Estagiário / vantunes@redegazeta.com.br
Publicado em 4 de julho de 2025 às 14:57
Uma tragédia deixou o mundo do futebol de luto na última quinta-feira (3). A morte do atacante Diogo Jota, do Liverpool, e de seu irmão, André Silva, jogador do Penafiel, de Portugal, gerou comoção e abriu espaço para questionamentos sobre as circunstâncias do acidente que resultou na morte dos dois atletas.
Segundo informações preliminares, ambos estavam em um Lamborghini Huracán que pegou fogo após um dos pneus estourar. O condutor — cuja identidade ainda não foi confirmada — teria perdido o controle do veículo. Há versões indicando que a pista onde o carro trafegava, na Espanha, também apresentava más condições de conservação.
Para compreender melhor o que pode ter contribuído para o acidente, a reportagem ouviu o perito em trânsito Rodolpho da Hora. Ele destacou que diversos fatores precisam ser analisados com cautela. Segundo o especialista, modelos mais recentes de automóveis contam com um recurso conhecido como Gravador de Dados de Eventos (EDR, na sigla em inglês) — uma espécie de “caixa-preta” dos veículos, item obrigatório em carros europeus.
De acordo com ele, esses dispositivos registram informações cruciais nos momentos que antecedem e sucedem uma colisão. “A bruta dessas informações, chama raw data, detalha desde a posição do volante à posição em que o cinto de segurança estava na hora do acidente”, explicou.
Rodolpho acrescenta que a análise de qualquer acidente deve considerar três pilares: o fator humano, as condições ambientais e o estado do veículo. Segundo ele, o caso envolvendo Jota é especialmente delicado. “O trecho da pista em que ocorreu o acidente não era exatamente tão ruim assim e era um trecho reto. É um problema periciar ou ter uma análise imediata, em razão de o acidente ter acontecido num lugar ermo e não haver tantos registros”.
Rodolpho aponta que a localização do EDR no veículo pode ajudar a esclarecer o caso. Ele também alerta para o fato de o carro ter pegado fogo, o que pode dificultar a identificação das causas, inclusive no que diz respeito à preservação e à integridade do equipamento. Segundo ele, “o incêndio prejudica a coleta e análise de evidências. O estouro do pneu pode provocar um acidente, mas o incêndio é, provavelmente, uma consequência da colisão e da ruptura de componentes que liberam combustível em superfícies quentes. Afinal, o que pega fogo é o vapor do combustível e não o líquido em si”.
Rodolpho da Hora destaca que alguns veículos brasileiros já contam com o sistema EDR (Gravador de Dados de Eventos), e não necessariamente apenas os modelos de luxo. Para exemplificar, ele cita o Volkswagen T-Cross, um SUV crossover compacto que, embora não seja um carro popular, também dispõe desse recurso tecnológico.
Ainda segundo o especialista, embora o pneu estourado ou furado possa ser uma hipótese, ele não pode ser considerado como causa definitiva de maneira antecipada. “A perícia é, realmente, fundamental.”
A imprensa local também vem destacando uma suposta recorrência de acidentes na região onde ocorreu a colisão. No entanto, Rodolpho alerta que essa leitura pode ser precipitada, o que chama de “falso positivo”. Em suas palavras: “cada acidente deve ser avaliado individualmente, pois fatores como embriaguez podem estar presentes em múltiplos acidentes, mas não necessariamente indicam uma causa comum. É necessária uma análise e qualificação cuidadosas das informações”.
O perito também observa que, caso o veículo não houvesse pegado fogo, os sistemas de segurança poderiam ter reduzido significativamente o risco de morte. "O cinto permite que o corpo acompanhe a desaceleração do veículo, ao contrário de quando a pessoa está sem ele e sofre uma desaceleração muito maior. O airbag é um sistema auxiliar que complementa a proteção do cinto, evitando colisões da cabeça e reduzindo a desaceleração craniana".
Segundo a Guarda Civil Espanhola, Diogo Jota e o irmão estavam em um Lamborghini Huracán que colidiu e pegou fogo após uma tentativa de ultrapassagem, por volta de 0h30. Informações preliminares indicam que o pneu do carro teria estourado, provocando a perda de controle.
Atacante do Liverpool e da seleção portuguesa, Diogo Jota morreu na madrugada desta quinta-feira (03) em um acidente de carro na região de Zamora, na Espanha. Ele estava acompanhado do irmão, André Silva, que atuava como meio-campista no Penafiel, clube da segunda divisão portuguesa. O contrato seguiria até 2026. Iniciou sua trajetória nas categorias de base de Porto, Boavista e Famalicão
Segundo a Guarda Civil Espanhola, os dois foram encontrados já sem vida após o veículo em que estavam sair da pista em um trecho isolado da rodovia. A tragédia ocorre apenas 11 dias após Jota se casar com sua companheira de longa data, Rute Cardoso, com quem teve três filhos. A morte precoce dos irmãos gerou comoção e homenagens no mundo esportivo.
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