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EUA adotarão a menor cota para refugiados desde 1980

EUA adotarão a menor cota para refugiados desde 1980

O governo afirmou que a restrição de apenas 15 mil refugiados reflete a priorização da "segurança e do bem-estar dos americanos, especialmente à luz da pandemia

Publicado em 1 de outubro de 2020 às 17:59

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Presidente dos Estados Unidos Donald Trump
Presidente dos Estados Unidos Donald Trump. (Official White House Photo by Andrea Hanks)

governo Donald Trump anunciou que acolherá apenas 15 mil refugiados nos Estados Unidos nos próximos 12 meses, quando é contabilizado o ano fiscal de 2021. É a cota mais baixa desde a criação do programa para refugiados no país, em 1980.

O departamento de Estado afirmou na noite de quarta-feira que a restrição reflete a priorização da "segurança e do bem-estar dos americanos, especialmente à luz da pandemia de Covid-19". O governo recomendou que os refugiados de guerra sejam realocados para lugares mais próximos aos seus países de origem, e que os EUA estendarão o asilo a milhares de pessoas por meio de um processo separado.

Desde que tomou posse, Trump promoveu cortes agressivos na política de aceitação a refugiados. Ao deixar a Casa Branca, o ex-presidente Barack Obama estipulou que até 110 mil pessoas poderiam ser acolhidas em 2017. Nos anos seguintes, Trump reduziu as cotas para 45 mil em 2018, 30 mil em 2019 e 18 mil em 2020 -das quais apenas 11 mil foram efetivamente preenchidas.

A gestão foi criticada o seu início por abandonar o papel histórico dos EUA como abrigo para pessoas perseguidas em seus países de origem, o que também afeta negativamente outros objetivos de política exterior.

Questionado sobre a redução, o secretário de Estado Mike Pompeo afirmou que não havia "nenhum país mais generoso que os EUA" no que diz respeito à prestação de assistência humanitária.

A ex-candidata pelo partido democrata ao governo de Maryland e presidente do Serviço de Imigração e Refúgio para Luteranos, Krish Vignarajah, escreveu no Twitter que os cortes recentes representam "uma abdicação completa do nosso dever moral e de tudo que representamos enquanto nação".

O candidato democrata à presidência, Joe Biden, já havia prometido elevar as cotas de acolhimento para 125 mil, caso ganhe a eleição em novembro.

Das 15 mil cotas disponíveis para os próximos 12 meses, 5 mil serão destinadas a refugiados perseguidos por sua religião, 4 mil a refugiados iraquianos que ajudaram os EUA e mil a refugiados de El Salvador, Guatemala e Honduras. Sobram apenas 5 mil para os demais grupos.

O processo de obtenção de asilo nos EUA é sabidamente complexo e burocrático, e foi acusado de usar critérios falhos e subjetivos para escolher quem pode viver no país. Nos cinco anos seguintes à invasão do Iraque pelos EUA, por exemplo, o país aceitou apenas 800 refugiados iraquianos; no ano passado, das 4 mil vagas destinadas a pessoas pedindo refúgio do Iraque, somente 123 foram de fato aceitas e realocadas no país.

Para efeito de comparação, os EUA providenciaram asilo a mais de 100 mil refugiados vietnamitas durante a Guerra do Vietnã (1955-1975).

O presidente da ONG Refugees International, Eric Schwartz, disse que a ação do presidente decepciona, mas não surpreende. "Faz parte de uma estratégia geral de alarmismo e difamação dos refugiados", disse ele, que foi responsável pela política de refúgio na gestão Obama (2009-2017).

Manar Waheed, da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), afirmou que Trump tenta exterminar os sistemas de imigração "para assegurar que os imigrantes negros, árabes e latinos não tenham refúgio na nossa nação".

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