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Publicado em 1 de setembro de 2021 às 19:42
A Justiça converteu em preventiva a prisão de Antúlio Gomes Pinto — que ficou conhecido como “maníaco da Ilha do Boi” — em audiência de custódia realizada nesta quarta-feira (1°). Ele foi preso em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, por suspeita de manter em cárcere privado uma idosa que o ajudava com atividades domésticas. O homem possui um histórico de crimes, envolvendo tortura e cárcere privado de mulheres, e já foi condenado por eles. >
Em um trecho da decisão, o juiz Ewerton Nicoli justificou que manteve a prisão de Antúlio porque "as condutas são extremamente graves e retratam uma reiteração infracional a denotar uma personalidade extremamente antissocial, evidenciando que o autuado, a despeito da sua condição de saúde periclitante, não detém nenhuma condição de permanecer convivendo em sociedade”.>
O magistrado também reforçou na decisão que a vítima está muito abalada com a situação e medidas alternativas de cumprimento da pena não seriam suficientes para mantar a tranquilidade da idosa. O juiz destacou ainda uma submissão do marido da vítima em relação a Antúlio. >
“É espantoso o depoimento prestado pelo marido da ofendida, que se coloca em total situação de submissão ao autuado, que, como já dito, apresenta personalidade controladora e perversa”, escreveu. >
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Consta ainda na decisão que o juiz Ewerton Nicoli manteve a prisão, mesmo com as condições de saúde de Antúlio — que ficou cadeirante após um Acidente Vascular Cerebral (AVC) — porqu essa situação não impede que crimes sejam cometidos por ele. Entretanto, o magistrado pede que o homem seja submetido a vários exames de saúde. >
Por telefone, o advogado Felipe Prata Pravato Rangel, que defende Antúlio Gomes Pinto, disse que vai se reunir com seu cliente nesta quinta-feira (2) e deve entrar com um pedido de liberdade. >
Antúlio Gomes Pinto ficou conhecido como "maníaco da Ilha do Boi" após torturar — com ferro quente, socos e pancadas — e manter em cárcere privado a esposa e três filhos em um apartamento no bairro de Vitória. No mesmo período, ele fez o mesmo com mais cinco mulheres, sendo que apenas duas conseguiram fugir. Os corpos de outras três nunca foram encontrados. >
Os crimes dele vieram à tona em 2005, quando a esposa dele conseguiu fugir do apartamento onde era mantida em cárcere privado. A jovem, que na época estava com 29 anos, conseguiu escapar por uma janela de um apartamento da Ilha do Boi, onde o casal morava com os três filhos. >
A vítima revelou à polícia a macabra história vivida por ela na última década e por outras cinco jovens — sendo que duas conseguiram e uma delas foi morar no Japão. Após as investigações, Antúlio foi acusado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e condenado a mais de 101 anos de prisão pelos crimes de tortura, cárcere privado, maus-tratos, estelionato, lesão corporal e rufianismo — que é viver de aliciamento de mulheres. >
Em janeiro de 2010, ele conseguiu um habeas corpus que o permitiu ir para a prisão domiciliar na casa de parentes, em Colatina. O argumento foi o de que um acidente vascular cerebral (AVC) o havia deixado em uma cadeira de rodas, com parte do corpo paralisado. >
Mesmo nessa condição, Antúlio fugiu para Minas Gerais, onde acabou preso em flagrante, em 2013, acusado de manter outra mulher, de 30 anos, com quem teve um filho, à época com 1 ano e meio, em cárcere privado. No local, também foram encontradas três adolescentes trabalhando para ele em condições inadequadas. >
Pelos crimes cometidos em Minas Gerais, ele também foi condenado e a pena total, somada à capixaba, totalizou quase 106 anos. No início de 2015, a Justiça lhe concedeu indulto humanitário, com o argumento de que sua saúde estaria precária. Segundo o advogado de Antúlio na ocasião, Lécio Silva Machado, “ele não mexia o corpo do pescoço para baixo”. >
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