelas costas por policiais e ficou paralisado da cintura para baixo em Kenosha, no Wisconsin.

O caso deu novo fôlego a protestos antirracistas e contra a violência policial no país, que tiveram início com a morte de George Floyd, morto por um policial branco em maio em Minneapolis durante uma abordagem gravada em vídeo.

O presidente Donald Trump visitou Kenosha nesta terça, mas não falou com familiares de Blake, dizendo que não concordava com a presença do advogado da família durante a conversa. O republicano se encontrou com policiais e comerciantes que tiveram danos durante os protestos e chamou os atos de "terrorismo doméstico".

O presidente também atacou prefeitos democratas por não serem firmes contra o vandalismo e o crime e relacionou os protestos a grupos antifascistas, defendendo aumentar o uso da força contra eles.

O candidato democrata à Presidência, Joe Biden, condenou Trump nesta segunda (31) por "incitar a violência" contra manifestantes. Trump sugeriu em entrevista coletiva na segunda que Kyle Rittenhouse, adolescente branco que matou dois manifestantes e feriu um terceiro em Kenosha, agiu em legítima defesa, dizendo que ele "provavelmente teria morrido" se não tivesse disparado.

Imagens gravadas por testemunhas mostram o momento em que um grupo de manifestantes tenta desarmar Rittenhouse após ele ter atirado em um deles. O adolescente então faz disparos à queima-roupa contra seus perseguidores. Ele foi acusado de homicídio em primeiro grau, equivalente ao homicídio doloso no Brasil, quando há intenção de matar, e pode pegar prisão perpétua.

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