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Vários postos usam sistema que foi hackeado no ES, alerta polícia

Vários postos usam sistema que foi hackeado no ES, alerta polícia

Frentista que trabalhava em estabelecimento em Aracruz foi preso na quinta-feira (1º), após alterar vendas; delegado orienta conferência para demais donos

Publicado em 5 de setembro de 2022 às 21:19

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O suspeito, de 23 anos, foi preso em flagrante no posto de combustível que fica em Vila Nova, Aracruz; aliado a hackers de outros estados, ele aplicou o golpe por cerca de cinco meses
Frentista que furtou R$ 88 mil de posto de gasolina de Aracruz, com ajuda de hackers, foi preso na quinta-feira (1º). (Divulgação | Polícia Civil)
Júlia Afonso
Repórter / [email protected]

O sistema de compra e venda utilizado pelo posto de combustível vítima de fraude em Aracruz, Norte do Espírito Santo, é o mesmo usado por vários postos no Estado. Por isso, a Polícia Civil fez um alerta para que os donos dos estabelecimentos façam uma conferência nas contas para verificar se também foram hackeados.

"Esse sistema utilizado por esse posto é um sistema que outros postos de gasolina do Estado também utilizam. É interessante que os donos comecem a verificar se o volume de compras e vendas está batendo. Se houver algum problema, faça o Disque-Denúncia (181), fale conosco, que nós vamos investigar", declarou José Darcy Arruda, delegado-geral da PC.

Na última quinta-feira (1º), um frentista de 23 anos foi preso após furtar R$ 88 mil do posto onde trabalhava. Ele contratou hackers que invadiram o sistema do estabelecimento e deletaram várias vendas, fazendo com que "sobrasse" dinheiro no caixa. No fim do dia, ele pegava essa quantia e depositava na própria conta pessoal.

Segundo a Polícia Civil, o posto vítima de fraude faz parte de uma rede com outros 15 estabelecimentos espalhados pelo Espírito Santo. 

ENTENDA COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA

O frentista foi preso nessa quinta-feira (1º), suspeito de participar de um esquema criminoso de invasão ao sistema de compras e vendas do posto de combustível onde ele trabalhava, em Vila Nova, Aracruz. O nome dele não foi divulgado.

De acordo com a Polícia Civil, ele trabalhava no posto havia um ano e meio. Ele já ocupava um cargo de confiança e era responsável por fechar o caixa do estabelecimento. Com pleno acesso ao sistema de controle de compras e vendas, ele conseguiu permitir o acesso remoto de hackers, que modificavam as ordens.

"O frentista entrou em contato com hackers de outros Estados que entraram no sistema do posto e fizeram uma análise completa de como ele funcionava. Eles conseguiram entrar, entender essa sistemática e algumas fragilidades do sistema, e apagar algumas vendas", explicou o delegado Leandro Sperandio, da Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Aracruz.

Com as vendas deletadas do sistema, acabava "sobrando" dinheiro do caixa, valor que era retirado pelo frentista.

"O padrão de segurança do posto era: de tempos em tempos, o frentista pegar o dinheiro do caixa e realizar um depósito na conta do posto, que era feito lá mesmo em um caixa eletrônico 24h. Logo após os hackers apagarem algumas vendas do sistema, o frentista ia até o caixa, depositava o dinheiro na conta do posto e fazia um segundo depósito na própria conta pessoal dele", completou Sperandio.

SUSPEITO USAVA SITE DE PÔQUER E CRIPTOMOEDA PARA LAVAR DINHEIRO

No entanto, segundo a Polícia Civil, o dinheiro não ficava muito tempo na conta do frentista: para lavar essas quantias, ele comprava crédito em jogos virtuais.

Aspas de citação

Ao sair do trabalho, ele acessava a internet, comprava créditos em jogos virtuais de pôquer e depois realizava a transferência desses créditos para criptomoedas. Assim ele conseguia dividir o lucro com os hackers

Leandro Sperandio
Delegado titular da Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Aracruz
Aspas de citação

Segundo a PC, essa tática de trocar por criptomoedas era para tentar dificultar as investigações. "A criptomoeda é virtual e deixa menos rastros do que em uma conta bancária, por exemplo", explicou o delegado.

COMO O DONO DO POSTO DESCOBRIU?

As investigações mostraram que o frentista conseguiu colocar o esquema em prática durante cinco meses. Ele começou com valores pequenos, como R$ 50 por dia, e agora chegava a furtar até R$ 1.500 por vez.

Há cerca de três semanas, o dono do posto percebeu um desfalque, o que acendeu a suspeita de uma possível fraude. "A vítima percebeu, analisando o controle de compra e de venda de combustíveis, que havia um desfalque muito grande, já no valor de R$ 88 mil. Iniciamos então as investigações e descobrimos o esquema", comentou Sperandio.

CÂMERA FLAGROU FRENTISTA PEGANDO DINHEIRO

Após semanas de investigação, incluindo a análise das imagens de segurança do posto, que mostraram o frentista pegando o dinheiro e depositando no caixa 24h, a polícia montou uma campana para pegá-lo no flagra.

"Nos dirigimos até o local dos fatos. Esse frentista realizou a primeira subtração do dia, foi abordado e preso em flagrante delito. Primeiramente, negou a prática do crime, mas diante das provas demonstrou-se arrependido e confessou com riqueza de detalhes", disse o delegado.

O suspeito, de 23 anos, foi preso em flagrante no posto de combustível que fica em Vila Nova, Aracruz; aliado a hackers de outros estados, ele aplicou o golpe por cerca de cinco meses
Imagens mostram frentista, de 23 anos, pegando dinheiro em posto de Aracruz. (Divulgação | Polícia Civil)

O frentista foi autuado em flagrante por furto qualificado e já teve a prisão convertida para preventiva. "Ele cometeu essa operação 1.010 vezes. Então, tecnicamente, ele cometeu mil furtos e vai ser indiciado por isso", adiantou Sperandio.

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