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Site remove anúncio de falso óleo de semente de abóbora que matou casal no ES

Site remove anúncio de falso óleo de semente de abóbora que matou casal no ES

Após a comprovação pela perícia da Polícia Civil de que o composto continha dietilenoglicol, a mesma substância que contaminou lote de cervejas Backer e causou a morte de 10 pessoas, o Mercado Livre retirou a publicidade da plataforma

Publicado em 7 de julho de 2021 às 13:43

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Serra
Na começo da manhã desta quarta-feira (7) ainda era possível encontrar o anúncio no ar. O mesmo, entretanto, já estava sinalizado como pausado pela plataforma. (Divulgação/Polícia Civil)

O site Mercado Livre tirou do ar o anúncio do suposto óleo de semente de abóbora, que, na verdade, continha na composição glicerina misturada à substância dietilenoglicol, que acabou provocando a morte do casal Rosineide Dorneles e Willis Pereira, na Serra, entre os meses de fevereiro e março deste ano.

O produto, vendido como natural, desencadeou uma série de reações na artesã e no cozinheiro, que acabaram internados no Hospital Estadual Dório Silva. Com a piora no quadro clínico, os dois morreram em decorrência do consumo contínuo e diário do composto. O laudo cadavérico e as análises feitas na amostra pela perícia da Polícia Civil confirmaram a contaminação pelo dietilenoglicol – a mesma substância presente em um lote de cerveja da Cervejaria mineira Backer, que culminou na morte de 10 pessoas.

No fim da manhã desta quarta-feira (7), o anúncio com o produto já não era mais encontrado na plataforma – a mercadoria ainda aparecia no site até terça-feira (6), data em que a Polícia Civil capixaba concedeu uma coletiva sobre o caso ao concluir o inquérito, que culminou na prisão pelo responsável pela fabricação do composto. O homem de 34 anos foi detido na cidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo e está preso preventivamente. Pesquisando pelo nome "óleo de semente de abóbora", aparecem outras mercadorias, mas não a fabricada pelo suspeito.

MERCADO LIVRE

Ao tomar conhecimento do caso, o Mercado Livre respondeu, em nota, que não compactua com a venda de produtos falsos no site e explicou que ainda não havia recebido nenhum tipo de comunicação por parte da Polícia Civil do Estado, mas mostrou-se disposto a colaborar com o caso.

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Nas análises feitas no suposto óleo de semente de abóbora, a perícia encontrou a substância dietilenoglicol . (Divulgação/Polícia Civil)

"O Mercado Livre repudia o uso indevido de sua plataforma e tem todo interesse em excluir qualquer anúncio que desrespeite os seus 'Termos e Condições' e a legislação em vigor. A empresa informa, entretanto, que não identificou o recebimento da notificação sobre o caso apontado e está buscando informações perante a autoridade policial para adotar medidas cabíveis. Vale ressaltar, que o Mercado Livre, em sua atuação como plataforma de intermediação, não é responsável pelo conteúdo gerado por terceiros, neste caso o vendedor anunciante, conforme já está consolidado na jurisprudência do STJ na aplicação do Marco Civil da Internet", disse.

A empresa comunicou também que 100% dos anúncios publicados no site possuem um botão de "Denúncia", abaixo da publicação, no canto inferior direito, para que qualquer pessoa possa apontar práticas indevidas na plataforma - pouco após a resposta ser enviada à reportagem, o anúncio foi removido.

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O casal Rosineide e Willis morreu em decorrência da ingestão da substância dietilenoglicol contida em um falso óleo de semente de abóbora que haviam comprado pela internet . (Montagem/A Gazeta e Divulgação/Polícia Civil)

Procurada por A Gazeta, a Polícia Civil comunicou, por meio de nota, que já está buscando o Mercado Livre para identificar eventuais compras do mesmo produto e possivelmente pessoas lesadas, como dito pelo delegado que esteve à frente das investigações.

"A Polícia Civil informa que o 12º Distrito Policial já está em contato com representantes do site de vendas e enviou ofício, solicitando que os anúncios publicados pelo investigado sejam removidos e que seja disponibilizada a listagem das transações realizadas pelo investigado por meio do site. Até o momento, não há indícios de responsabilidade da plataforma de vendas sobre os produtos ofertados, uma vez que o site hospeda os anúncios, mas não é, efetivamente, o vendedor do produto", disse na nota.

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