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Fábrica de pios de Cachoeiro tenta recomeçar após estragos das chuvas

Fábrica de pios de Cachoeiro tenta recomeçar após estragos das chuvas

Com 117 anos de existência, a empresa produz mais de 40 tipos de pios que reproduzem cantos de aves e é a única do segmento existente em toda a América Latina

Publicado em 7 de fevereiro de 2020 às 10:33

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Fábio Coelho é quem está à frente da empresa secular da família e luta para recomeçar após as enchentes que atingiram a fábrica . (Reprodução/ Arquivo pessoal)
Fábrica de pios de Cachoeiro tenta recomeçar após estragos das chuvas

A chuva na região Sul do Espírito Santo deu uma trégua há mais de uma semana, mas os estragos provocadas por ela ainda são contabilizados. E, nesse sentido, a força da água não "escolhe" o que vai levar. Em Cachoeiro de Itapemirim, praticamente 117 anos de história e orgulho foram levados pela enxurrada que atingiu a fábrica de pios fundada em 1903 na cidade, a única da América Latina especializada nesse tipo de produto.

Os pios são pequenos objetos de madeira, confeccionados a mão e que reproduzem os sons de aves da fauna brasileira e do continente. Ao todo, no local são produzidos cerca de 40 tipos diferentes de pios. As máquinas e boa parte dos materiais necessários à confecção dos mesmos foram danificados ou até mesmo estragados na enchente que invadiu o espaço e atingiu quase dois metros de altura. A informação é do empresário Fábio Coelho, atual responsável por gerir a empresa da família.

Mais de 40 tipos de pios são produzidos na fábrica de Cachoeiro. (Divulgação)

"Perdemos muitas coisas em madeira. Há outras que a gente nem sabe que perdeu e que só vamos descobrir na própria reorganização. Alguns materiais históricos, que já planejávamos subir com eles para o segundo andar onde teríamos a loja, também foram levados", explicou.

Criada por Maurílio Coelho, um antigo servidor do Serviço de Abastecimento e Energia da cidade, a fábrica de pios aos poucos vai sendo reerguida pelos quatro funcionários, mas as imagens de destruição ainda estão na memória.

"A rua estava totalmente inundada. Quando vi os vídeos fiquei muito triste, pois se a rua estava naquela situação, só ficava imaginando como não estaria aqui na empresa. Foi Tristeza total, contou a afinadora Luciana Pinheiro. O sentimento dela é compartilhado pela colega de trabalho Iris, que trabalha nos tornos. "É uma tristeza, né?! Ver nosso trabalho todo perdido... muito material jogado fora, muita lama, muita destruição", disse.

Em meio à limpeza do local e a produção dos pios, Fábio se inspira no canto de uma das aves que tem o som fielmente reproduzido para seguir tocando o negócio secular da família Coelho.

Todo o espaço da fábrica foi danificado pelas chuvas que castigaram a cidade . (Reprodução/ Arquivo pessoal)

"A Capoeira é a força para a gente recomeçar. A gente chora, mas tem que ter força para superar tudo isso", disse Fábio.

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Os pios são produzidos de madeiras exóticas e também jatobá. Os produtos são exportados para vários países e são referenciados por conta da fidelidade na qualidade dos sons e cantos que reproduzidos.

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