Publicado em 1 de julho de 2020 às 19:58
A perda de receita estimada para 2020 nos municípios capixabas pode chegar a R$ 1,932 bilhão. É o que aponta, em seu pior cenário, uma projeção feita pelo Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES), divulgada nesta terça-feira (30). O levantamento foi feito para alertar gestores dos municípios sobre as tendências de queda no comportamento da receita ao longo do ano. >
De acordo com o estudo, o impacto nas contas se deve pela redução na arrecadação estadual de ICMS, que é repassado aos municípios, além das receitas menores de royalties do petróleo devido aos preços baixos dos barris. Além disso, com a pandemia do novo coronavírus, as receitas municipais de ISS, arrecadado a partir dos serviços realizados nas cidades, também tende a ter menor volume.>
Municípios produtores de petróleo são os que devem ter, proporcionalmente, as piores quedas. Se confirmadas as projeções, Presidente Kennedy e Itapemirim devem perder 33% e 31% de suas receitas no ano, respectivamente. O prejuízo para a primeira, comparado ao que havia sido previsto no início do ano, pode chegar a R$ 138,8 milhões dos R$ 420 milhões previstos para 2020. Para Itapemirim a perda é, nominalmente, ainda maior e pode deixar o município com R$ 156 milhões a menos, em comparação aos R$ 495 milhões orçados anteriormente.>
Em valores, a Serra é o município que deve amargar a maior perda no orçamento e deve deixar de contar com R$ 275,4 milhões em 2020. Como a receita prevista para o ano era de R$ 1,7 bilhão, a perda representa 16%. Vitória aparece logo em seguida, com uma projeção de queda de R$ 188,9 milhões na receita, o que representa 9% de toda a arrecadação que foi prevista no orçamento da Capital. >
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Em um cenário mais favorável, com uma recuperação do varejo e uma alta no preço do barril do petróleo, o prejuízo nos municípios seria de R$ 979 milhões, conforme o estudo. Já em um cenário médio, com recuperação mais branda do comércio e leve alta no preço do petróleo, a perda seria de R$ 1,5 bilhão.>
Para o secretário-geral do Tribunal de Contas do Estado, Rodrigo Lubiana, os cenários apontados indicam que a crise econômica deve se estender para além de 2020 e atingir o mandato dos próximos prefeitos, que devem ser eleitos ou reeleitos no final do ano.>
"Os prefeitos atuais têm uma responsabilidade grande, pois são eles que vão orçar, no final do ano, o planejamento de despesas para o ano que vem. Em um cenário em que podem entrar pessoas novas nas prefeituras, o orçamento é a principal referência delas. Se ele for mal construído ou se os novos prefeitos herdarem dívidas dessas gestões, isso pode ser um dificultador a mais para o já difícil cenário que se desenha para 2021", explica.>
O novo boletim divulgado pelo TCES também aponta para um número maior de municípios acima do limite máximo permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Na atual projeção para o resultado do ano de 2020, considerando o cenário mais pessimista, 40 prefeituras estariam com a folha de pagamento de pessoal comprometendo mais de 54% da receita corrente líquida (RCL). Em maio, a projeção, neste mesmo cenário, era de que 45 cidades estourassem este limite.>
O levantamento mostra que Itapemirim é a que tende a ficar com uma situação mais delicada, com 70% da RCL atrelada à folha de pagamento de pessoal. Em seguida, estão Muniz Freire (67,8%) e Água Doce do Norte (67,1%). Outras 16 cidades estariam no limite prudencial, de 51,3%; e 10 em situação de alerta, com 48,6% da RCL comprometida com o pagamento de servidores. Assim, dos 78 municípios, apenas 12 estariam em situação fiscal confortável.>
Na Grande Vitória, apenas Vila Velha estaria abaixo dos limites da LRF, com 47,3% da Receita Corrente Líquida comprometida. Vitória, em situação de alerta, estaria com 51% da RCL vinculada à folha de pessoal. Cariacica estaria com 52,1%, o que coloca o município no limite prudencial, enquanto a Serra teria ultrapassado, segundo a projeção, o limite legal, com 57% da RCL comprometida.>
Em 2019, 50 prefeituras não ultrapassaram qualquer limite de pessoal, nove chegaram ao limite prudencial, 17 ao limite de alerta, e apenas duas cidades descumpriram o limite legal. >
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