O início do poema escrito para Cristina Melo do Rosário, de 34 anos, assassinada a facadas pelo marido, Eduardo Cruz da Silva, na frente das duas filhas, de 8 e 11 anos de idade, mostra um pouco do sentimento de tristeza e revolta que o crime provocou em amigos e familiares. Cristina foi morta em Porto de Santana, Cariacica, na madrugada do último domingo (01). Um dia depois, na última segunda-feira (02), alunas da Escola Técnica em que a vítima estudava fizeram homenagens à amiga assassinada.
O caminho feito até a sala de aula, a porta suja de vermelho e com pedido de socorro, a cadeira vazia com uma rosa vermelha. Essas foram algumas formas de mostrar o vazio que a perda de Cristina provocou nas amigas, além de uma tentativa de alertar outras vítimas de violência doméstica.
Amiga de Cristina, a estudante Tatiane Silva, de 24 anos, contou que o crime comoveu a turma de Técnico em Enfermagem que a vítima estudava. A segunda-feira foi atípica: a prova agendada foi substituída por uma aula de Psicologia. O intervalo foi marcado por um minuto de silêncio. Já os alunos fizeram o acordo de que ninguém irá sentar na cadeira em que Cristina estudava até o fim do curso, em abril de 2020.
Nós sempre esperamos que alguns dos que começaram com a gente, não irão até o fim, mesmo a gente não gostando muito da ideia. Mas gostamos ainda menos da ideia de como a Cris se foi, na verdade, odiamos. E odiamos de muito pontos diferentes:
Odiamos ela ter deixado a gente;
Odiamos a ideia de que suas filhas terão de seguir seus caminhos sem ela e da maneira mais dolorosa possível;
Também odiamos o marido por ter feito o que fez;
E com certeza odiamos a dor da sua partida;
Mas odiamos ainda mais a sua dor nos últimos momentos em que deixava a gente;
Mas quando eu parei para ver parte da turma unida só para vê-la, e se despedir, pude ver um brilho em meio à tanto ódio, a escuridão que estava tomando nosso peito, esse brilho é essência dela. Não se tratava de ódio, não naquele momento, aquele tempo era só ela, dela e para ela.
E essa é a Cris. Cris não é ódio, nunca trouxe isso pra gente. Ela trouxe diversão, um lindo exemplo do que significa parceria ostentando sua irmandade com a Elis.
Ela trouxe força, porque toda mãe precisa ser forte, ela trouxe responsabilidade por mostrar ser tão organizada ainda com tanta responsabilidade e deveres fora daqui. Alguns deles até dolorosos.
E eu tenho certeza que não é o ódio que a Cris gostaria de nos ver levando até o fim dessa jornada, até porque não foi isso que ela ensinou pra gente.
Pode descansar em paz de toda a dor daqui. Pois você merece isso, merece descansar de ser tão forte o tempo todo. E nós, como equipe, temos o dever honrar o que você foi pra gente.
A Cris me ajudou a ver que a vida é um presente que nós precisamos valorizar, e obrigada por ter dividido o seu presente com a gente, a sua vida com a gente... E que hoje é só uma lembrança! Mas o meu desejo hoje é que essas lembranças fiquem marcadas em nossos corações, para que levemos como amor, como alegria e, principalmente, como lição.
Mais uma mulher foi morta pelo companheiro no Espírito Santo. Desta vez, o crime ocorreu em Porto de Santana, em Cariacica, na madrugada do último domingo (01), por volta das 4h30. A vítima, identificada como Cristina Melo do Rosário, de 34 anos, foi assassinada a facadas pelo marido, Eduardo Cruz da Silva, na frente das duas filhas, de 8 e 11 anos de idade. O casal estava junto há cerca de 15 anos.
A motivação do crime seria os ciúmes constante do marido em relação à esposa. De acordo com vizinhos, as brigas entre o casal eram constantes e o homem já havia agredido a companheira outras vezes. Na madruga deste domingo (01), uma vizinha acordou depois de ouvir o grito de socorro das crianças.
Após presenciar o desespero das crianças, a vizinha parou um carro que passava pela rua para pedir ajuda. Dentro veículo estavam três rapazes, que voltavam de uma festa. O grupo foi até a casa, arrombou a porta e conseguiu salvar as crianças.
O cortador de roupas, Leonardo Fernandes, era um dos homens que estavam no carro e ajudou a socorrer as duas crianças. Segundo ele, quando o grupo chegou até a casa, já não era mais possível salvar a mãe.
O cortador de roupas contou ainda que a filha mais nova de Cristina, de 8 anos, chegou a entrar na frente do pai para tentar impedir que a mãe continuasse sendo agredida.
Populares conseguiram segurar o agressor até a chegada da polícia. Ele foi levado para o Departamento Especializado em Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Vitória, onde prestou depoimento. Além das duas filhas que presenciaram o crime, Cristina era mãe de uma outra jovem, de 17 anos, de outro relacionamento.
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