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Farmacêutico no ES que vender reuquinol sem receita pode perder registro

Farmacêutico no ES que vender reuquinol sem receita pode perder registro

O remédio está sumindo das farmácias do Espírito Santo desde que o presidente americano, Donald Trump, disse que a hidroxicloroquina, princípio ativo desse medicamento, pode ter eficácia contra o coronavírus

Publicado em 20 de março de 2020 às 15:42

Coronavírus (covid-19) Crédito: CDC/ Unsplash

Conselho Regional de Farmácia do Espírito Santo (CRF-ES) pode punir farmacêuticos que venderem o Reuquinol sem receita médica. O remédio está sumindo das farmácias do Espírito Santo desde que o presidente americano, Donald Trump, disse que a hidroxicloroquina, princípio ativo desse medicamento, pode ter eficácia contra o coronavírus.

Segundo o presidente do CRF-ES, Luiz Carlos Cavalcanti, a punição pode ir desde uma advertência até a suspensão do registro profissional. “O momento é de conscientizar as pessoas, mas outras medidas poderão ser tomadas. Precisamos controlar a venda do medicamento para que não falte a quem precisa. Algumas distribuidoras já pararam de ofertá-lo para as farmácias”, esclareceu.

O Requinol é um medicamento de tarja vermelha, por isso, precisa de receita médica. No entanto, como a receita não precisa ficar retida na farmácia, algumas pessoas estão conseguindo comprá-lo sem prescrição médica. Atualmente, o medicamento é usado para pacientes que fazem tratamento de artrite, lúpus e doenças autoimunes.

ESTUDOS NÃO SÃO CONCLUSIVOS

Cavalcanti acrescenta que não há estudo conclusivo que comprova o uso desse medicamento para o tratamento da doença. Por isso, ele recomenda que o fármaco não seja usado para esse objetivo porque está acabando nas farmácias. “O medicamento pode trazer vários efeitos colaterais como perda da visão e lesões da medula óssea. Ele tem reações adversas e não tem garantia de que pode prevenir o contágio”, contou.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu comunicado alertando sobre o uso das substâncias hidroxicloroquina e cloroquina. Segundo o órgão, não há estudos conclusivos que comprovam a eficiência desses medicamentos para o tratamento do coronavírus. "Assim, não há recomendação da Anvisa, no momento, para uso em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação". A Anvisa destaca ainda que a automedicação pode representar um grande risco para a saúde.

Anvisa alerta sobre uso de medicamentos hidroxicloroquina e cloroquina Crédito: Reprodução/Anvisa

O médico intensivista e professor de medicina Adenilton Rampinelli acrescenta que também não há recomendação do Ministério da Saúde contra o Covid-19 e aconselha que as pessoas não façam seu uso com esse objetivo. Para ele, a forma mais eficaz de prevenção continua sendo o isolamento, ou seja, evitar contato com o máximo de pessoas, ficando em casa. "Diante de uma pandemia, o mais importante é a mudança de comportamento e aderir ao isolamento social”, concluiu.

Segundo Adenilton, estão sendo desenvolvidas pesquisas na China e na França que mostram o benefício da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes graves de Covid-19, mas ainda não há nada conclusivo sobre sua eficácia na prevenção e no tratamento desses pacientes.

“O remédio é usado para o tratamento da malária desde os anos 1930. E também se mostrou eficaz contra a Sars, uma doença respiratória aguda que ocorreu no Oriente Médio. Mas não há nada conclusivo sobre sua eficácia contra a Covid-19”, explicou.

Ele acrescentou que um estudo publicado por cientistas chineses na revista científica Nature mostra que o medicamento se mostrou capaz de inibir a infecção porque muda o PH da célula e evita que o vírus passe para outra.

Outro estudo feito na França publicado no periódico científico International Journal of Antimicrobial Agents mostra também um resultado positivo. Nesse estudo, o uso do medicamento foi feito associado ao antibiótico azitromicina.

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