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Na Assembleia do ES, oposição critica governo Casagrande após Operação Volátil

Na Assembleia do ES, oposição critica governo Casagrande após Operação Volátil

Oposição e aliados de Casagrande debateram durante a sessão, entre ataques e defesa ao governador, após operação da PF para investigar superfaturamento e fraude em compra de álcool em gel

Publicado em 8 de junho de 2021 às 20:35

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Torino Marques (PSL): deputado puxou a fila das críticas ao governo do Estado após operação da PF
Torino Marques (PSL): deputado puxou a fila das críticas ao governo do Estado após operação da PF. (Ellen Campagnaro/Ales)
Rafael Silva
Repórter de Política / [email protected]

Um dia após a Operação Volátil, deflagrada pela Polícia Federal para apurar superfaturamento e fraude em uma compra de álcool em gel pelo governo do Estado, deputados estaduais opositores ao governador Renato Casagrande (PSB) fizeram ataques ao chefe do Executivo nesta terça-feira (8).

Entre as principais críticas, os parlamentares indicaram o que consideraram mau uso dos recursos federais encaminhados ao Estado para o combate à Covid-19, pontuaram descuido por parte da Secretaria de Saúde e "irresponsabilidade" do secretário da pasta, Nésio Fernandes, ao permitir a compra. Eles também chamaram de censura a derrubada da sessão legislativa da segunda-feira (7), que durou apenas 22 minutos.

O encerramento da sessão no dia da operação foi provocado por um pedido do líder do governo, Dary Pagung (PSB), que pediu a supressão da 2ª parte do expediente. Em seguida, a Mesa Diretora retirou de pauta quatro vetos que encabeçavam a ordem do dia, o que deu fim aos trabalhos.

Ao todo, nove dos 30 deputados usaram a fase das comunicações para comentar a operação, seis atacando o governador e três defendendo-o.

O primeiro a tocar no assunto foi o deputado estadual Torino Marques (PSL). Ele condenou a suspensão da sessão do dia anterior e chamou a manobra de "censura" aos parlamentares. Torino é um dos cinco deputados que levaram uma denúncia à Polícia Federal e ao Tribunal de Contas do Estado (TCES) para apurar supostas irregularidades no contrato para a compra de álcool em gel. Pessoas ligadas à investigação, no entanto, disseram que a operação não teve início a partir da denúncia dos parlamentares.

"Senhor Nésio Fernandes, a Polícia Federal aponta que houve superfaturamento em contratos da sua secretaria. Quer dizer que na necessidade vale tudo e a qualquer preço? Vamos fiscalizar tudo isso e muitos outros contratos que estão com suspeitas de irregularidade", discursou. Torino disse ainda que os deputados vão fazer "tudo o que estiver dentro do regimento para apurar qualquer desvio".

No mesmo tom, também elogiaram a ação da Polícia Federal, os deputados de oposição Capitão Assumção (Patriota) e Danilo Bahiense (sem partido). Entre a ala independente da Assembleia, o deputado Theodorico Ferraço (DEM), que também é coautor de  outra denúncia sobre o contrato investigado feita ao Ministério Público de Contas (MPC-ES), defendeu que seja instaurada uma CPI na Assembleia para apurar irregularidades.

Aspas de citação

Oportunamente, vou falar no assunto, mas minha assinatura já está à disposição para uma CPI a fim de demonstrar ao povo do Espírito Santo que os deputados precisam apurar os prejuízos e como são desviados os recursos federais que vêm do combate à Covid-19

Theodorico Ferraço
Deputado estadual
Aspas de citação

Sergio Majeski (PSB), que é coautor da denúncia ao MPC ao lado de Theodorico, também comentou a operação e afirmou que causou estranheza a maneira como o Estado procurou a empresa, que nunca havia sido contratada pelo poder público e que tinha como atividade principal a prestação de serviços de iluminação, não compatível com a venda de álcool em gel.

Entre os pontos denunciados por Majeski ao MP de Contas, consta a suspeita de fraude na comprovação técnica da empresa contratada, que usou documento de outra firma do mesmo sócio para justificar a capacidade de fornecer álcool ao Estado.

"Eu não estou acusando ninguém de corrupção, mas cabe o questionamento: como é que o pessoal da licitação de compras da Sesa não conseguiu observar o que a minha assessoria, em uma simples busca na internet, conseguiu constatar? Há falhas, sim. O governo deveria tomar providências para que os órgãos internos de controle possam detectar esse tipo de irregularidade", disse.

DEFESA DO GOVERNO

Entre os aliados de Casagrande na Assembleia, Bruno Lamas (PSB) e Dary Pagung (PSB) sairam em defesa do governador. Dary ressaltou que o governo do Estado não foi alvo da operação da Polícia Federal, que cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços de pessoas físicas ligadas à empresa.

"O governo Casagrande não tem nenhum problema ao mostrar suas compras para o combate à Covid-19. Nosso Estado recebeu nota A na transparência no combate à Covid. O álcool em gel foi comprado em momento emergencial, quando o país e o mundo enfrentava e ainda enfrenta dificuldades. Quem é investigado não é a Sesa, são os empresários", pontuou.

A Operação Volátil investiga superfaturamento e fraude na contratação de álcool em gel entre o Estado e a empresa Tantum. O contrato, no valor de R$ 6,3 milhões, foi assinado em abril de 2020, em um preço que é entre 52% a 297% superior a valores praticados na mesma época, em outras compras estaduais de álcool em gel, de acordo com a PF. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Vitória e Vila Velha, em endereços de pessoas físicas ligadas à empresa.

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