Luto na pandemia: leitores partilham despedidas que não foram possíveis

Na semana em que o ES ultrapassou a marca de 10 mil mortos pela Covid-19, A Gazeta ouviu relatos de pessoas que não puderam dar último adeus a parentes e amigos. Diversos leitores também dividiram suas experiências

Publicado em 13/05/2021 às 13h14
Devido às regras sanitárias, famílias não puderam realizar velórios
Devido às regras sanitárias, famílias não puderam realizar velórios. Crédito: Kat Jayne/ Pexels

Nesta semana, o Espírito Santo ultrapassou a triste marca de 10 mil mortos pela Covid-19. Desde o início da pandemia, famílias e amigos tiveram que lidar com o luto, de uma maneira ainda mais dolorida: muitos não tiveram tempo nem condições, devido às regras sanitárias, de se despedir de entes queridos.

Para essas milhares de vítimas, o enterro ocorreu sem velório, sem a presença dos amigos, sem os rituais que ajudam a superar o luto. A Gazeta ouviu relatos de algumas pessoas que passaram por essa experiência, como a administradora Aparecida Barcelos dos Santos, que perdeu o marido, Carlos Alberto dos Santos, com quem tinha quatro filhos.

"Esta doença tira de você o direito de estar com quem ama antes da partida. Só quem viveu ou está vivendo sabe a dor e a tristeza. Após 31 anos de casados e de muita cumplicidade, meu marido estava só quando mais precisou de mim", conta Aparecida. 

Nas redes sociais de A Gazeta, dezenas de leitores também compartilharam suas perdas e a dor de não poder se despedir de parentes e amigos. Confira, a seguir, alguns desses depoimentos:

Meus sentimentos! Perdi cinco familiares para esse vírus e sei o quão dolorido é! Só Deus para sustentar nesse momento de dor! Cuidem-se, usem máscara! (Amanda Mendes)

Eu estou sentindo essa dor. Minha mãe ficou 12 dias internada e partiu dia 07/05, às 11h50 da manhã. E meu pai já está há 30 dias intubado e nem sabe que minha se foi. É uma dor insuportável, e uma doença avassaladora que destrói famílias. Cuidem-se, por favor, porque é uma dor surreal. (Viviane Souza)

Faz dois meses que perdi minha filha, Jéssica, de 29 anos. Linda, educada, ótima filha, irmã, neta, sobrinha, amiga, companheira e uma excelente mãe. Ela deixou, sem querer, uma linda filhinha de 5 anos. É muita dor, e essa dor faz o coração sangrar. São muitas lembranças de tudo que vivemos juntas e todos juntos e muitos sonhos que não puderam ser realizados. Uma parte do meu coração está com ela! Nunca imaginei que passaria um Dia das Mães sem minha filha aqui comigo, e Beatriz sem a mãe dela aqui conosco. Daqui a pouco, dia 09/07, será o aniversário dela e ela não estará aqui para comemorar. E assim serão os Dias das Crianças que ela não estará com a filha, nossos aniversários, Natais, anos-novos... O que me sustenta é Deus e nossa família, um segura na mão do outro. E sabemos que Deus cuida dela lá no céu! Nossa estrelinha está brilhando lá no céu! O nosso amor por minha filha Jéssica será pra sempre. (Jaqueline Souza)

O meu sofrimento e dos meus irmãos também é muito dolorido! Perdemos nosso pais no mês passado por causa da Covid! Foram embora meu pai e minha mãe em menos de 17 dias. (Andre L. Vellani Prudencio)

Conheço muito bem essa dor. Não poder velar meus irmãos foi como não ter encerrado um ciclo... (Scheila Andrade de F Werner)

Eu passei por isso e também tive Covid. Muito triste, acompanhei meu pai na UTI do Cias. Meu pai está intubado e já estava com órgãos comprometidos. Muito triste. (Suely Venturini)

Quanta dor! Também perdi meu irmão e não pude me despedir. Ele se foi e eu não tive tempo de dizer o que gostaria. Muita dor, o tempo não espera. (Mirela Horvatich)

Eu também passei por isso. São milhares de famílias sentindo a mesma dor. Só Deus para nós proteger e nos livrar desse vírus maldito, mas vamos continuar as medidas preventivas, e que Deus abençoe todos nós. (Marlucia Santana)

Eu estou entre essas famílias enlutadas. A dor é dilacerante. (Debora Cardoso)

Sinto falta do meu irmão, que partiu há um mês e meio, sinto muito por não ter me despedido dele, por não ter podido ajudar. Sempre estive com ele em momentos difíceis, mas neste ele estava sozinho, ele ficou sozinho por 11 dias, e não sabia o quanto eu e nossa mãe estávamos preocupadas, o quanto esperávamos pela volta dele pra casa, o que infelizmente não aconteceu. (Valéria Gama)

Só que perdeu alguém sabe o rombo que fica no peito. Meu pai faleceu há pouco mais de 20 dias, ele era rodoviário, motorista do Mão na Roda! Uma pessoa saudável, extremamente feliz, muitos amigos por onde passava, amava sua profissão de pouco mais de 20 anos, trabalhou até o último minuto que pode, pois amava seus cadeirantes. E, no fim, foram 18 dias de luta no hospital até Deus levá-lo para perto dele… eu só tenho a agradecer pela pessoa maravilhosa que ele foi para todos nós. Peço a Deus que me ajude a aceitar a sua partida precoce e que ajude todas as famílias, assim como a minha. (Roquellem Ramos )

Agradeço a Deus todo dia por não ter perdido ninguém da família, mas sofro por todos os meus amigos que perderam os seus! (Silvia Nobre)

Impossível não se emocionar… e pensar que poderíamos evitar tanto a disseminação cuidando de nós e do próximo, com distanciamento e evitando aglomerações, utilizando a máscara de forma correta. E ainda nos falta vacina para todos... triste! Que Deus console o coração de cada pessoa que perdeu seu ente querido. (Dayse Dorico)

Boa iniciativa da Gazeta. Seria isso que a mídia em geral poderia fazer para ajudar todos a passar por isso. Parabéns! (Robson Calix)

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