> >
13º salário vai injetar R$ 3,8 bilhões na economia do ES

13º salário vai injetar R$ 3,8 bilhões na economia do ES

Montante é 5% menor que o do ano passado, mas expectativas com intenção de consumo das famílias são positivas para o comércio, que já prevê a contratação de 2 mil

Publicado em 30 de outubro de 2020 às 20:53

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
O salário mínimo para o próximo ano ficará em R$ 1.031
13º salário vai injetar R$ 3,8 bi na economia do ES. (Agencia Brasil)

A economia capixaba será impactada com a injeção de R$ 3,8 bilhões do 13º salário dos trabalhadores com carteira assinada. Esse valor é uma estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), e o montante representa 2% do que será injetado em toda economia brasileira, que corresponde a R$ 208 bilhões.

O valor é 5% menor em relação ao ano passado. Mas, mesmo com essa redução, a expectativa do setor de bens de consumo e serviços do Estado é positiva. Tanto que o comércio prevê a abertura de 2 mil vagas de emprego para o fim do ano, já projetando um aumento nas vendas.

Em um ano de grandes perdas para o setor, devido à pandemia do novo coronavírus, com lojas fechadas por meses, queda nas vendas e desemprego, a expectativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES) é positiva, com a proximidade do fim de ano, já que a intenção de consumo das famílias tem aumentado gradativamente, acompanhando a recuperação do mercado de trabalho.

Essa recuperação vem sendo impulsionada, justamente, pelos setores de comércio e serviços. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados na quinta-feira (29), apontam que, pelo terceiro mês consecutivo, o Espírito Santo registrou saldo positivo na balança do emprego. Em setembro foram criadas 6,9 mil vagas com carteira assinada no Estado, sendo quase 4 mil postos de trabalho nessas duas áreas.

A avaliação da Fecomércio é que, mesmo em um ano atípico, não houve explosão negativa do endividamento e da inadimplência dos capixabas, após o período de isolamento social. Segundo a federação, somente nos meses de agosto e setembro, houve uma melhora significativa nas vendas e no índice de confiança do consumidor, que chegou à casa dos 108 pontos em outubro, um aumento de 100% em relação aos meses anteriores.

Aspas de citação

A expectativa com relação ao recebimento do décimo terceiro salário é positiva, porque nós ficamos seis meses em situação constrangedora. Mas, nos últimos meses, tivemos um aumento nas vendas e o sentimento é de otimismo, inclusive com relação ao índice de confiança do setor junto à população. O pessimismo que atingiu a classe empresarial é coisa do passado

José Lino Sepulcri
Presidente da Fecomércio-ES
Aspas de citação

Na avaliação do economista e professor Antônio Marcus Machado, mesmo com o recuo em 5% no abono com relação ao ano passado, a tendência é que o montante seja investido no comércio local, o que é muito importante para o fortalecimento setor.

“A tendência do dinheiro do décimo terceiro é ser investido nos segmentos comerciais e de produtos e serviços. Esses nichos de mercado são o ponto forte do Espírito Santo e o impacto será positivo não só para o comércio, como também para os trabalhadores informais, de maneira indireta”, ressalta.

O impacto do 13º salário no comércio é visto como positivo também para a geração de novas oportunidades de emprego. Segundo José Lino, a previsão é de 2 mil novas frentes de trabalho temporário. “Já agora, com a Black Friday (em novembro) e o mês de dezembro, que sempre foi o melhor mês para o comércio, estamos otimistas, inclusive para o número de empregos que serão gerados", afirma.

QUEDA POR CONTA DO DESEMPREGO E DA SUSPENSÃO DE CONTRATOS

O valor extra no contracheque pode ser pago em duas parcelas: a primeira até o dia 30 de novembro e a segunda até 20 de dezembro.

De acordo com a Fecomércio-ES, o recuo de 5% em relação ao ano passado está relacionado à queda da atividade econômica e seus efeitos no mercado de trabalho, como, por exemplo, o alto índice de desemprego, o trabalho informal e o aumento do número de microempreendedores individuais.

Ainda segundo a federação, essa diminuição também se deu pelos efeitos da Medida Provisória nº 936, do governo federal, aprovada em abril e prorrogada até o final deste ano. A MP regulamentou a redução da jornada de trabalho proporcional ao salário, em até 70%, e a suspensão temporária do contrato de trabalho como forma de preservar os empregos.

No Espírito Santo foram firmados 333 mil acordos do tipo entre patrões e empregados, segundo dados do Ministério da Economia. Dentre eles, 150 mil foram de suspensão do contrato e 70 mil, de redução da jornada e salário em 70%. Ao todo, os acordos atingiram 179 mil trabalhadores – já que um trabalhador pode ter assinado mais de um acordo.

Com isso, o valor a ser pago pelas empresas poderá ser afetado. Isso porque, a MP não especificou como ficaria esse cálculo e, segundo a CLT, o benefício é proporcional aos meses trabalhados. No entanto, não há um consenso. Tanto que o Ministério da Economia informou, recentemente, ter o entendimento que o valor deve ser pago de forma integral.

Temendo uma onda de judicialização sobre o tema, o ministério, por meio da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, enviou neste mês uma consulta à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), sobre como deve ser feito o pagamento do abono de Natal a esses trabalhadores.  O resultado dessa consulta, no entanto, ainda não foi divulgado.

*Mônica Moreira é aluna do 23° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, sob supervisão da editora de Economia Mikaella Campos.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais