> >
Caso Amanda Marques: Justiça mantém júri popular de acusado de atropelar e matar jovem

Caso Amanda Marques: Justiça mantém júri popular de acusado de atropelar e matar jovem

Wagner Nunes de Paulo, indiciado por homicídio doloso pela morte da jovem, ocorrida em 17 de abril de 2021, na Rodovia Darly Santos

Publicado em 14 de março de 2024 às 19:08

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura

A Justiça do Espírito Santo manteve a decisão de realizar o júri popular de Wagner Nunes de Paulo, condutor do veículo que atropelou e matou a jovem Amanda Marques Pinto, 20 anos. O caso aconteceu na Rodovia Darly Santos, em Vila Velha, no dia 17 de abril de 2021. 

Wagner estava preso preventivamente desde o acidente. Em agosto do ano passado, uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus para o acusado, que deste então, está solto. Ele conduzia um Toyota Corolla na Rodovia Darly Santos, quando atingiu a moto em que estava Amanda e o namorado dela à época, Matheus José da Silva.

Em 2022, a Justiça havia decidido que o motorista iria a júri popular e a defesa de Wagner apelou à segunda instância para desclassificação da pronúncia. O Ministério Público indiciou o motorista do carro por homicídio doloso - quando o autor assume o risco em matar uma pessoa - e homicídio doloso tentado. Para a defesa, as denúncias deveriam ser mudadas para homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e lesão corporal. 

Na decisão, proferida na quarta-feira (13), o desembargador Ubiratan Almeida Azevedo afirmou que “o pedido de desclassificação, na fase de pronúncia, não encontra agasalho nos autos, pois há elementos que validam a versão apresentada pelo Ministério Público Estadual, de que houve extrapolação do dever de cuidado, ínsito aos crimes culposos, em especial, se considerando que o réu conduziu veículo automotor, após ingerir bebida alcoólica, imprimindo velocidade acima da máxima permitida, e pondo em risco os demais motoristas e pedestres, que trafegavam pela via”.

Wagner Nunes de Paulo, de 28 anos, é quem dirigia o carro que atingiu a traseira da moto em que estava a jovem Amanda Marques
Wagner Nunes de Paulo, de 28 anos, é quem dirigia o carro que atingiu a traseira da moto em que estava a jovem Amanda Marques. (Reprodução de Redes Sociais | Montagem A Gazeta)

O desembargador também escreveu que “compete ao Tribunal do Júri, juiz natural da causa, solucionar a controvérsia sobre se o réu atuou com culpa consciente, ou dolo eventual”. Por fim, frisou que “não é o caso, uma vez que há indícios suficientes, apontando que o réu, com seu agir, impossibilitou a defesa dos ofendidos”.

O advogado Fábio Marçal, advogado da família de Amanda e assistente de acusação no caso, afirmou que a decisão da Justiça corrobora com a gravidade do caso.

“Há anos que a família sofre com essa tragédia e é necessário que haja responsabilização. A Justiça capixaba, ao manter o júri, dá exemplo. Iremos buscar os meios para que a sociedade verifique que não há impunidade. Não é possível acabar com toda uma família assim e achar que está tudo bem”, disse o advogado.

O que diz a defesa

Procurada, a defesa de Wagner Nunes de Paulo diz que respeita a decisão e que irá entrar com recurso cabível com o objetivo de obter esclarecimentos sobre alguns pontos. 

"Inicialmente, respeitamos a determinação do TJES, porém, não deixamos de expressar nossa preocupação com alguns aspectos do processo que, em nosso entendimento, não foram adequadamente esclarecidos", escreveu. 

Caso a Justiça mantenha a decisão atual, os advogados de defesa dizem estar preparados para levar a questão ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, se necessário, ao Supremo Tribunal Federal (STF).

"Nosso objetivo é assegurar que o resultado seja coerente com os princípios de justiça e equidade, essenciais ao Estado Democrático de Direito. A defesa de Wagner Nunes de Paulo está plenamente engajada em demonstrar, através das ferramentas pertinentes, a necessidade de uma revaloração das provas e argumentos apresentados, confiante de que a justiça prevalecerá", finalizaram. 

Wagner Nunes de Paulo, de 28 anos, é quem dirigia o carro que atingiu a traseira da moto em que estava a jovem Amanda Marques(Reprodução de Redes Sociais | Montagem A Gazeta)

Relembre o caso

  • Com apenas 20 anos, Amanda Marques teve a vida encerrada em 17 de abril de 2021, na Rodovia Darly Santos, em Vila Velha. Wagner Nunes de Paulo, condutor do veículo Toyota Corolla, atingiu a moto em que estavam ela e o companheiro, Matheus José da Silva. Câmeras de videomonitoramento flagraram o momento do acidente.

  • O casal estava de moto e voltava da casa da mãe da jovem pela rodovia. Quando os dois passavam pelo bairro Jardim Asteca, foram atingidos pelo carro dirigido por Wagner. Matheus pilotava a moto, modelo Honda XRE 300, no momento em que o Corolla, que seguia no mesmo sentido na pista, atingiu a traseira da motocicleta, segundo a Polícia Militar.

  • Com o impacto da batida, as vítimas foram arrastadas por cerca de 50 metros até o veículo parar. Amanda morreu ainda no local, enquanto o companheiro foi socorrido em estado grave para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), em Vitória. Ele teve alta médica dez dias depois.

  • Wagner Nunes de Paulo se recusou a fazer o teste do bafômetro no local do acidente, mas foi detido em flagrante após a batida e autuado inicialmente por homicídio culposo na direção de veículo automotor, crime previsto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro, como informou a Polícia Civil, na época.

  • Apesar de detido no local do acidente, Wagner teria tentado arrancar com o carro para fugir, mas foi impedido por testemunhas, que também afirmaram que o motorista estava embriagado e dirigindo em alta velocidade. Na ocasião, um policial civil amigo da família teria tentado retirá-lo da cena e ameaçado as pessoas.

  • Ele foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana, onde passou por audiência de custódia e teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva, a pedido do Ministério Público do Espírito Santo (MPES). Saiu da cadeia em agosto de 2023, mais de dois anos depois.

  • Após as investigações, a Delegacia de Delitos de Trânsito concluiu que o condutor havia ingerido bebida alcoólica durante uma festa com amigos. Indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil, Wagner ficou preso no Centro de Detenção Provisória de Viana II.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais