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O que está por trás da briga entre torcidas no lado de fora do Kleber Andrade?

O que está por trás da briga entre torcidas no lado de fora do Kleber Andrade?

Antes e depois do maior clássico do Estado disputado entre Rio Branco e Desportiva na última quarta-feira (26) pelo Capixabão, houve confronto de torcedores; A Gazeta procurou respostas junto aos clubes, Sesp e FES

Publicado em 26 de janeiro de 2024 às 19:53

Ícone - Tempo de Leitura 7min de leitura
Confusão no Kléber Andrade, em Cariacica
Houve confronto antes e depois do clássico entre Rio Branco e Desportiva no Kleber. (Reprodução | Redes Sociais)
Breno Coelho
Estagiário / [email protected]

Segundo relatos de torcedores que estavam presentes no local, a Polícia Militar escoltou os torcedores da Desportiva até a rua lateral ao estádio, próxima à bilheteria destinada aos torcedores do Rio Branco. A partir daí, parte da torcida grená partiu para cima da torcida Capa-Preta, que revidou as agressões – a maioria dos torcedores correu e não se envolveu na confusão. 

Diante dos fatos ocorridos, a reportagem de A Gazeta procurou respostas aos fatos junto à Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), os dois clubes e também a Federação de Futebol do Espírito Santo.

Nesta quinta-feira (25), que, em nota extensa, a Sesp afirmou ter ocorrido uma reunião entre clubes, federação e forças de segurança no último dia 19 de janeiro, onde segundo o órgão, foi estabelecido normas de segurança a serem seguidas a fim de garantir a integridade de todos no evento. 

Em um trecho da resposta, a Secretaria atribuiu o confronto a uma eventual ausência de controle de acesso e a falta de informação correta por parte dos organizadores da partida, como mostra o trecho abaixo.

Aspas de citação

Esclarecemos ainda que, conforme relatórios das agências de Segurança do Estado, devido à eventual ausência de controle de acesso e a falta de informação correta por parte dos organizadores, houve a migração irresponsável da torcida organizada da Desportiva, para o local onde se concentrava a torcida do Rio Branco (próximo à bilheteria), surgindo ali o incidente

Secretaria de Segurança Pública
Assessoria de imprensa
Aspas de citação

Ainda segundo a Secretaria, o efetivo destinado para a realização da partida foi de 120 agentes do Estado, entre a Polícia Militar (Regimento da Cavalaria, BME e 7º BPM), Corpo de Bombeiros e Polícia Civil (veja a nota completa da Sesp no final da reportagem).

O que diz o Rio Branco

O Rio Branco, mandante da partida, publicou uma nota oficial nas redes sociais horas depois do jogo, onde afirma que houve negligência por parte dos órgãos de segurança do Estado. 

A reportagem demandou o clube, que enviou outra nota, onde informa que todos os protocolos de segurança estabelecidos em reunião na Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). Além disso, o Rio Branco ressalta que divulgou amplamente os locais de acesso do estádio, diferentemente do que diz a nota da Secretaria.

O que diz a Desportiva

Também demandada, a Desportiva Ferroviária, visitante da partida, que por meio de nota, afirmou não ter responsabilidade sobre a divisão entre setores e direcionamento das torcidas, sendo esta uma atribuição do mandante junto ao poder público.

O clube ainda diz ter cumprido com todas as solicitações feitas na reunião com as forças de segurança, bombeiros, federação, agentes de mobilidade urbana e com o clube mandante, a qual contou, segundo a nota, com a presença da Desportiva. A resposta por parte do clube grená é encerrada com a instituição lamentando a falta de cumprimento dos protocolos de segurança, algo que segundo eles teria evitado os episódios lamentáveis ocorridos. 

E a FES?

Também citada na resposta da Sesp em relação à organização e responsabilidade na realização da partida, a Federação de Futebol do Espírito Santo também foi procurada por A Gazeta ainda na quinta-feira (25). Entretanto, até a publicação ocorrida nesta sexta, não houve um posicionamento por parte da FES. O espaço segue aberto caso haja uma manifestação.

Na íntegra

Abaixo, a reportagem de A Gazeta disponibiliza, integralmente, as respostas da Secretaria de Segurança Pública, Rio Branco e Desportiva, respectivamente.

Nota da Sesp

A Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social - SESP vem esclarecer que, no incidente envolvendo torcedores do Rio Branco e da Desportiva Ferroviária, na noite da última quarta-feira (24), em partida envolvendo esses dois times, válida pela segunda rodada do campeonato estadual de futebol (Capixabão), ocorreram brigas generalizadas entre eles, mais especificamente próximo à bilheteria do Estádio Kleber Andrade.

A SESP foi demandada pela Secretaria de Estado de Esporte - SESPORT, para coordenar a integração com as Forças de Segurança do Estado, com fito de estabelecer uma Operação Integrada visando a segurança durante a partida supra mencionada.

No último dia 19/01/24, às 10h00 da manhã no Gabinete de Gestão Integrada da SESP, reuniram-se sob coordenação da GEOPI/SESP, mediante convite: a SESPORT, Federação de Futebol do Estado do Espírito Santo - FES, CETURB, Prefeitura de Cariacica, Desportiva Ferroviária e o Rio Branco, e, por convocação: a PMES, CBMES, PCES, BPTran, RPMont, 4ºBPM, 7ºBPM e 6ºBBM. Na oportunidade foram estabelecidos protocolos de segurança para que o evento esportivo transcorresse de forma pacífica e dentro das normas técnicas.

Dentre as normas técnicas de segurança impostas pelas Forças de Segurança aos organizadores, foi a imperiosa separação das entradas das torcidas, ficando estabelecido que a torcida do Rio Branco usasse a entrada principal e a Desportiva, a entrada situada na parte de trás do Estádio. Destarte, a SESP informa ainda que, juntamente com essa recomendação técnica, foi orientado aos organizadores que divulgassem exaustivamente, através dos meios de comunicação e mídias sociais, a informação sobre as distintas entradas exclusivas para cada torcida.

Quanto ao efetivo das Forças de Segurança disponibilizado na cobertura da partida, informamos que foram escalados e empenhados um total de 120 agentes do Estado, entre a PMES (Regimento da Cavalaria BME e 7º BPM), CBMES e PCES.

Esclarecemos ainda que, conforme relatórios das agências de Segurança do Estado, devido à eventual ausência de controle de acesso e a falta de informação correta por parte dos organizadores, houve a migração irresponsável da torcida organizada da Desportiva, para o local onde se concentrava a torcida do Rio Branco (próximo à bilheteria), surgindo ali o incidente.

Diante da confusão generalizada, as Forças de Segurança do Estado, escaladas no evento, agiram de imediato dentro da proporcionalidade e necessidade e debelaram a turba, restabelecendo a ordem e a tranquilidade ao local. Reforçamos ainda que todos os protocolos técnicos foram observados, seguindo às doutrinas operacionais das tropas especializadas, visando principalmente a segurança da população capixaba.

Por fim, importante frisar que as vias no entorno do Estádio são municipalizadas, não cabendo, em princípio, ao Poder Público Estadual o controle de acesso e fiscalização de ambulantes.

Nota do Rio Branco

O Rio Branco Atlético Clube informa que cumpriu todos os protocolos de segurança estabelecidos em reunião na Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). As informações corretas dos locais de acesso ao estádio foram amplamente divulgadas nas redes sociais do clube, em aplicativos de mensagem e na imprensa (TV, Rádio, Internet e Jornal Impresso), com mapas visuais e informações textuais completas.

Além da ampla divulgação dos locais de acesso, o clube reforçou toda a segurança dentro do Estádio Kleber Andrade, como prevê sua responsabilidade, fato que assegurou a tranquilidade nas dependências do estádio durante toda a noite, sem registro de nenhuma incidência. A equipe de controle de acesso ao estádio também foi reforçada, e nenhum incidente foi registrado.

Diante disso, reiteramos que todos os protocolos de segurança que eram de responsabilidade do clube foram cumpridos rigorosamente. O clube ressalta, ainda, que durante a reunião na Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) ações de bloqueio e separação das torcidas fora do estádio foram definidas, mas durante a noite não foram cumpridas pelos órgãos de segurança, responsáveis por este tipo de intervenção nas vias públicas, conforme a lei.

Por fim, o Rio Branco Atlético Clube repudia veementemente os atos de violência cometidos por torcedores da Desportiva e a negligência por parte dos órgãos de segurança do Estado, responsáveis pela segurança na via pública. O clube reforça o posicionamento de que, para termos um futebol cada vez mais forte e profissional, como o Rio Branco vem implantando, é preciso de comprometimento e ações conjuntas de todas as instituições envolvidas no espetáculo, em especial os poderes públicos de segurança.

Solicitamos, ainda, que a Desportiva, que não compactua com ações violentas, apoie na identificação dos vândalos para que esses sejam punidos. Convidamos, também, os vendedores ambulantes - pessoas humildes que estavam trabalhando e que foram prejudicados pelos atos de violência cometidos por torcedores da Desportiva -, a entrarem em contato com o Rio Branco para ajudarmos a reconstruir seus instrumentos de trabalho, na medida do possível.

Nota da Desportiva

Em relação ao assunto mencionado, a Desportiva Ferroviária corrobora o máximo zelo por sua torcida em qualquer contexto, algo que já foi assumido publicamente nos problemas do jogo de estreia, diante do Serra. Tal como neste caso, frente ao Rio Branco, a nossa equipe jogou na condição de visitante. 

A responsabilidade de divisão entre os setores, tal como qualquer direcionamento, é completa responsabilidade do time mandante junto ao poder público. Não cabendo a Desportiva qualquer tipo de controle para ter alguma resposta ao questionamento feito.

Assim como na estreia, tudo que foi solicitado à Desportiva Ferroviária na condição de visitante foi atendido e cumprido à risca, inclusive com a nossa participação presencial em uma reunião com as forças de segurança, bombeiros, federação, agentes de mobilidade urbana e com o clube mandante. 

Fica o lamento pelos protocolos de segurança não terem sido executados, algo que certamente evitaria os episódios lamentáveis que acabaram acontecendo.

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