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Dona de creche é indiciada por morte de bebê engasgado na Serra

Dona de creche é indiciada por morte de bebê engasgado na Serra

Segundo a investigação, local não tinha autorização para funcionar e proprietária não era capacitada profissionalmente para atuar como cuidadora

Publicado em 20 de dezembro de 2023 às 12:58

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura
Bernardo Pereira morreu após engasgar enquanto dormia em Serra Dourada II
Bernardo Pereira, bebê que morreu engasgado em creche. (Divulgação | Hellen Braga)

Três meses após a morte de um bebê em uma creche da Serra, a Polícia Civil finalizou a investigação e indiciou a proprietária do local por homicídio com dolo eventual (quando não tem intenção, mas assume o risco de matar). O nome da mulher não foi divulgado, e, segundo a autoridade policial, foi pedida a prisão preventiva da investigada, mas ela seguirá respondendo pelo crime em liberdade até que haja uma decisão na Justiça.

Laudo do DML

Bernardo Ribeiro Pereira tinha um ano e dez meses de idade quando morreu engasgado no estabelecimento chamado "Espaço Cantinho do Nenê", em 19 de setembro deste ano, no bairro Serra Dourada II, na Serra. O laudo cadavérico realizado no Departamento Médico Legal (DML) apontou "asfixia por broncoaspiração, caracterizada como um meio físico-químico" como causa da morte. 

Série de irregularidades

Segundo as investigações, a creche operava sem a devida regularização, sem alvará dos órgãos competentes, como a Vigilância Sanitária, da Secretaria de Educação (Sedu) e do Corpo de Bombeiros. Além disso, a proprietária da creche tinha registro como Microempreendedora Individual (MEI), mas não constava a atividade de cuidadora infantil. A mulher também não tinha capacitação profissional adequada e cuidava de 11 crianças, inclusive dos dois filhos delas, realizando também funções domésticas na unidade.

Dona de creche é indiciada por morte de bebê engasgado na Serra

Demora em acionar os pais

A investigação também apontou que houve demora em comunicar os pais sobre o mal-estar do bebê Bernardo, sendo evidenciada, segundo a polícia, a falta de cuidados e a negligência, caracterizando dolo eventual. O inquérito concluiu que a mãe poderia ter sido informada imediatamente, evitando a fatalidade. "Ao omitir-se nos cuidados, a indiciada assumiu o risco da morte da criança. Diante dos elementos apresentados, a proprietária do estabelecimento foi indiciada por homicídio com dolo eventual, conforme o artigo 121 §2º, inciso IV do Código Penal Brasileiro", informou a Polícia Civil.

A reportagem tenta contato com a defesa da dona da creche. O espaço segue aberto para manifestação.

Bernardo Pereira
Bernardo Pereira em um dos locais de recreação da creche . (Arquivo da família)

Relatos da família

À época da morte do bebê, o pai Breno Freitas conversou com a reportagem de A Gazeta e afirmou que a cuidadora demorou a verificar como o filho estava. Segundo ele, o bebê não acordou da soneca junto das outras crianças, mas a responsável pelo local só percebeu que algo estava errado cerca de uma hora e meia depois.

“Minha mulher mandou foto dele dormindo por volta de 13h horas, que a dona da creche tinha mandado. Eu percebi que não estava bem, costumava fazer careta para as fotos. Depois disso, só recebi uma ligação da minha esposa sem reação”, lembrou.

O relato também endossado pela madrinha da Bernardo, Hellen Braga. Segundo a representante comercial, a dona da creche não pediu ajuda a ninguém do entorno.

“A Islaine (mãe de Bernardo) trabalha em Laranjeiras e ela (dona da creche) esperou a mãe chegar em Serra Dourada para chamar o Samu/192. A creche fica em frente a uma academia e perto de quatro farmácias. Como ela não pediu ajuda? É negligência”, desabafou. Hellen contou ainda que outras dez crianças também passavam o dia no local e somente duas pessoas são responsáveis por todas elas.

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