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Merkel cria diálogo imaginário com coronavírus para defender novo bloqueio

Merkel cria diálogo imaginário com coronavírus para defender novo bloqueio

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, defendeu no Parlamento o que ela chamou de "bloqueio suave" com novas restrições que serão impostas

Publicado em 29 de outubro de 2020 às 16:43

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Chanceler alemã Angela Merkel
Chanceler alemã Angela Merkel . (Pixabay)

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, recorreu a um diálogo imaginário com o coronavírus para defender no Parlamento o que ela chamou de "bloqueio suave": novas restrições que serão impostas a partir de segunda (2).

Em discurso aos deputados nesta quinta, Merkel respondeu à suposta frase do patógeno criada por uma popular youtuber alemã, a química e jornalista Mai Thi Nguyen-Kim, cujo canal de divulgação científica MaiLab tem quase 1,1 milhão de seguidores.

Se pudesse pensar, segundo a youtuber, o novo coronavírus diria: "Eu tenho o hospedeiro perfeito aqui. Essas pessoas, que vivem em todo o planeta, são globalmente fortes, fortemente conectadas, são criaturas sociais, então não podem viver sem contatos sociais, são hedonistas, gostam de festa, então não poderia ser melhor".

"Que nada, vírus! Você não aprendeu nada com a evolução?", respondeu a chanceler alemã. "Nós, humanos, já mostramos várias vezes que somos muito bons em nos adaptar a situações difíceis. Mostraremos que você escolheu o hospedeiro errado."

O clima da sessão no Parlamento, no entanto, esteve longe de ser descontraído. Merkel foi interrompida várias vezes por gritos de deputados, principalmente do partido de direita radical AfD (Alternativa para a Alemanha), irritados com as novas restrições impostas para conter a transmissão da Covid-19.

Durante o mês de novembro, bares e restaurantes só poderão fazer entregas, e espaços culturais e academias de ginástica ficarão fechadas. Hotéis não foram fechados, mas aconselhados a reduzir a ocupação, e viagens desnecessárias devem ser evitadas. Reuniões foram limitadas a duas famílias e no máximo dez pessoas.

"As medidas que temos que tomar agora são adequadas, necessárias e proporcionais", defendeu Merkel, que prometeu reavaliar as restrições em 15 dias e relaxá-las se a transmissão de coronavírus tiver caído.

Embora a Alemanha tenha um dos menores índices tanto de casos quanto de mortes na Europa e uma das mais bem preparadas estruturas de saúde, o governo disse que a explosão de novos casos confirmados tornou inviável rastrear e isolar quem entrou em contato com alguém infectado.

As equipes não estavam conseguindo localizar a origem de 75% das infecções, de acordo com a chanceler alemã, e os trabalhos de rastreamento foram paralisados em várias regiões do país.

Sem esse sistema de vigilância, argumenta Merkel, a pandemia sai de controle e antes do final do ano os hospitais entram em colapso, o que tornou imprescindível o atual "freio de segurança". Parlamentares, no entanto, afirmaram que o governo passou por cima do Legislativo e ameaçou a democracia. O governo também entrou na mira de donos de restaurantes, bares e empresas da área de lazer, que tiveram gastos para aumentar a segurança de seus estabelecimentos contra o contágio da Covid-19.

Apesar do anúncio de que haverá apoio do governo a empresas e trabalhadores afetados pelo novo bloqueio, os empresários temem que essa segunda paralisação acabe sendo fatal para seus negócios.

Merkel, que em várias oportunidades tem se mostrado preocupada em reduzir a pressão da pandemia antes que cheguem as festas de fim de ano, encerrou seu discurso no parlamento dizendo que o inverno será difícil: "Quatro longos meses. Mas isso vai acabar".

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