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Produção de veículos cresce 8% no primeiro trimestre de 2025, apesar de recuo em março

Produção de veículos cresce 8% no primeiro trimestre de 2025, apesar de recuo em março

Segundo a Anfavea, exportações também tiveram alta de janeiro a março deste ano, com destaque para envios para a Argentina; “tarifaço” de Trump e demora do governo federal preocupam setor

Gabriel Mazim

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Publicado em 8 de abril de 2025 às 18:25

 - Atualizado há 8 meses

Fábrica de carros
No primeiro trimestre de 2025, o Brasil produziu 582,9 mil veículos e exportou 115,6 mil Crédito: Shutterstock

No primeiro trimestre de 2025 foram produzidos 582,9 mil veículos no Brasil, um aumento de 8,3% em relação ao mesmo período do ano passado – quando foram fabricadas 538 mil unidades. Os dados são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e foram divulgados durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (8).

Diferentemente do resultado geral do trimestre, março registrou uma queda de 12,6% na produção de veículos em relação ao mesmo período em 2024, sendo esta a pior marca para o período desde 2022. No terceiro mês de 2025 também houve uma redução de 19% nas exportações, comparado a fevereiro.

O relatório da entidade mostrou ainda que a exportação aumentou 40,6% nos três primeiros meses de 2025, em relação ao mesmo período de 2024, chegando a 115,6 mil unidades. No ano passado, o Brasil exportou 82,2 mil veículos no primeiro trimestre.

Durante a divulgação dos dados, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, destacou que a recuperação da Argentina foi um dos principais fatores por trás da alta na exportação. O país vizinho, inclusive, é o principal importador de automóveis do Brasil, sendo o destino de 58% das unidades exportadas – no total, 67.630 de janeiro a março deste ano, comparado a 30.777 no mesmo período de 2024.

"A Argentina registrou crescimento de 120% e isso acaba impactando as exportações brasileiras, mesmo com uma queda de 19% em março. Junto dela, Colômbia e Chile crescendo também ajudaram nas exportações", ressalta.

Além das exportações, as importações de veículos também aumentaram 25,1% no primeiro trimestre deste ano, totalizando 112,8 mil unidades, em comparação às 90,2 mil unidades importadas no mesmo período em 2024. Os países que mais exportaram para o Brasil foram Argentina e China, com 52.930 e 32.143 unidades, respectivamente.

Setor em alerta

Apesar do resultado final positivo no primeiro trimestre, a Anfavea também apresentou durante a coletiva alguns pontos que geram preocupação para o setor no Brasil. Isso inclui fatores como o atraso na divulgação dos decretos que regulamentam o Programa Mover, o esgotamento dos recursos para pesquisa e desenvolvimento (P&D) e o pedido de recomposição imediata do imposto de importação de 35% para veículos eletrificados.

Segundo Márcio de Lima Leite, essas questões podem impactar negativamente os investimentos de fabricantes de veículos no país.

“Esses impasses podem comprometer parte dos investimentos anunciados, sobretudo num momento de grande tensão global, com as tarifas impostas pelo governo norte-americano impactando negativamente toda a geopolítica econômica global, inclusive o setor automotivo nacional e sua longa cadeia de suprimentos”, atenta.

O “tarifaço” de Donald Trump, inclusive, é um dos fatores que Leite elencou como possíveis obstáculos para o desenvolvimento da indústria automotiva no Brasil, ainda que não diretamente. Ele cita a redução da exportação do México para os Estados Unidos, por exemplo, como uma consequência que afetaria o setor nacionalmente.

“Uma vez que a queda acontece, o México vai enviar as unidades para outros países com os quais tem algum acordo comercial, como é o caso do Brasil. Muitos investimentos que seriam realizados no Brasil ou Argentina, deixarão de ser feitos para utilizar a capacidade ociosa das fábricas mexicanas, por conta dessa tarifa extra", explica.

Outra possível ameaça para o setor no Brasil, destacado pela associação durante a coletiva, seria o pedido de empresas chinesas ao governo federal para que haja uma redução dos impostos para a produção local em CKD e SKD (modalidades em que os veículos vêm  completamente ou parcialmente desmontados para serem finalizados no Brasil). Segundo a Anfavea, essa redução tributária seria altamente danosa aos fabricantes plenos nacionais, aos empregos e aos investimentos em toda a cadeia automotiva brasileira.

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