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Publicado em 4 de outubro de 2024 às 02:10
Repleto de propostas, mas também de críticas sobre a atual administração, foi realizado entre a noite desta quinta-feira (3) e a madrugada desta sexta-feira (4) o debate da TV Gazeta com os candidatos à Prefeitura de Vitória. Estiveram presentes os seis candidatos que buscam assumir o comando da Capital: Assumção (PL); Camila Valadão (Psol); Du (Avante); João Coser (PT); o candidato à reeleição, Lorenzo Pazolini (Republicanos); e Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB).>
O debate foi mediado pelo jornalista Mário Bonella, apresentador do Bom Dia ES. O primeiro e o terceiro blocos foram de temas livres. No segundo e no quarto, foram feitas perguntas com temas determinados por sorteio, sendo que, no último, os candidatos ainda puderam fazer suas considerações finais.>
Du abriu o primeiro bloco questionando Assumção sobre a área da saúde, citando seu projeto para transformar o Cais das Artes (gerido pelo governo do Estado) em um hospital de referência e questionando a falta de unidades do tipo na capital. O candidato do PL atribuiu a carência à má gestão. Ele citou os moradores de Vitória que buscam atendimento na Serra e apresentou seu plano de transformar o Pronto Atendimento da Praia do Suá e o de São Pedro em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) com mini laboratórios, além de criar mais dois PAs: um infantil e um para idosos.>
Em seguida, Camila Valadão perguntou para Lorenzo Pazolini, falando em autoritarismo na gestão e citando o episódio em que, durante uma agenda pública em 2022, o prefeito retirou o microfone da mão da vice-prefeita Capitã Estéfane. Pazolini afirmou que mais de 70% do orçamento municipal são geridos por mulheres, que ocupam secretarias na gestão municipal, citou a redução de índices de feminicídio e a ampliação do Botão do Pânico, equipamento distribuído a vítimas de violência doméstica. >
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Na terceira pergunta, de João Coser para Du, o ex-prefeito questionou o empresário sobre o que ele faria com os R$ 220 milhões dedicados pela atual gestão ao programa “Asfalto Vix”. Du citou soluções de mobilidade, como a implantação de oito quilômetros de teleférico, equivalente à distância entre o Shopping Vitória e o Parque de Camburi, criação de faixas exclusivas para motos e medidas para a revitalização do Centro. Coser propôs a criação de uma via de ligação entre a Praia de Camburi e a Serra, a abertura de 11 escolas, 15 unidades de saúde ou 18 equipamentos sociais.>
Pazolini escolheu perguntar a Luiz Paulo suas propostas para a Educação. O também ex-prefeito afirmou que o desempenho das escolas nas áreas de periferia piorou na atual administração e criticou os salários dos professores abaixo da média nacional e o fim da eleição para diretor nas unidades municipais.>
Luiz Paulo, por sua vez, questionou Coser sobre medidas para o Centro Histórico da cidade. O candidato respondeu com os planos de criar uma secretaria dedicada ao tema, implementar um projeto habitacional envolvendo prédios desocupados, levar iluminação e agentes de segurança para a região, criar uma agenda cultural permanente e fomentar o potencial turístico, citando a relevância de bares e restaurantes.>
Encerrando o bloco, Assumção questionou Camila Valadão sobre a falta de políticas públicas para a juventude. A candidata criticou a atual gestão, que reformou apenas um Centro de Referência da Juventude durante o mandato, e citou o plano de ampliar os CRJs e incentivar a participação política dos jovens. Assumção apresentou o plano do benefício “Emprega Vitória”, uma bolsa de R$ 300 ao longo de dois anos para jovens que participarem de qualificação profissional e busca de emprego através da Prefeitura. >
Candidatos à Prefeitura de Vitória durante debate da TV Gazeta
O segundo bloco, em que as perguntas deveriam ser feitas de acordo com os temas sorteados, começou com o questionamento do atual prefeito para o candidato do Avante, Du. Sobre o tema “capacidade de investimento da prefeitura”, Pazolini disse que iniciou sua gestão com um baixo orçamento e, por isso, cortou gastos e mordomias. Questionou, então, quais os planos do empresário para ampliar investimentos municipais e políticas públicas para melhorar a vida dos capixabas.>
“Quero levar prosperidade para todos os cantos da cidade”, respondeu Du, que disse ter a pretensão de revisar contratos, adotar uma administração coerente com o orçamento disponível e não aumentar impostos. Tudo isso, afirma ele, seria feito a partir de parcerias público-privadas e diálogos com governos municipais, estadual e federal. O empresário também sugeriu que há desvios de recursos e corrupção na atual gestão, que seriam combatidos em seu governo.>
Com o tema sorteado sobre reforma tributária, Camila perguntou a Coser como ele lidaria com a perda de arrecadação do município caso fosse eleito. O ex-prefeito da Capital começou atacando a administração de Pazolini, afirmando que a cidade não tem projeto econômico. Segundo ele, “os prefeitos vão precisar trabalhar muito para incentivar o consumo”. Por isso, ele disse que pretende trabalhar uma articulação com o setor privado para tornar a cidade de Vitória em um atrativo turístico. Para Coser, são fundamentais a construção de um centro de convenções para acolher grandes eventos e a implementação de um projeto de formação e qualificação de mão de obra, combinado com o setor empresarial. Além disso, ele propõe o financiamento de microempresas, por que “a cidade tem a vocação para o serviço”.>
Em seguida, o candidato Du perguntou a Assumção quais as propostas do candidato para lidar com as pessoas em situação de rua. O concorrente do PL afirmou que é preciso se basear em outros municípios e experiências bem sucedidas. Para ele, é importante articular, com firmeza, a Polícia Militar, a Guarda Municipal e o Corpo de Bombeiros para implementar políticas que permitam que o cidadão “que paga impostos” seja respeitado e possa andar em paz nas ruas, respeitando os direitos humanos.>
No tema sobre vagas em creches, Coser perguntou ao ex-prefeito do PSDB como ampliar o ensino infantil em tempo integral, principalmente nas periferias. Luiz Paulo relembrou que a cidade já teve a melhor rede pública de ensino infantil (de 6 meses a 6 anos) do país – sendo considerada, em 2003 (durante mandato do tucano), capital líder nacional em Educação Infantil – e afirmou: “Se eu tivesse um único projeto para fazer, seria a implementação de ensino infantil para todas as crianças, em tempo integral para famílias que necessitam”. Luiz Paulo também atacou a prefeitura de Pazolini ao dizer que a qualidade do ensino na Capital caiu por causa do modelo de gestão adotado pelo prefeito, “que não faz parceria com a sociedade e outros níveis de governo”.>
O próximo tema sorteado foi iluminação pública. Sobre isso, Luiz Paulo Vellozo Lucas perguntou a Pazolini “por que, mesmo com os investimentos recentes da Prefeitura, a cidade continua escura?”. Mais uma vez, o candidato à reeleição citou o orçamento do início da gestão e disse que, mesmo com a limitação, conseguiu expandir a iluminação pública da cidade e realizar investimentos que contribuem para “uma cidade mais humana, acolhedora e igual”. Na réplica, o tucano acusou Pazolini de populismo fiscal e afirmou que o gasto público precisa ter qualidade e deve ser feito ao longo do mandato e não apenas no último ano.>
Finalizando o bloco, Assumção, dentro do tema “arborização”, direcionou a questão à candidata Camila, afirmando que a atual gestão abandonou o plano de arborização da cidade que seria capaz de identificar, via geolocalização, as árvores plantadas pelo município. A deputada estadual afirmou que, dentro de seu plano de governo, um dos eixos – “Vitória das oportunidades” – busca justamente garantir direitos às gerações futuras. As propostas, segundo ela, envolvem a plantação de árvores frutíferas para que seja construída uma cidade baseada na natureza.>
Criticando o prefeito, Camila Valadão disse que Pazolini não pensa em formas de ampliar medidas ambientais e não implementou políticas para lidar com as mudanças climáticas – o chamado “plano municipal de adaptações climáticas”, que tem como objetivo aumentar a resiliência das cidades e fortalecer a capacidade de adaptação a riscos relacionados ao clima e catástrofes ambientais.>
No terceiro bloco, Lorenzo Pazolini perguntou a Du sobre suas propostas para a saúde. Além de voltar a citar a intenção de criar o Hospital do Cais, o empresário falou em ampliação dos PAs e diálogo com empresas para a construção de um hospital voltado às doenças respiratórias. O prefeito, por sua vez, citou o plano de construir a primeira UPA da cidade.>
Em seguida, Pazolini foi questionado por João Coser sobre a contratação de empresas para coleta de lixo sem licitação. O prefeito afirmou que as contratações foram licitadas, feitas com acompanhamento dos órgãos de controle e ressaltou que Vitória foi considerada a Capital mais transparente do país pela organização Transparência Internacional. Sem citar nominalmente os dois ex-prefeitos presentes no debate, disse que tirou da administração a corrupção de gestões passadas. “Tenho 44 anos de vida pública sem condenação”, respondeu Coser.>
Camila Valadão também escolheu questionar o prefeito, falando em R$ 76 milhões disponíveis do governo federal para a área da saúde que não teriam sido usados pela gestão. Pazolini disse que esse era o saldo em janeiro, mas que atualmente a conta da cidade no InvestSUS tem pouco mais de R$ 45 milhões, que serão investidos na construção da UPA e em uma nova unidade de saúde no bairro República.>
Na sequência, Du perguntou a Assumção sobre suas propostas para a segurança. O militar citou casos de violência associados ao tráfico de drogas, como ônibus incendiados e ordens de fechamento de comércio por facções criminosas. Ele também destacou a proposta de criar um sistema de inteligência municipal, semelhante ao Mossad, o Instituto de Inteligência e Operações Especiais israelense. Du, por sua vez, disse que quer ampliar o efetivo da Guarda Municipal e investir em treinamento e tecnologia.>
Luiz Paulo questionou João Coser sobre propostas para a mobilidade. O petista voltou a citar a proposta de uma via ligando a Praia de Camburi ao Bairro de Fátima, como forma de desafogar o trânsito em Jardim Camburi, e também destacou a intenção de criar uma via saindo das regiões de São Pedro, São Cristóvão e Joana D’Arc até a altura do Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar, em Maruípe. Já o tucano disse querer criar linhas circulares com ônibus elétricos dentro dos bairros, integradas ao Sistema Transcol. >
Fechando o bloco, perguntando a Du, Assumção voltou a falar em um pedido de investigação — encaminhado por ele ao Ministério Público e à Polícia Federal — relacionado a um secretário de Vitória, contra o qual supostamente recaem suspeitas de desvio de conduta no serviço público. Du disse que, por ser “direito e de direita”, não permitiria esse tipo de situação em uma eventual administração.>
No quarto e último bloco – mais uma vez de perguntas temáticas –, Camila perguntou a Coser quais são as propostas do ex-prefeito para manter o equilíbrio fiscal em Vitória, caso seja eleito. A candidata do Psol disse que a atual administração “gosta de falar de equilíbrio fiscal, dizer que arrumou a casa e colocou as contas em dia”, mas que o fez retirando recursos de aposentados.>
A deputada se referia à Lei que determinou a cobrança de 14% de contribuição de aposentados e pensionistas na cidade, imposta em 2021 em meio à pandemia de coronavírus, como ressaltou Camila em sua resposta. >
João Coser disse que assume o compromisso de devolver o dinheiro para os idosos afetados e atacou: “Não basta guardar dinheiro, tem que saber investir”. Para o petista, a gestão atual é como um pai que tem R$ 100 mil no banco, mas deixa o filho passar fome. Ele ainda disse que ser gestor público “é um ato de amor, tem que cuidar das pessoas. Asfalto é bom, mas não melhora a vida da população”.>
Em seguida, foi a vez de Du responder o petista sobre mobilidade urbana e acidentes de motos que, segundo Coser, “comprometem e encarecem o sistema de saúde”. De acordo com o candidato do Avante, “é preciso educar os motociclistas e motoristas de automóveis, ônibus e caminhões. Já existem as faixas azuis que são faixas exclusivas para motos. Eu, sendo eleito, implementarei imediatamente as faixas exclusivas para motos e ônibus. Acredito que fazendo isso, diminuiremos muito os acidentes de trânsito”. Além disso, o empresário disse que quer investir em mais aquaviários na cidade e implementar o “uber barco”.>
Sobre as escolas em tempo integral, Assumção, que foi questionado por Du, criticou o governo de Pazolini e disse que o prefeito tem uma visão fantasiosa de Vitória. Na réplica, o empresário citou falta de alvarás das escolas da Capital e revelou que pretende firmar parcerias com escolas privadas para atingir a meta de oferecer ensino em tempo integral para todos.>
A seguir, foi a vez de Pazolini, que citou programas de arborização e de despoluição de fontes implementados em sua administração e perguntou para Du quais são as propostas do concorrente para mitigar os efeitos do aquecimento global e garantir um sistema equilibrado. O candidato do Avante respondeu que prevê a revitalização de áreas verdes, o uso de tecnologias sustentáveis e a promoção de hortas urbanas, além de incentivar o uso de transporte aquático, coletivo e ciclovias. Du também prometeu dialogar com as empresas poluidoras – emissoras do “pó preto” – de Vitória e construir domos para proteger o município. >
Já em relação aos acidentes no trânsito, Luiz Paulo questionou quais foram as entregas de Pazolini para lidar com o problema. O prefeito citou ações de educação do trânsito nas escolas, a implementação de câmeras que monitoram a cidade, a substituição da central semafórica municipal e prometeu expandir ações de fiscalização com bafômetros e drones, por exemplo.>
Finalizando o bloco, Camila Valadão expôs a Assumção suas propostas para a Guarda Municipal de Vitória. A deputada afirmou que a Guarda está sendo utilizada como instrumento de marketing político e foi desvirtuada da sua missão que, segundo ela, é a preservação da vida e promoção da cidadania. Camila também criticou a insegurança em locais públicos e disse que “segurança pública se faz com planejamento, com diagnóstico, participação popular e articulação institucional. O que a gestão fez foi isolar Vitória das demais forças da área da segurança pública”. >
Nas considerações finais, em ordem definida por um sorteio feito previamente, Lorenzo Pazolini destacou feitos de sua gestão e falou na intenção de implementar ações que levem “paz e prosperidade” à cidade, além do compromisso de “fazer de Vitória a melhor cidade do Brasil para se viver”. >
João Coser reafirmou que nunca teve problemas com a Justiça ou condenações, destacou a boa relação com o governador Renato Casagrande (PSB) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e disse que “a cidade ganha mais quando não é dividida”.>
Camila Valadão teceu uma série de críticas à administração, falando em “bom mocismo”, atacando o projeto de asfaltamento da cidade e pediu votos para eleger a primeira prefeita mulher da Capital: “Vitória merece mais que uma gestão medíocre e autoritária”. >
Luiz Paulo Vellozo Lucas disse que dedicou sua vida à política e que é “obcecado” pela ideia de ter Vitória como destino nacional e internacional por seu povo, ativos ambientais, históricos e culturais.>
Du destacou sua trajetória de vida, de vendedor de frutas a empresário, e disse que uma pessoa como ele pode fazer muito na Prefeitura para levar prosperidade à população. Ele também lembrou que os demais candidatos têm trajetória na política, diferentemente dele: “Eu só tenho você, eleitor”. >
Citando um versículo bíblico, Assumção focou em críticas à atual prefeitura e, em uma provocação, prometeu a sua candidata a vice-prefeita que jamais seria “indelicado” com ela.>
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