Publicado em 18 de agosto de 2020 às 18:15
A Justiça negou o pedido do ex-prefeito de Presidente Kennedy, Reginaldo Quinta (DEM), de anular a decisão transitada em julgado portanto, definitiva, em relação à qual não cabe recurso em que ele foi condenado por improbidade administrativa e à perda dos direitos políticos até 2022. A decisão, do ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), nesta segunda-feira (17), julgou extinta a ação rescisória apresentada pelo ex-prefeito, que tinha como objetivo possibilitar sua candidatura a prefeito nas eleições de 2020, no município. A defesa dele alega, contudo, que a pré-candidatura está mantida.>
O processo em que Reginaldo Quinta foi condenado é de 2010 e encontra-se em fase de cumprimento de sentença. Em maio deste ano, a juíza Priscilla Bazzarella de Oliveira, da Vara Única de Presidente Kennedy, determinou que os cartórios eleitorais fossem comunicados sobre a condenação, transitada em julgado, e da suspensão dos direitos políticos pelo prazo de três anos. Em junho, ordenou que os termos do trânsito em julgado da ação fossem cadastrados no CNJ.>
A defesa de Quinta apresentou um recurso especial ao STJ, questionando a condenação imposta pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), e o presidente da Corte negou o recurso. A defesa do demista, então, ingressou com a ação anulatória no STJ, alegando ilegalidade, pois tal decisão seria de competência do relator do caso. >
O ministro Og Fernandes, contudo, considerou que Quinta usou a ação rescisória que tem como objetivo desfazer os efeitos de sentença já transitada em julgado como se fosse um recurso e decidiu que isso é incompatível com o meio processual escolhido, extinguindo a ação. >
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No processo, Reginaldo Quinta foi acusado de irregularidades na assinatura de convênio para realização de shows no verão de 2010, em que houve a contratação de uma associação para realização de vários eventos no município, por R$ 485 mil. O caso foi investigado na operação Moeda de Troca, deflagrada em setembro de 2010, pela Polícia Federal. >
Foram apreendidos na residência de um dos empresários acusados de participação no esquema de fraudes, uma caderneta com menção ao suposto pagamento de R$ 50 mil a uma pessoa identificada apenas como PREFEI código interpretado pelos investigadores como uma abreviação de "prefeito". >
Quinta foi absolvido pelo juiz de 1º grau, que entendeu que havia a necessidade de comprovação da culpa para a condenação do agente público. Após recurso do Ministério Público, ele foi condenado pelo Tribunal de Justiça por improbidade administrativa. Os desembargadores entenderam que embora não tenha sido comprovado o enriquecimento ilícito, foi inobservada a regra da licitação, "em claro direcionamento de contratação".>
Responsável pela defesa de Quinta, o advogado Kayo Ribeiro afirmou que será apresentado um novo recurso a este processo, um agravo interno. "Entendemos que a decisão foi desacertada, que não apreciou os fundamentos que trouxemos na ação rescisória, de modo a assegurar a participação dele na eleição. O objetivo é garantir a elegibilidade dele, mas isso só será discutido e decidido no pedido de registro ao Tribunal Regional Eleitoral", afirmou.>
Segundo ele, Quinta permanece com a pretensão de ser candidato no município. No entanto, ainda vai avaliar se pedirá mesmo o registro à Justiça Eleitoral.>
Reginaldo Quinta já vem se articulando, há alguns meses, para lançar sua candidatura a prefeito de Presidente Kennedy, já tendo declarado explicitamente a pré-candidatura, nas redes sociais, e com o apoio de lideranças como os deputados federais Norma Ayub (DEM) e Josias Da Vitória (Cidadania), e dos deputados estaduais Hudson Leal (Republicanos) e Theodorico Ferraço (DEM). >
Ele foi prefeito do município entre 2009 e 2012, mas no último ano do mandato, foi preso em abril pela Operação Lee Oswald, da Polícia Federal. Em setembro, foi cassado pela Câmara de Vereadores. >
Por conta disso, naquele ano, não disputou a reeleição, e a coligação da qual fazia parte decidiu lançar a sobrinha dele, Amanda Quinta (sem partido). Amanda foi eleita em 2012 e em 2016, mas atualmente está afastada do cargo pela Justiça, investigada na Operação Rubi. Ela e Reginaldo romperam politicamente, e disputaram o pleito de 2016, em que Amanda saiu vencedora.>
Em dezembro de 2019, Reginaldo Quinta recebeu outra condenação determinando a perda dos direitos políticos por cinco anos, acusado de desviar mais de R$ 9 milhões provenientes de royalties para o pagamento de funcionários do Executivo municipal durante sua gestão.>
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