Publicado em 5 de dezembro de 2019 às 17:20
Depois de alfinetadas em redes sociais e críticas nos bastidores, a Prefeitura de Vitória repassou, nesta quinta-feira (5), um recurso extra para a Câmara do município quitar o pagamento de pessoal neste fim de ano. O prefeito da Capital, Luciano Rezende (Cidadania), assinou um decreto liberando R$ 600 mil para a Casa, que será dividido entre salários de servidores, pagamento de Previdência e subsídios dos parlamentares. >
A Câmara solicitou inicialmente R$ 2 milhões, depois reajustados para R$ 1,5 milhão. Luciano Rezende, contudo, sugeriu à Câmara que refizesse os cálculos e verificasse a possibilidade de cortar algumas despesas. O valor encaminhado ao Legislativo é 70% menor do que o inicialmente pedido. >
O novo montante foi fechado na última segunda-feira (2), em reunião entre as equipes financeiras do Legislativo e do Executivo, além do secretário da Fazenda, Henrique Valentim, da secretária do Governo, Elizabeth Endlich, e dos vereadores Sandro Parrini (PDT) e Luiz Paulo Amorim (PV). >
Apesar do aparente consenso entre os Poderes municipais, em nota publicada no site do Legislativo, o presidente da Casa, Cleber Felix (PP), o Clebinho, diz que "o valor repassado não representa o solicitado" e destaca que o pedido por mais recursos está previsto em lei.>
>
Em nota, a Prefeitura de Vitória informou que "a falta destes recursos acarretaria em atraso no salário de servidores da Câmara, o não cumprimento de obrigações previdenciárias por parte da Câmara, e até em possíveis demissões, o que impactaria no dia a dia de diversas famílias. Diante do risco em relação aos servidores da Câmara, a prefeitura entendeu pelo repasse somente desse valor, com objetivo de garantir o pagamento de todos os servidores do Legislativo". Do total, são R$ 385 mil para contribuições previdenciárias; R$ 165,2 mil para vencimentos e salários de servidores; e R$ 49,8 mil para subsídios de agentes políticos.>
Além dos R$ 600 mil suplementados nesta quinta-feira, a Câmara já havia recebido R$ 66.250, em 6 de novembro; e R$ 164.672, em 1º de novembro. O total de repasses extras recebidos desde o início de novembro é de R$ 830.922, segundo o próprio Legislativo. Mas para a Casa. "o valor repassado (desta vez) não representa o solicitado, que foi fundamentado em estudos técnicos realizados na Câmara e encaminhados, por meio de ofícios, ao Executivo. A CMV esclarece que após estudos técnicos dentro da Casa de Leis foram feitas adequações dentro do próprio orçamento, que a curto prazo, ou seja, durante o mês de dezembro, não prejudicarão o funcionamento da Câmara", informou em nota o presidente da Casa.>
A negociação entre os chefes dos Poderes da Capital começou em novembro e teve seus altos e baixos. Cleber Felix acusa o ex-presidente da Casa Vinícius Simões (Cidadania), aliado do prefeito, de ter aprovado um orçamento em 2018, durante sua gestão, menor do que os valores que a Câmara necessitava.>
Simões responde às acusações com os números da sua própria gestão. Afirma que, em seus dois anos na presidência da Casa (2017-2018), economizou um total de R$ 4 milhões, recursos devolvidos para a Prefeitura de Vitória. Segundo ele, isso prova que o valor do orçamento de 2019 (R$ 27,7 milhões) seria mais que suficiente para Clebinho administrar a Casa e pagar todos os gastos ao longo de 2019. >
O orçamento dado ao presidente para este ano cobriria todas as despesas, inclusive o reajuste anual, todas as despesas, todos os contratos, e ainda sobrariam valores, se ele soubesse administrar a Casa, revidou Simões, aliado de primeira hora do prefeito Luciano Rezende, em entrevista ao colunista Vitor Vogas, no último dia 22.>
A insuficiência se agravou no fim do ano, fazendo com que Clebinho precisasse recorrer a Luciano. Ao fazer o pedido por crédito suplementar, o presidente da Câmara se reuniu com o prefeito, em um encontro tenso, em que o parlamentar saiu com cara de poucos amigos.>
O atual orçamento da Câmara é de R$ 27,7 milhões, 1,78% menor do que o de 2018 e o de 2017, que tiveram o mesmo valor: R$ 28,2 milhões. Isso significa uma redução de cerca de R$ 500 mil. Apesar do orçamento menor, analisando o detalhamento entre os dois anos, houve um aumento na estimativa dos gastos com pessoal, com R$ 224 mil a mais. O custeio também foi orçado por um valor de R$ 451 mil a mais. Houve ainda a previsão orçamentária para a realização de um concurso público, no valor de R$ 50 mil.>
Nas redes sociais, o prefeito publicou, em meio às discussões, uma frase provocativa: Não é: me dá mais dinheiro. É: gaste melhor e economize o dinheiro público.>
