> >
Presos em operação da PF contra corrupção na Codesa são liberados

Presos em operação da PF contra corrupção na Codesa são liberados

Edward de Freitas e Ricardo Saiter foram presos na quarta (12), suspeitos de participar de organização criminosa que atuou na estatal entre 2015 e 2018. Rose de Freitas também foi alvo

Publicado em 17 de maio de 2021 às 12:49

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura
Operação PF
Ricardo Saiter, de cinza, e Edward de Freitas, de camisa branca, são, respectivamente, primo e irmão da senadora. (Vitor Jubini)
Rafael Silva
Repórter de Política / [email protected]

O ex-coordenador de Serviços Gerais da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) Edward Dickson de Freitas, irmão da senadora Rose de Freitas (MDB), e o ex-coordenador de Tecnologia da Informação da empresa pública e primo da parlamentar  Ricardo Saiter Mota foram soltos nesta segunda-feira (17). Os dois estavam presos desde a última quarta-feira (12), em decorrência da Operação Corsários, da Política Federal (PF), que apura indícios de corrupção na estatal que administra o Porto de Vitória. 

Presos em operação da PF contra corrupção na Codesa são liberados

Edward e Ricardo estavam no Centro de Detenção Provisória (CDP) 2, em Viana, de acordo com a Secretaria de Estado de Justiça (Sejus). Eles foram alvos de mandado de prisão temporária, que tem prazo de duração de cinco dias e pode ser prorrogado por mais cinco. Pelo período, o pedido de detenção não foi estendido, já que eles foram liberados após o quinto dia de prisão. A operação está sob sigilo.  

De acordo com a PF, os ex-coordenadores da Codesa são apontados como membros de uma organização criminosa que atuou na estatal, que interferia em licitações, superfaturava contratos e desviava recursos públicos.

Rose de Freitas foi alvo de mandados de busca e apreensão na quarta-feira. A PF esteve no apartamento funcional da senadora, em Brasília, e em uma residência dela, em Vitória, onde apreendeu documentos e computadores. De acordo com a investigação, a emedebista tinha controle político das nomeações de cargos-chave na estatal do setor portuário.

A investigação, conforme a PF, contou com a colaboração da atual gestão da Codesa, que, em auditoria realizada, estima que a organização criminosa pode ter desviado cerca de R$ 9 milhões somente em dois contratos. A operação teve início a partir de uma denúncia de exigência de vantagens ilícitas por servidores da Codesa em um contrato de locação de veículos. Os crimes ocorreram entre os anos de 2015 e 2018, de acordo com a polícia.

Para receber os recursos desviados, o grupo investigado utilizava um escritório de advocacia, responsável por simular a prestação de serviços advocatícios para lastrear a movimentação dos valores. As investigações revelaram ainda que a lavagem do dinheiro ilegal também ocorria por meio da compra de imóveis de luxo e do pagamento de despesas pessoais dos envolvidos.

Edward de Freitas e Ricardo Saiter foram exonerados em 2019, quando a Codesa trocou de comando. Saiter é, atualmente, secretário parlamentar do gabinete de Rose de Freitas no Senado, com salário de R$ 17.992,56.

Além dos dois familiares de Rose, uma terceira pessoa foi presa em flagrante em Brasília, por porte ilegal de arma, durante a operação. Ela foi liberada após pagar fiança. O valor não foi divulgado.

Como a operação atinge uma parlamentar em exercício, que tem foro privilegiado, os mandados de prisão e de busca e apreensão foram expedidos pelo ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), que ainda mantém a investigação sob sigilo.

OUTRO LADO

Por meio de nota, divulgada na quarta, Rose de Freitas afirmou que nunca cometeu "nenhum ato ilícito ao longo dos oito mandatos exercidos na vida pública". A parlamentar disse ter sido surpreendida pelos mandados de busca e apreensão e pelas prisões.

A reportagem tenta contato com os advogados de Edward e Ricardo, que ainda não foram localizados. O espaço está aberto para a manifestação da defesa dos dois ex-coordenadores da Codesa.

Confira a nota completa enviada pela senadora, na última quarta-feira:

Fui surpreendida hoje, às 9h, pelo mandado de busca e apreensão expedido pelo ministro Nunes Marques, do STF, no meu apartamento funcional onde resido, em Brasília. Desconheço, até o momento, as razões do mandado e reafirmo não ter cometido qualquer ato ilícito ao longo dos oito mandatos exercidos na vida pública. Fui igualmente surpreendida pelas prisões de meu irmão e de meu assessor, realizadas no estado do Espírito Santo.

Confio no reestabelecimento da verdade e na apuração das possíveis motivações que ensejaram tamanha agressão. Identifico claramente uma tentativa de desabonar minha honra e dignidade. Não cederei a pressões de qualquer natureza, venham de onde vierem. Providências legais cabíveis estão sendo tomadas para que os fatos sejam devidamente esclarecidos e apurados. Sempre exerci com coragem, ética e dedicado trabalho os mandatos que honradamente recebi do povo do Espírito Santo. Todos os demais esclarecimentos serão prestados pelos nossos advogados, que se pronunciarão oportunamente.

O QUE DIZ A CODESA

A Codesa também foi procurada para se posicionar sobre a operação, mas se limitou a dizer que as informações estavam a cargo da Polícia Federal.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais