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TRE-ES condena Gilvan da Federal a perder o cargo de vereador de Vitória

TRE-ES condena Gilvan da Federal a perder o cargo de vereador de Vitória

Vereador foi eleito em 2020 pelo Patriota, mas mudou para o PL este ano sem autorização do partido pelo qual se elegeu. Ele também foi condenado a pagar multa

Publicado em 12 de dezembro de 2022 às 13:02

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
O vereador de Vitória Gilvan da Federal (Patriota)
Ação que resultou na condenação do vereador de Vitória Gilvan da Federal a perder o cargo foi proposta pelo Patriota. (Reprodução | Câmara de Vitória)
Ednalva Andrade
Repórter / [email protected]

Por unanimidade, o Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES) condenou o vereador de Vitória Gilvan da Federal (PL) a perder o mandato por infidelidade partidária. Ele ainda pode ficar no cargo enquanto recorre da sentença. Na manhã desta segunda-feira (12), o jurista Lauro Coimbra deu o último voto favorável à ação proposta pelo Patriota para que a vaga fique com o partido pelo qual Gilvan foi eleito em 2020. Ele migrou para o PL no final de março deste ano, sem a autorização do Patriota, legenda pela qual se elegeu em 2020. 

O vereador ainda foi condenado pela juíza Heloísa Cariello, relatora do caso, a pagar o equivalente a dois salários mínimos de multa por litigância de má-fé. Depois que a votação foi iniciada, no último dia  1º, Gilvan deu entrada em duas petições no TRE-ES alegando que não teria sido devidamente intimado sobre a ocorrência do julgamento. Porém, a juíza destacou que a pauta foi publicada no Diário Eletrônico da Corte Eleitoral dentro do prazo previsto pela legislação e o vereador estaria tentando tumultuar o processo.

O julgamento havia sido interrompido por um pedido de vista do jurista Lauro Coimbra, que votou nesta segunda-feira (12) acompanhando o voto da relatora em relação a questão da infidelidade partidária. Já haviam votado no mesmo sentido o desembargador Namyr Carlos de Souza Filho, os juízes Ubiratan Almeida Azevedo, Renan Sales Vanderlei e Rogério Moreira Alves.

Gilvan está filiado ao PL desde o dia 31 de março deste ano e a tese da defesa dele era de que a desfiliação se deu por grave discriminação pessoal, mudança substancial e desvio do programa partidário por parte do Patriota, o que lhe daria justa causa para a desfiliação partidária.

TRE-ES condena Gilvan da Federal a perder o cargo de vereador de Vitória
Aspas de citação

Não foi comprovado um tratamento diferenciado em relação aos demais filiados de modo a causar constrangimento ou determinada situação de desigualdade, elementos previstos para se caracterizar justa causa. Portanto, as alegações apresentadas pelo requerido (Gilvan da Federal) não restaram comprovadas nos autos.

Lauro Coimbra
Jurista e membro do TRE-ES
Aspas de citação

Um dos fatos indicados por Gilvan para demonstrar a mudança substancial do Patriota foi a posição contrária do presidente estadual do partido e deputado estadual, Rafael Favatto, à convocação do secretário estadual de saúde, Nésio Fernandes (PCdoB), para prestar esclarecimentos sobre a Operação Volátil na Assembleia Legislativa, na mesma semana em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) veio ao Espírito Santo.

O vereador também citou elogios de Favatto ao governador Renato Casagrande (PSB) durante prestação de contas ao Legislativo estadual como evidência de desvio do programa partidário.

Para a relatora, as situações apresentadas pelo vereador de Vitória “não se enquadram como grave discriminação pessoal e também não restou delineada a mudança substancial e desvio do programa partidário por parte dos dirigentes do Patriota para desfiliação sem perda do cargo eletivo”.

Conforme a relatora, a partir dos depoimentos foi possível constatar que, desde o início do ano, a sigla havia definido o lançamento de Gilvan para o cargo de deputado federal. "O que se vê dos depoimentos prestados é que o Patriota tinha interesse em lançar Gilvan candidato a deputado federal. Não se sustenta a alegação de grave discriminação política e pessoal", acrescentou a juíza.

Cabe recurso contra a decisão do TRE-ES, que prevê que Gilvan deixei a cadeira de vereador de Vitória para o primeiro suplente do Patriota, Leonardo Monjardim, que também aparece como autor da ação, juntamente com o partido. Gilvan ainda poderá recorrer da decisão no cargo.

Ele deixará a Câmara de Vitória para assumir o mandato de deputado federal em 1º de fevereiro de 2023. A decisão não impede que Gilvan assuma o novo cargo para o qual foi eleito este ano.

Vereador cassado critica presidente do Patriota

Em nota enviada pela assessoria de imprensa, o vereador Gilvan da Federal (PL) afirmou que discorda da decisão do TRE-ES. Ele alegou que "quem cometeu infidelidade partidária foi o presidente do Patriota, Rafael Favatto, que foi aliado do governador Renato Casagrande durante todo seu mandato de deputado estadual". "Já o vereador Gilvan da Federal, por ser sempre o oposição ao governo Casagrande, sofreu grave discriminação dentro do partido", conclui a nota.

O que diz Favatto

Procurado por A Gazeta para comentar a manifestação de Gilvan, o presidente estadual do Patriota, Rafael Favatto, ressaltou que “nunca teve nenhum ato de discriminação contra o vereador dentro do partido, tanto que o julgamento (no TRE-ES) ocorreu por unanimidade” reconhecendo que não houve justa causa para a desfiliação partidária.

Em relação à crítica do vereador sobre sua atuação como deputado estadual, Favatto afirmou que sempre teve postura de independência na Assembleia Legislativa, o que seria comprovado pelo fato de o Patriota não ter apoiado a reeleição do governador Renato Casagrande. No primeiro turno, o partido firmou coligação apenas na disputa ao Senado, apoiando o presidente da Assembleia, Erick Musso (Republicanos), e deixou os candidatos a deputado estadual e federal livres para apoiar quem quisessem na disputa ao governo do Estado.

No segundo turno, o Patriota apoiou Carlos Manato (PL) para governador. “Por ser um partido de direita, apoiamos a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL)”, acrescentou Favatto.

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