No plano de fundo da disputa estão as cada vez mais próximas eleições municipais de 2020. Clebinho é apontado como pré-candidato a prefeito, enquanto Luciano quer colocar seu aliado Fabrício Gandini (Cidadania), hoje deputado estadual, para o suceder no cargo.>
Outro episódio no meio da novela foi a aprovação do Orçamento do Executivo para o ano de 2020. Nos bastidores, os líderes se armaram para um confronto. Na Câmara, a possibilidade de devolver a peça orçamentária para o prefeito chegou a ser ensaiada, mas não foi para frente. Por fim, na semana passada, em gesto de pacificação, a proposta foi colocada em pauta e aprovada por 13 dos 15 votos. Vale destacar o aumento na fatia a ser repassada para a Câmara, que foi 15,8% maior em relação a 2019.>
Para evitar cortes no Legislativo, três vereadores da Comissão de Finanças assumiram a intermediação do conflito. Dalto Neves (PTB), Sandro Parrini (PDT) e Luiz Paulo Amorim (PV) se reuniram com o prefeito, em um encontro que contou também com as equipes de finanças da Câmara e da Prefeitura de Vitória. Avaliamos que era preciso dialogar. A suplementação é legal, é algo de direito de nós, vereadores. Dialogamos com o prefeito para chegar na melhor resolução possível. Os Poderes são independentes, mas precisam ser harmônicos. Acho que ficou de bom tamanho para todo mundo, avaliou Parrini nesta quinta.>
Mesmo sem ter recebido o que havia pedido inicialmente, o presidente da Casa informou em nota que o funcionamento da Casa e os pagamentos dos servidores e fornecedores não serão prejudicados. Ele destacou que foram feitos ajustes nas contas durante o ano de 2019 para proporcionar a economia necessária para se encaixar no orçamento aprovado em 2018.>
Após receber o pedido inicial de cerca de dois milhões de reais, a Prefeitura de Vitória sugeriu ao corpo de técnico na Câmara Municipal que refizesse seus cálculos com base no que era estritamente prioritário e necessário a ser gasto no ano de 2019. >
Sugeriu ainda que, assim como é feito pelo Executivo, que fosse estudado e analisado todo orçamento disponível para a Câmara, com o objetivo de encontrar despesas a serem reduzidas ou até evitadas.>
Assim, após duas reuniões, o corpo técnico do Legislativo apontou que a despesa prioritária a ser coberta era com gastos relativos a pagamento de pessoal. >
Considerando que a Lei 4.320 veda a realização de despesas sem a devida cobertura orçamentária, a falta destes recursos acarretaria em atraso no salário de servidores da Câmara, o não cumprimento de obrigações previdenciárias por parte da Câmara, e até em possíveis demissões, o que impactaria no dia a dia de diversas famílias.>
Diante do risco em relação aos servidores da Câmara, a Prefeitura entendeu pelo repasse somente desse valor, com objetivo de garantir o pagamento de todos os servidores do Legislativo.>
O presidente da Câmara Municipal de Vitória (CMV), vereador Cleber Felix (PP), no uso de suas atribuições informa à sociedade e servidores desta Casa de Leis que foi publicado nesta quinta-feira (05/12), o Decreto nº 17.934 (página 06), que dispõe sobre o repasse no valor de R$ 600 mil para o exercício financeiro das atividades da CMV. As solicitações de suplementação são previstas em Lei e o pedido feito pela Câmara obedece o que determina a legislação. >
O valor repassado não representa o solicitado, que foi fundamentado em estudos técnicos realizados na Câmara e encaminhados, por meio de ofícios, ao Executivo. Porém, a Câmara reforça que o funcionamento regular da instituição e os pagamentos dos servidores e fornecedores não serão prejudicados.>
A gestão da CMV reitera que todo orçamento foi aprovado em comissões internas e todos os dados e valores estão disponíveis no Portal da Transparência. Além disso o orçamento segue todos os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). >
Por fim, completamos que durante o ano de 2019 todos os ajustes para proporcionar economia foram feitos tendo como referência o orçamento aprovado no ano de 2018. O objetivo desta Casa de Leis é manter todos os pagamentos em dia, com os serviços funcionando em sua total integridade com agilidade e eficiência para servir cada vez melhor à sociedade.>
A CMV informa que foram realizados os seguintes repasses:>
01º de novembro: Decreto nº 17.895, no valor de R$ 164.672>
06 de novembro: Decreto nº 17.905, no valor de R$ 66.250>
05 de dezembro: Decreto nº 17.934, no valor de R$ 600 mil>
Valor total de repasses: R$ 830.922>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta