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Produtos mais procurados na pandemia ficaram mais caros na Grande Vitória

Produtos mais procurados na pandemia ficaram mais caros na Grande Vitória

O conjunto de produtos de TV, som e informática teve alta de 15%, cinco vezes maior que a inflação da região metropolitana no acumulado do ano

Publicado em 6 de novembro de 2020 às 20:05

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Data: 11/05/2020 - ES - Vila Velha - Clientes fazendo compras na lojas Sipolatti, em Vila Velha - Editoria: Cidades - Foto: Ricardo Medeiros - GZ
Clientes fazem compras em loja de Vila Velha. Data: 11/05/2020. (Ricardo Medeiros)

A pandemia de coronavírus desencadeou uma mudança no padrão de consumo dos capixabas. Um dos reflexos dessa mudança aparece nos dados da inflação. Dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados nesta sexta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que produtos relacionados à casa e ao conforto das pessoas tiveram alta significativa entre janeiro e outubro deste ano. Enquanto isso, o preço de serviços ligados a educação e transportes, setores fortemente impactados pelas regras de distanciamento social, caíram. 

O conjunto de produtos de TV, som e informática teve alta de 15%, cinco vezes maior que a inflação da Grande Vitória no acumulado do ano, que foi de 2,68%.  O tijolo é outro exemplo. Muita gente aproveitou o tempo em casa para fazer pequenas reformas. Com isso, o preço desse produto subiu 28,25% desde o início do ano, cerca de 10 vezes mais do que o índice de inflação no período.

Com o aumento da demanda, as lojas que comercializam esses produtos faturaram alto. Em junho, mês de maior alta nesse setor, as vendas subiram mais de 91% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

O presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio), José Lino Sepulcri, explica que a alta dos preços também foi provocada por uma escassez dos produtos nas prateleiras. A redução na produção industrial fez os estoques das lojas baixarem. Com menos produto disponível e mais gente comprando, o preço sobe.

"A procura tornou-se mais constante. Não havendo muita oferta de determinados produtos, consequentemente houve os aumentos que não estavam previstos. Houve um desabastecimento da matéria-prima para os fabricantes, e faltou planejamento de reabastecimento dos estoques. Ficamos, de março até agosto, praticamente imobilizados porque a economia estagnou. Com isso, faltou e ainda estão faltando muitos produtos no mercado", aponta.

Esse desabastecimento afetou alguns itens em especial, como é o caso dos pneus e do tecido. Nesses casos, mesmo sem a pressão da demanda, o preço subiu porque faltou produto, segundo Sepulcri.

TV, COMPUTADOR E ROUPA DE CAMA

Outro grupo que chama a atenção é o dos eletrônicos. Quem passou mais tempo em casa também aproveitou para dar um "upgrade" nos equipamentos como televisão e computador pessoal. O preço desses produtos cresceu 20,4% e 8,1%, respectivamente. Quem não investiu em um novo, consertou o antigo. O valor cobrado por reparos de aparelhos celulares subiu 9,4%.

Muitos itens relacionados ao conforto no lar também aparecem entre aqueles cujos preços cresceram bem acima de inflação do período. Alguns exemplos são roupas de cama (+ 11,2%), ar-condicionado (10,5%) e fogão (12,58%).

O economista Eduardo Araújo lembra que não foi só o aumento do consumo que fez disparar o preço desses produtos. A variação cambial também teve grande influência, já que muitos deles são importados ou fabricados com peças que são comercializadas em dólar.

"Tem outros produtos importados ou com componentes importados que tiveram alta (como computador, TVs, bicicletas,  pneus...) que se explicam pela apreciação de cerca de 35% do dólar frente ao real até outubro", disse.

TRANSPORTE E EDUCAÇÃO FICARAM MAIS BARATOS

Na outra ponta da tabela, os dados também revelam os produtos e serviços que os capixabas deixaram de usar ou consumir durante a pandemia.

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"É o caso das passagens áreas e de ônibus interestadual, influenciados pela redução do fluxo de visitantes.  Ou também aqueles itens de menor utilização (como vestuário, calçados...) prejudicados pela mudança de comportamento do consumidor, frequentando menos ambientes sociais ou mesmo pelo teletrabalho. Há ainda o caso de serviços que tiveram restrição para funcionamento, como escolas e creches. Esses tiveram que rever contratos, com redução de preços", explica o economista.

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