> >
Após Justiça decretar prisão, Dondoni se entrega à polícia em Minas Gerais

Após Justiça decretar prisão, Dondoni se entrega à polícia em Minas Gerais

O empresário Wagner José Dondoni de Oliveira se entregou à polícia em Minas Gerais na manhã desta quinta-feira (8)

Publicado em 8 de julho de 2021 às 11:38- Atualizado há 3 anos

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura
Chegada à Delegacia de Delitos de Trânsito do motorista Wagner José Dondoni de Oliveira
Chegada à Delegacia de Delitos de Trânsito do motorista Wagner José Dondoni de Oliveira. (Gabriel Lordêllo/Arquivo A Gazeta)

O empresário Wagner José Dondoni de Oliveira se entregou à polícia em Minas Gerais na manhã desta quinta-feira (8). A Justiça expediu o mandado de prisão dele nesta terça-feira (6). Ele é condenado por provocar a morte de três pessoas da mesma família ao bater sua caminhonete, na BR 101, em Viana, contra o carro do cabeleireiro Ronaldo Andrade - ele perdeu a mulher e os dois filhos – no dia 20 de abril de 2008. A pena é de 26 anos e 10 meses de reclusão em regime fechado. 

"A Polícia Civil, por meio da Superintendência de Polícia Interestadual e de Capturas (Supic) iniciou buscas imediatamente após o mandado ser expedido. Na manhã dessa quarta-feira (7), durante diligência em um dos possíveis imóveis que o condenado poderia estar, familiares informaram que ele se encontrava em Coronel Fabriciano, Minas Gerais, e que se apresentaria de forma espontânea. Na data de hoje (8), ele foi até a DP do município e se entregou", informou a polícia, por nota.

No final da tarde desta quinta-feira (8), a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais informou que Wagner Dondoni foi admitido no Centro de Remanejamento Provisório de Ipatinga I. "Por motivos de segurança, o Departamento Penitenciário não comenta transferências de presos", esclareceu.

O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) explicou que o recambiamento fica a cargo das respectivas secretarias de Justiça e que o preso condenado tem direito de cumprir a pena em local mais próximo da família. "No Espírito Santo, esse tipo de transferência é requerida administrativamente perante à Sejus pelo preso ou por parentes. Uma vez deferida, a efetivação fica condicionada aos trâmites administrativos", detalhou.

Por volta das 18h desta quinta-feira (8), a Secretaria de Justiça do Espírito Santo (Sejus) garantiu que não tinha sido acionada, nem recebido contato para recambiamento de Wagner Dondoni. "Após a instrução judicial, o apenado deverá ser encaminhado a um presídio do Estado, local de origem de expedição do mandado de prisão. O recambiamento pode ser realizado por equipe da própria Sejus", afirmou.

CONDENAÇÃO E RECURSOS

Após 13 anos do acidente, que demorou uma década para começar a ser julgado, agora não há mais possibilidades de recursos judiciais. Em novembro de 2018, Dondoni havia sido condenado a 24 anos e 11 meses de prisão, em regime fechado. A defesa ingressou com recurso, pedindo novo julgamento, sob a alegação de que a sentença do juiz Romilton Junior havia sido contrária às provas no processo.

Entretanto, em outubro de 2019, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, além de não aceitar a solicitação, decidiu aumentar a pena imposta, passando a condenação para 26 anos e dez meses, mais 30 dias de multa, considerando um recurso do Ministério Público.

Quando apresentou o recurso em segunda instância, Dondoni estava preso, mas conseguiu um habeas corpus no início do ano passado, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), concedido pelo ministro Sebastião Reis Junior, dando liberdade irrestrita ao réu. Assim, desde o dia 14 de fevereiro de 2020, o empresário estava solto, até se entregar nesta quinta-feira (8). Na ocasião, o cabeleireiro Ronaldo Andrade, sobrevivente da tragédia, lamentou a soltura.

"NUNCA DEIXEI DE ACREDITAR", DIZ ESPOSO E PAI DE VÍTIMAS

Depois de a Justiça determinar a prisão de Dondoni, sem direito a recursos, o cabeleireiro Ronaldo Andrade, esposo e pai das vítimas, desabafou: “Nunca deixei de acreditar”. Ronaldo também estava no carro quando perdeu a família. Em conversa com a reportagem de A Gazeta, Ronaldo Andrade demonstrou insatisfação pelo longo período até essa decisão final. Mas disse nunca ter deixado de ter fé e acreditar que a justiça fosse feita.

“Nesse período de 13 anos praticamente, que ele ficou só alguns meses apreendido, quem ficou recluso fui eu. Eu que fiquei nessa situação toda, correndo atrás da Justiça. Infelizmente, a nossa Justiça é um pouco morosa mesmo. Mas eu nunca deixei de acreditar. Sempre tive fé em Deus e na nossa Justiça, que é o que temos de recurso no momento”, contou.

O cabeleireiro também mostrou alívio pela decisão da Justiça sobre o homem que causou o acidente que matou a mulher e os dois filhos. Segundo Ronaldo, a pena para Dondoni não é suficiente, mas que ele pague pelo que foi determinado.

“Graças a Deus, nossa Justiça tarda, mas não falha. Saiu agora a condenação dele que já tinha sido feita, mas não tinha sido cumprida. Nesse momento agora, graças a Deus, ele vai pagar pelo que fez. E deixa a gente um pouco mais aliviado, porque trazer de volta a minha família não vai ser possível. Mas eu me sinto aliviado por ele pagar o que fez. Eu acho que é pouco ainda, mas se é o que a Justiça determinou, que seja cumprido”, completou.

Errata Atualização
8 de julho de 2021 às 18:14

A Secretaria de Justiça do Espírito Santo e o TJES enviaram nota sobre o caso. O texto foi atualizado.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais