> >
Times capixabas são contra a redução de datas no Capixabão

Times capixabas são contra a redução de datas no Capixabão

Em discurso de posse na CBF, Samir Xaud propôs a redução do calendário de torneios estaduais

Publicado em 27 de maio de 2025 às 15:49

Vitória e Desportiva fizeram clássico sem grandes emoções
Vitória e Desportiva se posicionam contra a fala de Samir Xaud Crédito: Henrique Montovanelli/FES

Texto feito por Tiago Taam, para ge.globo

A Confederação Brasileira de Futebol tem um novo presidente. Samir Xaud, antes responsável pela Federação Roraimense de Futebol, discursou em sua apresentação sobre diversos temas. Dentre eles, o novo chefe da entidade assumiu a responsabilidade de diminuir as datas dos Estaduais. A atitude repercutiu negativamente entre dirigentes capixabas.

Há 23 anos, o futebol do Espírito Santo depende de vagas doadas pela CBF para disputar competições nacionais, que dão calendário aos clubes além dos torneios estaduais, durante o segundo semestre. Em 2025, Rio Branco- e Porto Vitória são os representantes capixabas na Série D, o nível nacional mais baixo dentre as quatro divisões do país. Sendo assim, a importância do certame local representa a sobrevida para 80% das equipes que disputam a Série A do Campeonato Capixaba.

Em média, mais de 250 jogadores recebem, em teoria, salário para pagar as despesas pessoais e ajudar a família. O ordenado, destacado por não ser da mesma realidade que nas grandes ligas do futebol, é afetado pela quantidade de partidas jogadas, que interfere na duração de contrato do atleta. O Campeonato Capixaba 2025 foi disputado em 15 datas, das quais nove são realizadas na primeira fase. Com a vaga nas quartas de finais, são somados dois jogos a cada classificação, até a final.

Na temporada 2025, com 15 datas marcadas, o Estadual do Espírito Santo chegou a receber seis rodadas no mês de fevereiro. A quantidade de partidas representa a importância de cada mensalidade a mais no bolso dos atletas e na renda dos clubes. Conforme o discurso de Samir Xaud, o presidente planeja reduzir a disputa dos estaduais para 11 datas ao todo. Essa mudança pode afetar diretamente na limitação de renda dos clubes e dos jogadores que não chegam à final do torneio.

Samir Xaud, futuro presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), em frente ao escudo da instituição
Samir Xaud, novo presidente da CBF Crédito: Reprodução/Confederação Brasileira de Futebol

Repercussão de dirigentes capixabas

Após o discurso do presidente da CBF, o ge.globo questionou as diretorias dos clubes do Espírito Santo sobre o posicionamento das instituições sobre o plano de Samir Xaud. O presidente Guto Matos, representante do Vitória, destacou o prejuízo financeiro em relação à perda de patrocinadores. "Essa mudança traria grandes prejuízos financeiros, ocasionando no início do fim dos clubes capixabas. Isso iria impactar em uma redução na visibilidade e na divulgação de produtos, excluindo alguns patrocinadores que ainda ajudam", destacou o alvianil

O gestor Gabriel Venturim, responsável pelo futebol da Desportiva Ferroviária, chamou atenção para um possível aumento na dificuldade de contratação. Com o calendário escasso, o dirigente entende que o Espírito Santo seria uma 'vitrine' ainda menor para os jogadores. "A gente já tem muita dificuldade em contratar atletas com o atual número de datas. Essa mudança traria ainda mais obstáculo, porque você diminui a exposição. O campeonato se enfraquece e o atleta que busca uma vitrine tem cada vez menos exposição", analisou.

Os dirigentes de Serra e Rio Branco, quarto e primeiro em número de títulos capixabas, respectivamente, não responderam aos questionamentos da reportagem.

Rio Branco e Serra empata em 3 a 3, pela Copa ES
Rio Branco e Serra, pela Copa ES Crédito: Wagner Chaló

Opinião dos menores campeões

Presidente do Estrela do Norte, Anderson Grasseli ressaltou a importância dos Estaduais para os clubes do interior e aos atletas que buscam espaço no futebol. "Reduzir de 15 para 11 datas, como foi sugerido, representa um corte drástico que impacta diretamente os clubes do interior, atletas em formação, treinadores e até mesmo o desenvolvimento das comunidades que vivem o futebol de forma intensa" disse.

Tricampeão capixaba, o proprietário do Real Noroeste, Fláris da Rocha, sugere manter a quantidade de datas, porém antecipando o início da disputa para a primeira semana do ano. "Como aqui não tem muitos torneios para os clubes capixabas jogarem, o Estadual poderia começar, no máximo, nos dias 4 ou 5 de janeiro. Começando antes, não seria necessário mudar na quantidade de datas", opinou.

Presidente do Vilavelhense, Miguel Trés, recebeu o discurso de forma negativa. Em busca da expansão de datas no Estadual do Espírito Santo, o dirigente lamentou a iniciativa de Samir Xaud e destacou a importância de ter mais jogos para empregar atletas. "Eu tenho feito propostas de aumentar as datas do Estadual e fico muito triste ao ver que os esforços para fortalecer o futebol regional seja ainda mais sucateado pelas pessoas que comandam o esporte no Brasil. É lamentável isso. Ao invés de colocar mais datas para gerar mais emprego, você vai trabalhar por 90 dias, no máximo, caso não consiga ser campeão, vice ou disputar Série C ou D. Passado o campeonato estadual, o clube fecha", criticou.

Este vídeo pode te interessar

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

Tópicos Relacionados

Esportes

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais