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Filha chama toda noite pela mãe morta pelo marido no ES, diz avó da criança

Filha chama toda noite pela mãe morta pelo marido no ES, diz avó da criança

Genaína Gomes foi morta na frente dos filhos em dezembro. O assassino, Antônio Junior Cruz da Silva, virou réu após o juiz Luciano Costa Bragatto aceitar a denúncia contra ele por feminicídio

Publicado em 8 de janeiro de 2020 às 13:40

Ângela Maria Gomes dos Santos, mãe de Genaína Gomes dos Santos, morta pelo marido em Cariacica Crédito: Rodrigo Gavini

Um mês após a morte da camareira Genaína Gomes dos Santos, de 34 anos, assassinada a facadas pelo marido na frente dos quatro filhos, em Cariacica, a família da vítima tenta reconstruir a vida. O assassino, Antônio Junior Cruz da Silva, virou réu após o juiz Luciano Costa Bragatto aceitar a denúncia contra ele por feminicídio. As quatro crianças que presenciaram o crime têm 1, 8, 11 e 14 anos.

As crianças vivem amedrontadas e não conseguem dormir sozinhas desde o crime, segundo a mãe de Genaína, Ângela Gomes dos Santos, de 58 anos. "A filha do meio (de 8 anos) acorda toda noite chamando 'mãe, mãe, mãe'. Está difícil para todo mundo da família. Ele está preso, mas está vivo. E minha filha está morta!", desabafa, em conversa com A Gazeta.

Há 15 anos, Ângela viveu a mesma dor de perder uma filha por feminicídio. Agora, ela espera um desfecho diferente. É que naquela época, quando a outra filha morreu, o marido da vítima chegou a ser preso, mas foi solto e fugiu.

"Espero justiça. Quero que ele seja julgado e condenado. Que ele pegue muitos e muitos anos de cadeia porque ele acabou com a minha vida e com a vida dos filhos da Genaína", destacou Ângela.

ALTA PERICULOSIDADE

Antônio, que agora é réu por feminicídio, vai continuar preso preventivamente, conforme determinação do magistrado. Caso seja condenado, a pena poderá ser aumentada em um terço pelo crime ter ocorrido próximo aos filhos. O feminicídio ocorreu no dia 5 dezembro de 2019.

O acusado, que trabalhava na Ceasa, confessou o crime à Polícia Civil e disse que matou a mulher por ciúmes. A família da vítima, morta aos 34 anos, contou que Genaína queria o fim do relacionamento, mas Antônio não aceitava. Ele fugiu após cometer o crime, mas foi preso uma semana depois.

Antônio Junior Cruz da Silva é considerado o principal suspeito de matar Genaína Crédito: Reprodução/ Redes sociais

Horas antes do assassinato, Antônio e Genaína tiveram uma forte discussão. Após ser ameaçada, a mulher chamou a Polícia. Quando os militares chegaram, ele já tinha saído. Voltou mais tarde, matou a mulher e deixou traumatizados os filhos dela, que presenciaram o crime.

Na decisão, o juiz Luciano Costa Bragatto afirmou que os fatos são claros ao demonstrar a alta "periculosidade e ousadia" de Antônio por ter voltado à casa da vítima após a saída da viatura da Polícia Militar do local. O magistrado ainda cita a "frieza" do acusado e aponta que os crimes de "extrema periculosidade", como esse, estão ocorrendo com bastante frequência, o "que vem gerando uma enorme sensação de insegurança".

A GAZETA LANÇA PROJETO "TODAS ELAS"

O progresso feminino na sociedade não é capaz de acabar com os desafios que as mulheres ainda enfrentam. A discriminação de gênero é real, elas recebem menores salários, são rejeitadas por serem mães, são alvos de assédio no ambiente corporativo. Em casa, muitas são vítimas de violência doméstica. Para dar mais visibilidade a esses problemas e as formas de enfrentá-los, A Gazeta criou o projeto Todas Elas, que agora faz parte da rotina da redação A Gazeta/CBN Vitória.

Para isso, reportagens em vídeos, textos, infográficos, podcasts, todos relacionados ao tema, serão reunidos em A Gazeta. Também estão previstos encontros específicos para discutir esses desafios, como palestras em escolas e empresas.  A editora-chefe da Redação A Gazeta/CBN, Elaine Silva, esclarece que o projeto só reforça o compromisso de A Gazeta em fazer o Espírito Santo melhor.

“Temos um alto índice de violência contra mulher e feminicídio ao longo de toda a história do Espírito Santo. É inaceitável. Mas não podemos simplesmente ficar paralisados enquanto vários casos se repetem aos quatro cantos capixabas. Por isso, decidimos assumir o compromisso de dar ainda mais visibilidade às histórias de mulheres que sofrem abusos e violências de todos os tipos. Mas não é só isso, não queremos apenas enumerar uma série de dores e traumas. Nosso propósito é tentar fazer todos refletirem. E mais ainda, queremos ajudar essas mulheres a superar seus sofrimentos e dar a volta por cima. O Todas Elas quer estimular a população capixaba a discutir o tema, propor ações para mudar essa realidade e não deixar que mais nenhuma mulher morra só por ser mulher”, ressalta.

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